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Estado de Minas DIAGNÓSTICO

Dentes das crianças podem indicar doenças futuras

Segundo cientistas, as camadas dentárias guardam preciosas informações


postado em 26/02/2019 16:38 / atualizado em 26/02/2019 16:19

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)

Pesquisadores afirmam que os dentes de uma criança podem indicar as probabilidades de desenvolvimento de alguma doença mental no futuro. Em pessoas idosas, por outro lado, os dentes podem dizer se elas foram expostas a metais pesados e se existe um alto risco de aparecimento do Mal de Alzheimer.

"Menosprezamos um biomarcador em potencial que literalmente cai da boca das pessoas ou é arrancado e vai parar no lixo?", comenta a epidemiologista Erin Dunn, do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, citada pela emissora estatal alemã Deutsche Welle. Segundo ela, deve-se dar muito mais atenção aos dentes, especialmente aos de leite.

Os dados da pesquisa foram apresentados durante reunião da Associação Americana para o Progresso da Ciência, realizada entre os dias 18 e 22 de fevereiro em Washington (EUA). A principal descoberta revela que, por meio da arcada dentária, pode-se verificar a quantidade de estresse vivido por uma criança durante os primeiros anos de vida.

Nesse caso, as camadas individuais que compõem o dente, como o esmalte, são mais finas e menos densas, explica o psicólogo de saúde Thomas Boyce, da Universidade da Califórnia (EUA), à Deutsche Welle. "Isso torna o dente mais suscetível à cárie dentária", completa o cientista. As alterações podem ser medidas ao se examinar um dente de leite decíduo num tomógrafo computadorizado.

Estresse não significa necessariamente dificuldades na escola, mas pode também ser resultado de problemas para lidar com a separação dos pais, com o barulho constante ou até mesmo abuso físico e/ou mental. Pessoas estressadas produzem muito cortisol, hormônio envolvido na resposta ao estresse e cuja concentração pode ser medida no sangue e na saliva, lembra Boyce.

"Em vez de um quadro momentâneo, o que realmente queremos saber é a quantidade total de cortisol a que alguém foi exposto. E é isso que os dentes revelam. Tudo indica que o hormônio do estresse influencia o desenvolvimento dentário", esclarece o psicólogo.

Os dentes se formam gradualmente. Os de leite e os permanentes já surgem no período embrionário, mas só se desenvolvem após o nascimento e em ritmos diferentes, dependendo da posição e da função. Os dentes de leite incisivos se formam primeiro, enquanto os molares não se desenvolvem totalmente até os 3 anos de idade. Os últimos dentes permanentes aparecem na adolescência.

"Os dentes registram as situações de estresse que ocorreram durante o desenvolvimento. As camadas de esmalte se formam de maneira circular, semelhante aos anéis de crescimento de uma árvore. Os dentes nos revelam não apenas se um evento de estresse ocorreu, mas também quando. Nesse aspecto, eles revelam mais que uma amostra de sangue ou saliva", explica Erin Dunn à emissora alemã.

Vale dizwer que a pesquisa dentária como uma ferramenta de diagnóstico de doenças futuras ainda está engatinhando. Existem apenas alguns estudos e muito ainda é desconhecido. Mas uma coisa os pesquisadores já deixaram claro: dentes de leite são preciosos demais para desaparecerem como suvenir no armário.

(com Deutsche Welle)

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