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Estado de Minas HISTÓRIA

Cineasta quer mostrar a verdadeira história de Chica da Silva

O corpo da escrava que viveu em Minas Gerais no século XVIII foi exumado para ajudar no processo de produção de um documentário, que deve ser lançado em 2017


postado em 16/02/2016 08:27

A atriz Zezé Motta ficou marcada pela interpretação da escrava mineira Chica da Silva no filme dirigido por Cacá Diegues em 1976(foto: Terra Filme/Embrafilme/Reprodução)
A atriz Zezé Motta ficou marcada pela interpretação da escrava mineira Chica da Silva no filme dirigido por Cacá Diegues em 1976 (foto: Terra Filme/Embrafilme/Reprodução)
A verdadeira história de vida de Chica da Silva (escrito assim mesmo, com 'CH') deve ser conhecida pelos brasileiros em breve. É o que promete a cineasta paulista Rosi Young, que está produzindo o documentário A Rainha das Américas, sobre a escrava mais famosa da história do Brasil. "O que já foi retratado em livros e filmes, é sobre a Xica da Silva, com X. O que não reflete a verdadeira história da escrava chamada Francisca da Silva de Oliveira, que viveu em Diamantina", afirma a cineasta.

Rosi Young contratou o casal americano de cientistas forenses Anthony e Catyana Falsetti para exumar e estudar os restos mortais de Chica da Silva – que repousam no cemitério da Igreja de São Francisco de Assis, localizado na cidade histórica mineira de Diamantina, região norte do estado. O processo de exumação foi realizado no fim de 2015 e os resultados devem ser conhecidos ainda em 2016.

A cineasta explica que a análise dos restos mortais trará dados importantes sobre a lendária escrava, como altura, peso e até um mapeamento genético que poderá indicar os antepassados africanos dela. "Já temos um desenho do rosto de Chica, baseado em seu crânio, e ela é linda!", adianta Rosi Young.

Em maio de 2016, juntamente com a equipe de filmagem, ela fará uma viagem a Portugal para mais uma parte do processo de produção do documentário. A intenção é exumar o corpo de João Fernandes de Oliveira, que manteve um relacionamento amoroso de 16 anos com Chica da Silva. Ele deixou uma rica herança para ela: os 13 filhos e uma grande fortuna com a qual a escrava comprou a própria liberdade. Rosi Young quer enterrar os restos mortais do português junto à sua amada, em Diamantina.

O roteiro do documentário está sendo construído pela atriz Zezé Motta, que interpretou a famosa escrava no filme Xica da Silva, de 1976. Quem também fez o papel da célebre mineira é Taís Araújo, na polêmica novela Xica da Silva, exibida pela extinta Rede Manchete em 1996. "Vamos, enfim, conhecer a vida real dessa mulher, que sobreviveu à brutalidade da escravidão e ao preconceito racial para viver um grande amor, que a tornou eternamente conhecida como a escrava que era a rainha das Américas no século XVIII", diz a cineasta paulista Rosi Young.
Imagem do museu Chica da Silva, em Diamantina, que também foi a residência da famosa escrava(foto: Luara Veloso/Blogmonvoyage.wordpress.com/Reprodução)
Imagem do museu Chica da Silva, em Diamantina, que também foi a residência da famosa escrava (foto: Luara Veloso/Blogmonvoyage.wordpress.com/Reprodução)


O mito

A vida da escrava Chica da Silva foi retratada em diversos livros e filmes. A publicação Memórias do Distrito de Diamantina, escrita no século XIX por Joaquim Felício dos Santos, é apontada como o primeiro relato da história da escrava mineira, e também seria responsável pelas interpretações equivocadas acerca de sua vida.

A partir dos relatos de Joaquim Felício, Chica da Silva passou a ser retratada como uma mulher promíscua e perversa. Segundo a cineasta Rosi Young, até mesmo livros acadêmicos possuem poucas informações sobre a escrava. Por isso o documentário A Rainha das Américas quer desmistificar Chica da Silva. "A intenção não é recontar a história dela, mas mostrar que sua vida é muito mais bela e rica do que a ficção nos mostrou até hoje", explica Rosi Young.

Homenagem

A cineasta paulista pretende, ainda, encerrar seu projeto com "chave de ouro". A ideia é erguer uma escultura em homenagem à memória de Chica da Silva na cidade onde ela viveu. O primeiro passo já foi dado: a autorização para a construção já foi concedida à equipe de Rosi Young, pelo prefeito da cidade mineira, Paulo Célio (PSDB).
A atriz Taís Araújo (dir.) também se tornou um rosto de Chica da Silva, ao interpretá-la na novela que foi exibida pela extinta Manchete em 1996(foto: YouTube/Rede Manchete/Reprodução)
A atriz Taís Araújo (dir.) também se tornou um rosto de Chica da Silva, ao interpretá-la na novela que foi exibida pela extinta Manchete em 1996 (foto: YouTube/Rede Manchete/Reprodução)

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