Protestar é válido e as redes sociais têm sido um dos principais meios para isso. Recentemente, a mídia divulgou bastante o desafio do balde de gelo, criado para conscientizar a população sobre a esclerose lateral amiotrófica, e o desafio sem make, com mulheres sem maquiagem para mostrar suas belezas naturais. A moda, agora, é o desafio "da abelha". O objetivo, segundo a página oficial criada no Facebook, é convocar as mulheres a usar o sutiã nos olhos – para parecer uma abelha e preservar a identidade – e mostrar o busto com o intuito de "esfregar os seios na cara dos moralistas".

Para a psicanalista Mariana Furtado Vidigal, como o predomínio da comunicação pela imagem é o ponto mais forte da atualidade, os jovens estão se manifestando por esse meio, mas sem questionar muito as consequências da superexposição. "A questão é saber se eles estão preparados para lidar com isso. Já tive experiência em meu consultório com esse tipo de comportamento e, muitas vezes, as repostas das redes sociais podem ser devastadoras. As pessoas agem sob a proteção de um 'suposto' anonimato promovido pela internet, mas quando a vida real atinge a virtual, fica mais complicado lidar com a situação. No mundo virtual 'tudo' é permitido, e na vida real, as consequências são 'paupáveis'", explica. Ela lembra ainda que o questionamento dos jovens sobre o moralismo sempre existiu, e cada geração tinha seu próprio movimento: por exemplo, o festival Woodstock, em 1969, e os grupos de combate à ditadura militar no Brasil na década de 1970.
Sobre as questões legais que envolvem o ato de se exibir nas redes sociais de forma mais sensual, o advogado Geraldo Vieira, diretor do Grupo GV, explica que a partir do momento em que a própria pessoa tirou a foto e a publicou nas redes sociais, não há como tentar limitar o acesso à imagem: "Só é válido o pedido de retirada da imagem ou a abertura de processo se não for a própria pessoa que postou a foto. Por exemplo, quando algum ex-namorado tenta se vingar da garota e divulga fotos dela nua, cabe acionar a justiuça".