.
Em cerimônia na Praça Tiradentes na noite desta quinta-feira (26), durante a abertura da mostra, a atriz recebeu o troféu Vila Rica das mãos do filho, João Antônio, que é cineasta, e da diretora Anna Muylaert, uma das principais diretoras do país, responsável por obras como "Durval Discos" e "Que Horas Ela Volta?". Na mesma noite, o professor João Luiz Vieira recebeu o Prêmio Preservação e a socióloga e educadora Maria Angélica dos Santos o Prêmio Cinema e Educação.
Em conversa mais cedo com jornalistas, pesquisadores e estudantes, no Centro de Convenções da UFOP, Marisa Orth levantou o moral da sua arte e não deixou por menos: “O cinema de comédia neste país sempre renasce. Danem-se os prêmios. Não discuto filosoficamente o que é melhor - drama ou comédia. Mas se você é engraçado, não tenha vergonha disso.”
Com programação presencial e online, a CineOP celebra, nesta edição histórica, o humor das mulheres no cinema brasileiro. “Fico feliz, acho que fui muito vitoriosa no caminho que escolhi”, afirma a multifacetada atriz, que transita entre o cômico e dramático, o teatro, a TV e o cinema. Marisa celebra grandes atrizes que, como ela, percorreram os diversos gêneros como Marília Pêra e Regina Casé.
No entanto, é das que atuaram para promover o riso que vêm suas maiores fontes de inspiração. “Dercy Gonçalves, Carmen Miranda… Mas não poderia deixar de citar também astros como Grande Otelo, Golias, Paulo Gracindo (quem não se lembra do Primo Rico e Primo Pobre?). São essas as minhas grandes influências.”
Adepta do humor inteligente - "não entendo porque há tantas comédias em que todo mundo ri tanto” - ela defendeu uma linha mais sofisticada e cerebral do fazer rir. "Prefiro a comédia que mexe com meu cérebro. Que às vezes vai me fazer rir só no dia seguinte. E isso não tem nada ver com elitismo." E rendeu loas ao diretor Guel Arraes, diretor de programas como “TV Pirata” e produtor de filmes como "Auto da Compadecida" e "Lisbela e o Prisioneiro": "Ele levou biscoitos finos para a massa".
Patrimônio
Sob o tema central "Preservação: a Alma do Cinema Brasileiro", a edição comemorativa da CIneOP celebra duas décadas de uma trajetória dedicada à memória audiovisual, à reflexão crítica sobre a história do cinema nacional e à formação de novos públicos e educadores.
A principal novidade desta edição é a criação da mostra competitiva "Arquivos em Questão", que irá exibir cinco longas que contam com o uso criativo de imagens de arquivo, dentre eles: “Ruminantes”, de Tarsila Araújo e Marcelo Melo; “Um Olhar Inquieto”, de Jorge Bodanzky e Liliane Maia; "Itatira", de André Luís Garcia; "Paraíso", de Ana Rieper; e "Meu Pai e Eu", de Thiago Boulin.
Fora de competição, a curadoria de longas-metragens de Cleber Eduardo e Rubens Fabricio Anzolin criou a mostra Construindo Memórias, também com filmes contemporâneos que, com ou sem arquivos, contribuem para a promoção da cultura cinematográfica brasileira e com a cultura brasileira de qualquer área. Os filmes “3 Obás de Xangô” (Sérgio Machado), “O Silêncio de Eva” (Elza Cataldo) e “Brasilianas: O Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo” (Joel Zito Araújo) promovem reflexões sobre memória, identidade e criatividade a partir de figuras emblemáticas, entre elas Jorge Amado, Dorival Caymmi, Carybé, Eva Nill e a companhia musical Brasilianas.
Além da programação de filmes, o evento oferece ações formativas, debates, rodas de conversa, lançamento de livros, promove, em edições anuais, o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros, Encontro da Educação: Fórum da Rede Kino, exposição, Cortejo da Arte, Festa Junina, performances, shows musicais.
Em 20 anos, a CineOP exibiu mais de 2.000 filmes, de diversos estados e países, promovendo retrospectivas, estreias e curadorias temáticas que ampliam a visibilidade da produção brasileira em suas diversas fases, estilos e territórios.
Confira programação completa desta edição em https://cineop.com.br/