Publicidade

Estado de Minas BEM-ESTAR

Uma pessoa comum que vai à academia é mais forte que um fisiculturista?

Estudo polêmico diz que os músculos têm mais força em quem faz atividades físicas 'normais'


postado em 24/10/2016 08:19

Segundo um estudo recente feito na Inglaterra, o músculo de uma pessoa
Segundo um estudo recente feito na Inglaterra, o músculo de uma pessoa "normal" que frequenta a academia é mais forte do que o de um fisiculturista ou bodybuilder (foto: Pixabay)
Músculos bem desenvolvidos remetem a força, certo? A associação parece óbvia, mas um estudo feito na Inglaterra tem levado algumas pessoas a questionarem essa relação. A pesquisa sugere que os músculos de bodybulilders ou fisiculturistas podem ser mais "fracos" do que os de pessoas consideradas "normais". Conforme os cientistas, cada grama de músculo de um fisiculturista teria "menos força" do que a mesma porção de massa muscular de quem não pratica musculação.

O estudo foi realizado pela Universidade Metropolitana de Manchester, na Inglaterra. O principal responsável pela pesquisa, Hans Dagens, admite que ficou surpreso com os resultados, mas que são necessários mais testes para confirmar essa associação.

"Parece que o crescimento muscular excessivo pode ter efeitos prejudiciais sobre a qualidade do músculo. As pessoas podem estar melhores com músculos de tamanho normal do que com os grandes, metabolicamente mais exigentes", diz o cientista em entrevista para o jornal britânico The Telegraph.

Mas, como os atletas musculosos conseguem levantar tanto peso? De acordo com Hans Degens, o que torna os fisiculturistas fortes é a sua elevada massa corporal, que compensa a fraqueza por grama de músculo.

Em contrapartida, os pesquisadores descobriram que praticantes de atividades intensas, como as do atletismo, por exemplo, têm mais força em cada grama de músculo quando comparados com os atletas que levantam muito peso. As descobertas foram publicadas na revista científica Experimental Physiology.

Método

Os pesquisadores ingleses coletaram amostras musculares das coxas de 12 fisiculturistas do sexo masculino, de seis atletas de intensidade, e de 14 homens fisicamente ativos, mas que não praticavam musculação. As fibras musculares individuais foram isoladas e testadas para verificar a velocidade e a força com que se contraiam.Os resultados mostraram que os velocistas tiveram melhor nível de produtividade muscular.

Os cientistas ainda não sabem explicar o que levou a esse resultado. "Nós não tivemos nenhuma indicação de que as proteínas musculares-motoras funcionam menos em fisiculturistas, mas pode ser que eles tenham menos proteínas por grama de músculo", sugere Degens.

Os pesquisadores pretendem continuar realizando testes para encontrarem respostas mais concretas.

Especialista comenta

O educador físico Lucas Túlio de Lacerda, professor da PUC Minas, reitera que o treinamento de força proporciona melhoras no condicionamento físico dos praticantes. Além disso, ele afirma que há evidências científicas de que o volume muscular é determinante para o desempenho de força.

Segundo o professor, o estudo inglês comprova parcialmente essa tese, uma vez que as fibras musculares dos fisiculturistas e dos atletas de modalidades esportivas de potência (como futebol americano e levantamento de peso) produziram maior tensão comparadas às fibras musculares de pessoas ativas que não fazem treinamento de força. "Esse resultado indica que os anos de treinamento de força proporcionaram um efeito positivo na carga máxima suportada pelos sujeitos investigados", afirma o especialista.

O estudo, no entanto, verificou que a tensão na secção transversa (área resultante do corte perpendicular do músculo) da fibra muscular é maior nas pessoas não adeptas ao treinamento de força em comparação com os fisiculturistas, o que poderia indicar a maior potência do primeiro grupo. "Assim, é possível que a resposta de força por fibra muscular dos fisiculturistas não aumente na mesma proporção que o ganho de massa muscular conseguido ao longo dos anos de treinamento", admite o Lucas Lacerda.

O educador físico, contudo, ressalta que outros aspectos também são determinantes para o desempenho de força de um músculo, como fatores neuromusculares, hormonais e a arquitetura muscular. "Portanto, não é correto afirmar que fisiculturistas têm um menor desempenho de força ou 'são menos fortes' do que indivíduos ativos que não praticam treinamento de força", afirma.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade