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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Diretor do Loyola explica anulação de prova considerada esquerdista

Conteúdo crítico ao governo Bolsonaro em avaliação de português foi atribuído a "lapso técnico"


postado em 10/10/2019 13:18 / atualizado em 10/10/2019 14:40

(foto: Eugênio Gurgel/Encontro/Arquivo)
(foto: Eugênio Gurgel/Encontro/Arquivo)
Pais de alunos do colégio Loyola se manifestaram contra o conteúdo da prova de português aplicada à segunda série do ensino médio na última segunda-feira (7). A avaliação, que continha um texto do ator e escritor Gregorio Duvivier falando de seu ódio do governo Bolsonaro, foi considerada "esquerdista", "doutrinadora" e de "apologia a ódio contra o governo", entre outras opiniões, muitas delas expressas em grupos de pais no WhatsApp. O colégio decidiu anular a prova, e os alunos farão nova avaliação, podendo ficar com a melhor nota entre as duas.

O diretor acadêmico do Colégio Loyola, Carlos Freitas(foto: Colégio Loyola/Divulgação)
O diretor acadêmico do Colégio Loyola, Carlos Freitas (foto: Colégio Loyola/Divulgação)
Segundo o diretor acadêmico, Carlos Freitas, o colégio percebeu que houve um lapso técnico no processo da prova. Ele explicou que, após o professor elaborar uma avaliação, ela é passada para o assessor de área, um professor da mesma disciplina que tem a função técnica de verificar, entre outros quesitos, se ela está de acordo com o documento “Abordagem de Temas Transversais para a formação integral inaciana na escola básica", que orienta trabalhos em classe. Um dos pontos do documento é garantir que a prova apresente diversidade de visões de mundo. “Na prova, havia apenas uma posição política, uma visão de mundo. E isso não pode acontecer, de acordo  com o modelo de formação que a gente pretende”, afirmou. “Isso passou. A prova foi aplicada, corrigida. Houve o movimento dos pais, e vimos que houve falha técnica nossa”, completou. 

Em relação à reclamação por parte de pais de que esse não foi o único episódio a demonstrar, nos últimos tempos, orientação ideológica à esquerda, Freitas afirmou que não é o caso. “Não temos orientação à direita ou à esquerda. A Companhia de Jesus foi fundada antes de direita e esquerda, e o que existe aqui é formação humana, prevalecendo o direito ao contraditório”, disse. Afirmou, ainda, que a professora que elaborou a prova permanecerá na escola e que o colégio é receptivo às famílias e tem canal aberto com a comunidade escolar.

Além da crônica de Duvivier, a avaliação tinha outro texto do jornal Folha de S. Paulo, sobre a ONU, do pesquisador Mathias Alencastro, e era composta de questões abertas e fechadas, apesar de fotos apenas das questões de múltipla escolha estarem circulando na internet. (Veja abaixo)

(foto: Reprodução)
(foto: Reprodução)
Duvivier, que vem a BH em novembro com uma de peça de teatro, se manifestou no Twitter: "Sinto muito pelos professores e alunos na escola."  O comediante se colocou à disposição para debater a crônica. Circula na internet, ainda, nota de repúdio assinada por alunos e ex-alunos do Loyola, em que dizem que a avaliação não foi destinada a crianças, e sim a adolescentes. E que as críticas "subestimam nossa autonomia e senso crítico, e partem do pressuposto que um único texto, com menos de 30 linhas, seria capaz de moldar nossa opinião, supostamente ingênua e infundamentada".

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