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Estado de Minas ALERTA

Uso de laser contra aviões ainda é um problema no Brasil

Em Minas Gerais foram 58 ocorrências em 2018, segundo o Cenipa


postado em 15/03/2019 10:39 / atualizado em 15/03/2019 10:48

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)

Podendo ser facilmente comprado em sites de produtos chineses, a canela ou o apontador laser vem se tornando uma questão de segurança e saúde pública no Brasil. De acordo com relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em 2018 foram registradas 418 notificações de disparos de lasers contra aviões. Esse tipo de "brincadeira" com as tripulações chegou a causar queimadura e hemorragia na retina de um controlador de tráfego em Minas Gerais.

O relatório da Cenipa aponta o maior número de notificações no estado de São Paulo com 111 disparos contra aviões; em seguida aparece Minas Gerais, com 58; e o Rio de Janeiro em terceiro, com 34.

Antes de brincar com um laser de alta potência, é preciso lembrar que apontar essa luz para uma aeronave é crime previsto em lei.

De qualquer forma, o laser pode causar sérios danos aos olhos. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, de Campinas (SP), dependendo do tempo de exposição e da potência, essa luz pode causar desde ofuscamento e edema na córnea, até lesões oculares permanentes. Isso porque nossos olhos são mais sensíveis do que a pele, por exemplo, que recebe as radiações solares diariamente. "Queimaduras na retina ainda não têm cura. O estrago na visão do controlador de tráfego em 2018 pode ser comparado com o causado pela fixação dos olhos na eclipse solar sem qualquer proteção. As células perdidas na retina são irrecuperáveis", diz o especialista.

O médico afirma que até os dispositivos menos potentes, como as canetas e apontadores usados em palestras, podem causar ofuscamento e ceratite – uma irritação temporária da córnea. Se forem direcionados ao piloto de um avião durante pousos e decolagens, podem fazer com que perca o controle da aeronave aumentando o risco de acidente.

Para Queiroz Neto o principal problema relacionado ao laser é a falta de regulamentação no país. No final do ano passado, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo arquivou um projeto de lei que tinha como proposta fixar a potência dessas ponteiras em cinco miliwatts, que é considerada inofensiva à saúde ocular. "É a mesma amperagem utilizada em brinquedos e mouses de computador", comenta o médico.

O oftalmologista cita os sinais que indicam que os olhos foram agredidos pela luz do laser: ofuscamento, enxergar manchas ou reflexos e dificuldade de adaptação a ambientes escuros. Para evitar lesões oculares a recomendação é nunca olhar diretamente para o feixe de luz, não apontar para o rosto e usar óculos de proteção – cada tonalidade da luz demanda um acessório específico.

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