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Estado de Minas AQUACULTURA

Que tal ter um colar de pérolas totalmente feito em Minas?

Pesquisa feita por mineiro pretende introduzir o cultivo de moluscos no estado, visando especificamente a produção das valiosas pérolas


postado em 31/03/2015 16:41

As pérolas se formam nas ostras devido a uma ação de defesa do animal, que deposita uma substância chamada nácar sobre os elementos 'invasores'(foto: Facebook/Avulsos Malacológicos AM/Reprodução)
As pérolas se formam nas ostras devido a uma ação de defesa do animal, que deposita uma substância chamada nácar sobre os elementos 'invasores' (foto: Facebook/Avulsos Malacológicos AM/Reprodução)
Clássicas, delicadas e elegantes. Objetos de desejo das mulheres, as pérolas dão um toque de romantismo ao visual. A estrutura de origem orgânica é resultado de uma reação natural de moluscos contra invasores externos. Certos parasitas que procuram reproduzir-se no interior dos invertebrados perfuram a concha e se alojam no manto, uma fina camada de tecido que protege as vísceras do animal. Como forma de defesa, o molusco ataca o invasor com uma substância chamada nácar. Depositada sobre o intruso, ela começa a se cristalizar, formando a pérola. A pequena bolota rígida usada nas joalherias, normalmente, é importada de mercados internacionais, mas, pesquisadores já estudam a possibilidade de produzir pérolas no Brasil e até mesmo em Minas Gerais.

Essa é a ideia de Carlos Magno de Lima e Silva, pesquisador em oceanografia que, recentemente, vem desenvolvendo estudos sobre pérolas. "Estou lidando com a proposta de produzir pérolas em Minas Gerais como uma possibilidade diferente, inovadora e criativa, que pode ser estimulante para mim, por ter nascido neste estado, cuja história envolve diversas gemas preciosas. Além disso, as pérolas são gemas orgânicas que podem ser produzidas a partir de aplicação tecnológica em larga escala e podem beneficiar inúmeros aquicultores em Minas", comenta Carlos.

Durante visita á cidade de Penha, localizada no litoral de Santa Catarina, o pesquisador mineiro quase quebrou o dente ao comer um mexilhão. Após morder a "pedrinha", ele se interessou pela produção de pérola a partir desse molusco. Em 2012, ele desenvolveu um projeto de pesquisa visando a espécie de mexilhão Perna perna, que é amplamente cultivado, mas cuja produção de pérola ainda não foi incentivada. O estudo foi certificado e reconhecido pelo Gemological Institute of America, instituição norte-americana que estuda pérolas e pedras preciosas.

"A produção de pérolas no Brasil ainda está no campo da pesquisa. Estou relacionando espécies com potencial para produção em Minas Gerais, assim como em outros locais do país. Existem diversas espécies nativas com características boas para a produção de pérolas, devido ao nácar produzido pelas conchas e pelo tamanho dos moluscos. Eu foco nas pérolas como uma atividade que pode ser cultivada com tecnologia", explica Carlos Magno.

O pesquisador vem mapeando, por conta própria, a ocorrência de moluscos de água doce em Minas Gerais. Ele afirma ter encontrado espécies em potencial nas bacias do rio Grande, rio Paranaíba e rio Doce. "Estou buscando apoio para a continuidade da pesquisa. Provavelmente poderá ter a participação da Epamig [Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais] e Emater [Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural]. A Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] já está fazendo o mapeamento genético de algumas espécies, assim como no instituto Hidroex, que fica em Frutal, na região do Alto Paranaíba, em Minas. Mas, ainda se resumem aos primeiros contatos", admite Carlos.

Segundo o proprietário da joalheria Manoel Bernardes, as pérolas usadas por eles são provenientes de Hong Kong, e uma possível produção em Minas iria favorecer o mercado(foto: Pixabay)
Segundo o proprietário da joalheria Manoel Bernardes, as pérolas usadas por eles são provenientes de Hong Kong, e uma possível produção em Minas iria favorecer o mercado (foto: Pixabay)


Mercado mineiro agradece

Apesar da produção de pérolas ainda estar no campo da pesquisa, as joalherias mineiras veem com bons olhos essa possibilidade. O empresário Manoel Bernardes, dono da joalheria Manoel Bernardes, não pensa diferente. "Não temos informações técnicas que nos permitam avaliar a viabilidade do cultivo de pérolas de água doce em Minas Gerais. No entanto, considero que, se concretizada a proposta, a indústria reagiria de forma bastante positiva, criando mais modelos e com uma esperada redução no preço final", comenta o empresário.

O Japão é um dos maiores produtores de pérolas do mundo. A China também aparece como grande potencial na área, principalmente em relação ao cultivo de água doce, que é a base das pérolas usadas na produção industrial de joias. Segundo Manoel Bernardes, Filipinas e Thaiti são outros importantes mercados dp tipo South Sea, que se desenvolvem em ostras que têm uma capacidade de produzir pérolas de maior tamanho.

O empresário conta que adquire as joias do mercado asiático. "A Manoel Bernardes importa suas pérolas diretamente de produtores em Hong Kong, de maneira a oferecer joias com cores variadas dos produtos, bem como com formas exóticas, além das famosas pérolas barrocas. Isso nos permite uma variedade interessante de modelos, com uma gama diversificada de preços. A nossa proposta é criar joias de pérolas atemporais, mas com um design mais contemporâneo e com uma oferta diversificada no quesito preço", conta Manoel.

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