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Estado de Minas TECNOLOGIA

Maioria das imagens do WhatsApp são fake news

Isso foi comprovado por um estudo recente


postado em 17/10/2018 15:45 / atualizado em 17/10/2018 16:09

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Um levantamento realizado pelos professores Pablo Ortellado (USP), Fabrício Benvenuto (UFMG) e pela Agência Lupa, de checagem de fatos, mostra que em 357 grupos do aplicativo WhatsApp foram encontradas apenas 8% de imagens classificadas como verdadeiras. O estudo buscou analisar o fenômeno da desinformação e das mensagens falsas (fake news) em grupos do app, que vem sendo apontado como principal espaço de disseminação desse tipo de conteúdo.

A pesquisa analisou conteúdos enviados entre os dias 16 de setembro de 7 de outubro, ou seja, em boa parte do 1º turno das eleições deste ano. A amostra trouxe 347 grupos, com mais de 18 mil usuários, monitorados pelo projeto Eleição Sem Fake, da UFMG. Os resultados, portanto, não podem ser generalizados, mas trazem indícios importantes para a compreensão do fenômeno. No período analisado circularam 846 mil mensagens, entre textos, vídeos, imagens e links externos.

Das 50 imagens mais compartilhadas nos grupos checadas pela Agência Lupa, considerando foto e texto, apenas quatro foram consideradas verdadeiras (8%), entre elas uma de Bolsonaro numa maca e outra do autor da facada no candidato, Adélio Bispo de Oliveira. Do total, oito (16%) eram falsas, como a montagem de Dilma com Che Guevara.

Quatro (8%) foram consideradas insustentáveis, conceito da agência para conteúdos que não se baseiam em nenhum banco de dados público confiável, como fotos de Lula e FHC afirmando que os dois se reuniram para planejar assaltos a banco. Outras nove eram fotos reais, mas com alusões a teorias da conspiração sem comprovação.

Da amostra, sete fotos eram reais, mas tiradas de contexto, como um registro de Aécio Neves e Fidel Castro acompanhado da acusação do político tucano ter virado "aluno" do dirigente cubano. Três imagens foram consideradas sátiras, seis estavam associadas a textos de opinião, o que a agência não checa, e três não foram examinadas por não ser possível aferir se a foto havia sido tirada no Brasil ou não. No total, 56% das imagens que mais circularam foram consideradas "enganosas".

Caso BNDES

O levantamento dos professores e da Agência Lupa detalhou o caso das mensagens sobre supostos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras fora do Brasil. De oito sobre o tema acompanhadas de fotos, apenas duas eram verdadeiras. Outras três traziam dados considerados "exagerados" e duas eram falsas, como a alegação de que o banco teria financiado um gasoduto em Montevidéu e o soterramento de uma ilha em Sarmiento, na Argentina.

Propostas

Os autores divulgaram propostas em artigos e num documento ao WhatsApp solicitando a redução da possibilidade de encaminhamento de mensagens para, no máximo, cinco destinatários. Hoje, este limite é de até 20 pessoas ou grupos. Segundo o professor Pablo Ortellado, da USP, o app de mensagens respondeu que tal medida seria inviável.

"Nós discordamos. Na Índia, após uma série de linchamentos causados por boatos difundidos no aplicativo, o WhatsApp conseguiu implementar mudanças em poucos dias. Nossa situação é bastante grave. Estamos conclamando também o TSE e outras instituições com poder regulatório para agir", escreve Ortellado, em texto publicado numa rede social.

(com Agência Brasil)

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