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UFOP vai abrir curso de Cinema e Audiovisual com foco em preservação

Anúncio foi feito na 20ª CineOP e integra esforços para formar profissionais capacitados a preservar o patrimônio audiovisual brasileiro


postado em 27/06/2025 09:46 / atualizado em 27/06/2025 09:55

20ª CINEOP - Debate: Formação Em Preservação Audiovisual No Brasil (foto: Vinícius Terror/Universo Produção)
20ª CINEOP - Debate: Formação Em Preservação Audiovisual No Brasil (foto: Vinícius Terror/Universo Produção)
A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) terá um curso de bacharelado em Cinema e Audiovisual com ênfase em preservação, em fase avançada de planejamento. O anúncio foi feito por Frederick Magalhães, do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (Ifac), durante o debate “Formação em Preservação Audiovisual no Brasil”, realizado na manhã de quinta-feira (26/6), no Centro de Convenções, dentro da programação da 20ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto.

“Estamos construindo um futuro onde memória e arte se entrelaçam, preservando narrativas visuais e sonoras”, afirmou Frederick. “A criação do curso visa também impulsionar novas pesquisas sobre o patrimônio audiovisual da cidade, com um olhar atento para recuperação e restauração de materiais históricos que ainda permanecem perdidos ou desconhecidos.”

O curso integrará produção e preservação, aproveitando o patrimônio histórico de Ouro Preto, cidade que já foi cenário de filmes como Os Inconfidentes (1972), de Joaquim Pedro de Andrade. O Ifac já atua na área por meio do Laboratório Arquivo de Fotografias (La Foto). A UFOP também possui um histórico consolidado no audiovisual, incluindo a aquisição do Cine Vila Rica em 1986, a criação do Centro de Produção e Pesquisa Audiovisual (CPPA) em 2006 — hoje TV UFOP — e a parceria com a Universo Produção para a realização da CineOP.

Debate também apresentou outras iniciativas

O debate na CineOP reuniu especialistas para discutir a importância da formação em preservação audiovisual no Brasil, destacando a necessidade de políticas públicas e parcerias para fortalecer o setor e a preservação do patrimônio audiovisual, com profissionais capacitados que aliem técnica, criatividade e compromisso com a memória cultural.

Durante o encontro, Cris Gonçalves, coordenadora da Escola de Audiovisual da Vila das Artes, em Fortaleza, apresentou a grade curricular da segunda turma, com edital previsto para 30 de junho de 2025. O curso, dividido em cinco blocos, aborda fundamentos teóricos, como arquivologia e museologia, e práticas técnicas, incluindo preservação de película, vídeo analógico e mídias digitais.

“Estamos criando uma interface interativa que permitirá busca, acesso e até download de filmes, especialmente para cineclubes, com protocolos de autorização”, afirmou Cris.

A escola utiliza um acervo de 277 filmes como laboratório, onde os alunos desenvolvem um repositório digital usando a plataforma Tainacan. A metodologia, desenvolvida pela professora Ines Aisengart, inclui mapeamento de documentos e metadados para facilitar a gestão e o acesso online. O curso conclui com um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que pode ser um artigo científico ou uma criação audiovisual com materiais de arquivo, em um modelo híbrido, com módulos presenciais e remotos, em parceria com o Museu da Imagem e do Som.

Já Rafael de Luna Freire, coordenador do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual (LUPA) da Universidade Federal Fluminense (UFF), ressaltou o pioneirismo da instituição, que desde 2000 oferece disciplina de preservação audiovisual, tornando-a obrigatória em 2005. Criado em 2017, o LUPA integra ensino, pesquisa e extensão com atividades práticas realizadas dentro da universidade.

“Conseguimos trazer a prática para dentro da UFF, com digitalização de bitolas estreitas e revisão de filmes em moviolas Super 8, sem depender de deslocamentos a outros arquivos”, explicou Rafael.

O laboratório oferece disciplinas optativas e bolsas de extensão, permitindo que alunos se dediquem à preservação por até dois anos durante a graduação em cinema. Rafael também destacou a necessidade de planejar a formação de acordo com a absorção do mercado: “Precisamos saber quantos profissionais o mercado absorve para evitar excesso ou escassez de especialistas.” Ele defendeu ainda a integração da preservação em outras áreas do cinema, incentivando o uso de materiais de arquivo nas produções audiovisuais.

Virginia Flores, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu, apresentou o Laboratório de Cinema e Audiovisual para Preservação da Imagem e do Som (LAB CAPS), criado em 2024 e inspirado na Rede Universitária de Acervos Audiovisuais (RUA). O laboratório atua na catalogação de acervos natos digitais e fitas mini-DV que registram movimentos sociais locais.

“Estamos na luta para digitalizar esses materiais, mas ainda enfrentamos barreiras técnicas, como a falta de equipamentos compatíveis”, disse Virginia, destacando o potencial da tríplice fronteira para parcerias com instituições como o MIS do Paraná e a Itaipu Binacional.

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