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Estado de Minas CIDADE

Você conhece Lacarmélio, o ilustrador das ruas de BH?

Ele é responsável pelo herói Celton, e é figura conhecida de quem passa por avenidas e ruas da capital mineira, no seu típico traje amarelo


postado em 09/02/2015 13:30

Lacarmélio Alfêo de Araújo é o autor das revistas em quadrinho Celton, famosas por serem vendidas nas ruas de BH(foto: Vimeo/Reprodução)
Lacarmélio Alfêo de Araújo é o autor das revistas em quadrinho Celton, famosas por serem vendidas nas ruas de BH (foto: Vimeo/Reprodução)
O silêncio da noite é interrompido pelas sirenes policiais que soam distante. Nem sempre é possível saber o que movimenta a noite em Belo Horizonte. A única certeza é a de que, independentemente da circunstância, a cidade pode dormir tranquila. Afinal, o super-herói da capital está sempre pronto para nos defender. Seu nome é Celton.

Ele já foi cientista e até se chamou Homem-Felino. Mas, hoje, o protagonista das grandes missões na metrópole de "Bêlo City" é um mecânico cujos poderes, impressionante força física e velocidade acima do normal, ficam em segundo plano. Diferente dos heróis comuns, Celton evita confusões e, com toda a cordialidade que sua origem mineira lhe proporciona, procura sempre as melhores soluções para os problemas que atormentam os seus protegidos.

Celton também é Lacarmélio. Seu uniforme extravagante, na maioria das vezes um terno amarelo, chama a atenção de todos que conseguem flagrá-lo no trânsito engarrafado. O bravo guerreiro está sempre com sua bandeira empunhada. Nos dizeres do estandarte, letras garrafais anunciam sua causa: "Estou vendendo as revistinhas que eu mesmo fiz. R$ 2". E, assim, criador e criatura confundem a própria história. Ou seria estória?

Aos seis anos de idade, o menino nascido em Inhapim, região leste de Minas, já dava sinais de sua paixão pelas histórias em quadrinhos. Morava em Itabirinha de Mantena quando a família decidiu se mudar para a capital. Aos 13 anos já trabalhava como vendedor de mexerica. Foi ainda engraxate e, aos poucos, despertava o dom de conquistar os clientes nas ruas – entre um sapato lustrado e outro, o adolescente apresentava um personagem criado por ele mesmo. Os desenhos ganhavam mais sentido e expressão a cada roteiro produzido. Até que chegou o momento em que Lacarmélio sentiu que estava na hora de dar mais visibilidade ao seu herói.

Nas revistinhas de Celton, é comum encontrar personagens típicos de Belo Horizonte, muito humor e lendas urbanas(foto: Flickr/PBH/Reprodução)
Nas revistinhas de Celton, é comum encontrar personagens típicos de Belo Horizonte, muito humor e lendas urbanas (foto: Flickr/PBH/Reprodução)


Nenhuma editora quis apostar nas aventuras de Celton, nem mesmo em São Paulo. Certo de que poderia emplacar suas histórias, tentou a produção independente e convenceu a mãe a pegar um empréstimo no banco para financiar seu sonho. No entanto, as vendas da publicação nas bancas da cidade não foram suficientes. Foi quando resolveu investir naquele talento despertado lá na adolescência e passou, ele mesmo, a vender suas produções. E ele deixou o país, em direção aos Estados Unidos, a terra da livre iniciativa.

Os seis meses em Nova Iorque foram longos, mas determinantes para a mudança que ocorreria na trajetória desse brasileiro. "Certo dia, parei numa banca de revistas e vi vários heróis nos quadrinhos. Cada um deles representava, de certa forma, o lugar onde morava. E pensei: quem representa minha cidade, meu país?". Quando voltou ao Brasil, trouxe na bagagem a ideia de lançar seu trabalho no cenário da linda Belo Horizonte.

Celton então ganhou mais que uma causa, conquistou leitores. Resultado de um imenso levantamento sobre a região metropolitana, o herói brasileiro se tornou um típico belo-horizontino. Seus surpreendentes desafios se passavam agora na avenida Afonso Pena, Praça Sete, Mineirão etc. Quem comprava a revista levava, também, um pouco da história da cidade com suas peculiaridades e folclores. Até mesmo lendas urbanas, como "Loira do Bonfim" e "Capeta do Vilarinho", ficaram ainda mais atraentes para o imaginário público depois que receberam os traços de Lacarmélio e a participação de Celton. Há quem pense até que assim surgiram essas estórias. O fato é que o suspense em torno delas na capital mineira gera burburinhos, que sobrevivem há muitas gerações.  

Quem desenha, escreve, produz e vende a revistinha mais famosa de BH é o próprio autor, Lacarmélio Alfêo de Araújo. Motoristas de táxi, de ônibus ou de carros particulares, motociclistas, pedestres, passageiros e guardas, todos são clientes de sua "loja", chamada "Trânsito Lento". Algumas edições logicamente fazem mais sucesso que outras. E, por isso, são publicadas novamente.

(com assessoria da PBH e Belotur)

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