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Estado de Minas CULTURA

Conhece o Museu da História da Inquisição, em Belo Horizonte?

Espaço lembra a perseguição sofrida pelos judeus no Brasil e na Europa ao longo de 300 anos


postado em 17/07/2017 15:50

O Museu da História da Inquisição fica no bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, e é o primeiro do tipo no Brasil(foto: Flickr/PBH/Andréa Flávia/Reprodução)
O Museu da História da Inquisição fica no bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, e é o primeiro do tipo no Brasil (foto: Flickr/PBH/Andréa Flávia/Reprodução)
"Deus te crie!". Você já deve ter dito e ouvido esta expressão muitas vezes, quando alguém espirra. Mas, você conhece a origem da frase? O famoso "Deus te crie" dito após o espirro de alguém é uma herança judaica da frase "hayim tovim", que significa "boas vidas". Este é apenas um dos muitos costumes de nosso cotidiano que são resquícios da influência judaica na cultura brasileira.

Para quem está curioso em saber mais sobre as tradições hebraicas que marcaram a história de nosso país, basta visitar um local especial em Belo Horizonte. Trata-se do Museu da História da Inquisição, inaugurado em 19 de agosto de 2012, no bairro Ouro Preto, região da Pampulha. Ele concentra um importante acervo que conta histórias da inquisição cristã contra os judeus, bem como a influência dos cristãos-novos como colonizadores e participantes na formação do povo brasileiro.

O engenheiro aposentado Marcelo Miranda Guimarães, diretor-presidente e um dos fundadores do museu, fala sobre o espaço: "Este é o primeiro museu no Brasil com a característica de mostrar a influência do povo judeu na cultura brasileira. A Inquisição durou três séculos, mas esta é uma história que ainda não é relatada nos livros oficiais de história do Brasil. Então, além do aspecto histórico, temos também o aspecto social e moral de combater a intolerância. E, finalmente, o aspecto educacional, de promover uma sociedade melhor, mais tolerante, conforme preconiza a Constituição brasileira".

Como lembra o diretor, para termos uma sociedade melhor e mais justa, é preciso combater a discriminação contra as minorias. "Queremos levar à sociedade os aspectos históricos, sociais e morais de combate à intolerância, para que a pessoa entre aqui de um jeito e saia de outro, mudando os pensamentos pelas informações que aqui recebe. Este é o poder transformador do homem", comenta Marcelo Guimarães.

Fuga de Portugal

A Inquisição, período em que a Igreja Católica perseguiu fieis de outras religiões na Europa, chegou a Portugal na chamada Idade Média, em dezembro de 1496, após o casamento de Dom Manoel com a rainha D. Isabel da Espanha. A partir de então, as leis da Inquisição, os tribunais do Santo Ofício e os Autos-de-fé foram introduzidos em Portugal e, consequentemente, iniciou-se uma grande perseguição aos judeus, considerados hereges pelo catolicismo. Ao longo de três séculos, perseguir, processar, torturar e condenar judeus à morte era uma prática comum na Europa. Aos condenados restavam apenas duas opções: a morte ou a conversão ao cristianismo.

Após a frota de Pedro Álvares Cabral aportar em terras brasileiras e dar início à colonização, milhares de judeus portugueses vieram para o Brasil, em busca de um lugar mais seguro para viver, longe das fogueiras e da perseguição religiosa. Eles eram chamados cristãos-novos, os "marranos", "anussim" ou mesmo "criptos-judeus". Entretanto, em 1591, o Brasil recebeu o inquisidor português Heitor Furtado de Mendonça, que instalou no país uma extensão do Santo Ofício, com o objetivo de identificar, processar e deportar para Portugal esses imigrantes e seus descendentes – muitos terminaram executados nas fogueiras da Inquisição em Lisboa.
Nas três salas do museu, o público pode conferir um pouco da história da perseguição aos judeus na Europa e no Brasil durante o período da Inquisição(foto: Flickr/PBH/Andréa Flávia/Reprodução)
Nas três salas do museu, o público pode conferir um pouco da história da perseguição aos judeus na Europa e no Brasil durante o período da Inquisição (foto: Flickr/PBH/Andréa Flávia/Reprodução)

O espaço

O Museu da História da Inquisição conta um pouco sobre esse período de sofrimento, perseguição e assassinatos cometidos a mando da Igreja Católica em Minas Gerais e no mundo. São cinco salas, organizadas de maneira a mostrar os vários aspectos do período, no Brasil e na Europa, por meio de painéis, gravuras e pinturas de artistas famosos, além da exposição de documentos e livros antigos, objetos e réplicas de alguns equipamentos de tortura em tamanho real.

A primeira é a sala multimídia, onde os visitantes encontram um espaço para assistirem vídeos e palestras, além de poderem consultar uma biblioteca com mais de 350 livros originais, modernos e antigos, sendo o maior acervo cultural sobre o assunto. "O livro mais antigo que temos aqui é o Manual da Inquisição, de 1623. A Inquisição nasceu da bula do papa Xisto IV, escrita em 1478, que dava poder aos reis ibéricos de implantar a Inquisição na Espanha. Este livro traz uma verdadeira orientação sobre como identificar hereges e dar-lhes fim, se recusassem a se converterem ao cristianismo", revela Marcelo Guimarães.

Vale dizer que, desde a inauguração, o museu já recebeu mais de 14,6 mil visitantes, incluindo estudantes, professores, doutorandos, pesquisadores e autoridades.

Serviço:

Museu da História da Inquisição
Endereço: rua Cândido Naves 55, Ouro Preto, Belo Horizonte/MG
Funcionamento: de terça a sexta das 9h às 16h e domingos das 10h às 15h
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia para estudantes e professores); idosos e portadores de deficiência não pagam
Informações: (31) 2512-5194

(com portal da PBH – BH em Cantos)

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