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Estado de Minas CURIOSIDADE

Gorilas também podem demonstrar luto

Animais até passam um tempo ao lado do corpo do ente falecido


postado em 15/04/2019 10:11 / atualizado em 15/04/2019 10:15

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Um estudo publicado no dia 2 de abril na revista científica PeerJ – Life and Environment descobriu que assim como os humanos, os gorilas demonstram sinais de luto quando um parente morre. De acordo com os cientistas, quanto mais próxima é a relação social que o animal tinham com o morto, mais significativa é o sentimento de tristeza e a interação com o cadáver. A informação foi divulgada pelo portal científico IFL Science.

Os gorilas podem ficar dias ao lado do ente querido falecido e até dormir no mesmo ninho. Curiosamente, os animais também demonstram sofrimento prolongado com a morte de um estranho.

Normalmente, os biólogos não conseguem acompanhar a relação dos gorilas com a morte de um parente porque os animais doentes ou muito velhos costumam se afastar do grupo para "morrer em siêncio". Na pesquisa recém publicada, foi possível acompanhar o "luto" deles graças a uma unidade de conservação da espécie.

Como mostra o IFL Science, a bióloga Amy Porter, da fundação Dian Fossey Gorilla Fund, dos Estados Unidos, uma das autoras do estudo, assistiu e filmou o comportamento de um grupo de gorilas do Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda, na África, quando dois indivíduos morreram vítimas de uma doença. A atitude desses animais foram comparadas com as de outro gorila morto no Parque Nacional Kahuzi-Biega, na República Democrática do Congo.

Em ambos os casos, os primatas sentaram próximo ao corpo, cheiraram e tocaram o cadáver, chegando até a arrumar o falecido e a lambê-lo. Conforme o portal, um dos gorilas mortos em Ruanda era um macho dominante, chamado Titus, e o outro, uma fêmea também dominante, intitulada Tuck. Eles estavam com mais de 30 anos, uma idade considerada avançada para os padrões dos gorilas. Os dois indivíduos e suas relações sociais já eram bem conhecidos dos pesquisadores, que os acompanharam por décadas.

Na pesquisa, Amy Porter relata que os gorilas que tinham laços genéticos e sociais mais próximos com os mortos passaram a maior parte do tempo junto aos cadáveres. O filho de Tuck "tentou mover a cabeça dela gentilmente com as mãos" e até tentou sugar os seus seios, apesar de já não mamar, informa a bióloga, citada pelo IFL Science.

O grupo de gorilas do Congo, exceto as fêmeas adultas, mostraram um comportamento "muito semelhante" em relação ao indivíduo que encontraram morto no parque. Cuidaram dele e fizeram sons batendo no peito ao redor do corpo, embora o falecido fosse um "desconhecido' para a maioria deles, como relata o estudo.

Essas reações parecidas com as dos humanos, segundo os especialistas, apesar de nos comoverem, vêm causando problemas para os gorilas, em termos evolutivos. Segundo o portal científico, o contato com o cadáver pode contribuir para a disseminação de doenças, como o vírus ebola, facilmente transmitido pelos corpos, e que se tornou uma ameaça para a espécie. Além disso, animais vítimas de armadilhas, ao atraírem outros indivíduos do grupo, acabam facilitando o trabalho de caçadores ilegais.

De qualquer forma, Amy Porter diz que é improvável que esse comportamento tivesse sobrevivido à evolução da espécie se não refletisse algo importante para os gorilas. "Talvez, sendo criaturas sociais, um gorila tão dominado pela dor que ficará com um parente morto tenha maior probabilidade de sobreviver do que um que não ame a família ou cuide de outros membros da sua espécie", comenta a bióloga, citada pelo IFL Science.

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