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Estado de Minas ESTUDO

Bullying pode afetar o cérebro e causar ansiedade

Relação foi descoberta por cientistas britânicos


postado em 20/12/2018 10:00 / atualizado em 20/12/2018 09:06

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)

Um estudo recém publicado no jornal científico Molecular Psychiatry revela que a prática do bullying está diretamente ligada ao desenvolvimento do Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG). Por meio de exames de neuroimagem em 682 jovens, todos vítimas dessa agressão moral e física, os pesquisadores descobriram uma redução significativa nos volumes do núcleo caudado e do putâmen esquerdos, localizados na base e na frente do cérebro.

Os pesquisadores do King's College de Londres, na Inglaterra, descobriram que as alterações no volume do putâmen esquerdo estavam negativamente associadas à ansiedade generalizada. Além disso, os jovens com traços ansiosos apresentavam também redução no volume núcleo caudado esquerdo.

Segundo a neuropsicóloga Thaís Quaranta, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de São Paulo, estudos anteriores já haviam apontado redução no volume cerebral de adultos com transtornos mentais que sofreram abusos na infância. "As alterações atingem áreas do cérebro ligadas à regulação das emoções, controle da impulsividade e processamento da recompensa. Porém, este estudo mostrou que o bullying afeta outras estruturas e está diretamente relacionado ao desenvolvimento da ansiedade generalizada em jovens adultos", comenta a especialista.

Para ela, o estudo recente só confirma o que já é visto na prática clínica. "Os efeitos das agressões físicas e verbais no ambiente escolar podem ser muito graves. Principalmente na adolescência, fase da vida em que as mudanças físicas e biológicas são intensas. Uma vez que as pesquisas comprovam os prejuízos do bullying para a saúde mental, é preciso achar recursos mais eficazes para combater esta prática", diz a neuropsicóloga.
Thaís Quaranta lembra que muitos adolescentes sofrem calados. "Expressar as emoções é uma habilidade que desenvolvemos ao longo da vida. Porém, na adolescência falar sobre os sentimentos pode ser mais difícil, pois há uma introspecção maior. Assim, nem todos os pais podem perceber que o filho está passando por situações de bullying na escola. E a própria escola também pode não notar, já que muitas vezes é algo feito longe dos olhos dos educadores".

Abaixo, a especialista cita os principais sinais de alerta de que o jovem está sofrendo bullying:

Queda repentina do desempenho escolar
Há marcos importantes que podem afetar o desempenho escolar, principalmente as mudanças de séries. Entretanto, se este não for o caso, notas baixas e falta de motivação para estudar podem ser sinais de alerta para pais e educadores investigarem situações de bullying.

Recusa em ir para a escola
Normalmente, crianças e adolescentes gostam de ir para a escola, já que interagem com os amigos, fazem as atividades, etc. Porém, se repentinamente há recusa em ir para a escola, é preciso investigar os motivos. Claro que nem sempre o bullying é a razão, mas há esta possibilidade. Portanto, vale à pena procurar entender melhor essa recusa.

Mudanças de comportamento
A instabilidade emocional é normal na adolescência, assim distanciamento dos pais, maior necessidade de estar sozinho ou com os amigos. Porém, os pais devem ficar atentos quando há alterações bruscas de comportamentos, que não faziam parte do repertório da criança/adolescente. Irritabilidade, agressividade, raiva alta, rebeldia extrema, choro constante, perda de apetite, isolamento acima do normal, excesso ou falta de sono.

Insatisfação com a aparência física
Em muitos casos, o bullying está relacionado com características físicas, como peso, altura, tipo de cabelo, cor da pele e uso de óculos. Quando o adolescente começa a mostrar uma insatisfação muito alta com a própria aparência, os pais devem ficar mais atentos. Pode ser apenas vaidade, mas pode ser resultado do bullying. Nestes casos, baixa autoestima, complexo de inferioridade e excesso de comparações com colegas ou até mesmo com personalidades podem ser sinais vermelhos.

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