
Um exemplo é a cadela Ciça, de 3 anos, que está em tratamento no hospital universitário da Universidade Luterana do Brasil para a terceira dose da injeção de células-tronco. Apesar de certa dificuldade, ela já conseguiu correr para interagir com outros cachorros e mesmo com seu dono, Rafael Francisco de Jesus. Porém, há menos de dois meses, o quadro era outro. "Antes de iniciar o tratamento com as células, a Ciça não conseguia se manter em pé. Para andar, precisava se arrastar. Ela ficou muito triste e quieta. Chorava bastante. Até para defecar tinha dificuldade, já que acabava ficando em cima das próprias fezes", relata Rafael.
De acordo com a veterinária Luisa de Macedo Braga, da CellVet Medicina Veterinária Regenerativa, o que aconteceu com a Ciça também acomete outros cachorros, já que o vírus da cinomose possui um grau elevadíssimo de contágio e pode sobreviver no ambiente por um longo período de tempo. A doença atinge vários órgãos e, em geral, deixa sequelas neurológicas que podem incapacitar a vida do animal e que são difíceis de tratar. "Com as células-tronco, muitos desses animais já estão sendo curados e readaptados. Elas são capazes de reconstruir os tecidos do organismo, protegendo o sistema nervoso dos efeitos da infecção viral. O grau de recuperação varia conforme a idade do animal, o tempo decorrido desde a infecção e a gravidade das sequelas", explica Luisa Braga.
Na terapia inovadora, são coletadas células-tronco do tecido adiposo do animal a ser tratado, ou de outro cão da mesma raça. O material é preparado e depois injetado no paciente.
A cadela Ciça não parecia incomodada enquanto recebia a terceira dose da injeção celular e quase adormeceu apoiada nos braços do dono. As células foram aplicadas pela veterinária por meio da veia da pata do animal, juntamente com soro. A aplicação durou cerca de cinco minutos e logo que acabou, o cão voltou caminhando para casa. "Percebo a Ciça mais feliz e disposta, principalmente para andar, brincar e comer", comemora Rafael, o dono da Ciça.