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Estado de Minas TECNOLOGIA

Jogos não geram violência em adolescentes, diz estudo

Pesquisa foi realizada no Reino Unido em fevereiro deste ano


postado em 15/03/2019 09:16 / atualizado em 15/03/2019 09:37

O jogo Playerunknown's Battlegrounds era jogado pelos atiradores da escola de Suzano e está sendo associado ao comportamento agressivo dos assassinos(foto: Bluehole Studio/Divulgação)
O jogo Playerunknown's Battlegrounds era jogado pelos atiradores da escola de Suzano e está sendo associado ao comportamento agressivo dos assassinos (foto: Bluehole Studio/Divulgação)

Depois do massacre ocorrido na escola estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano (SP), na última quarta, dia 13 de março, que terminou com a morte de 10 pessoas, logo teve início uma discussão acerca da influência dos jogos eletrônicos em crianças e adolescentes. Essa teoria foi objeto de estudo na renomada Universidade de Oxford, no Reino Unido, e os resultados foram publicados no periódico científico Open Science, da The Royal Society (A Sociedade Real), em fevereiro deste ano.

"A ideia de que games violentos geram agressão no mundo real é popular, mas não foi testada muito bem até hoje", comenta o pesquisador Andrew Przybylski, coordenador do estudo, em entrevista para o site da universidade. "Apesar do interesse de pais e políticos no assunto, a pesquisa demonstrou que não há motivo para preocupação", completa o cientista.

O estudo de Oxford é um dos mais completos já realizados sobre o tema. Ele usou uma combinação de dados subjetivos e objetivos para medir a agressão e a violência entre adolescentes em jogos. Ao contrário de pesquisas anteriores que se baseavam em dados auto-relatados dos jovens, a análise atual utilizou informações de pais e responsáveis para avaliar o nível do comportamento agressivo de seus filhos. Além disso, o conteúdo dos games foi classificado usando o sistema de classificação etária oficial do Pan European Game Information (PEGI), da União Europeia, e do Entertainment Software Rating Board (ESRB), dos Estados Unidos, em vez de levar em conta apenas as percepções do próprio jogador em relação à quantidade de violência presente no jogo.

"Nossas descobertas sugerem que os vieses de pesquisadores podem ter influenciado estudos prévios sobre este tópico e distorceram nossa compreensão dos efeitos dos games", diz a pesquisadora Netta Weinstein, da Universidade de Cardiff, no País de Gales, co-autora do estudo, também em entrevista para o site da Oxford. Desta vez, os cientistas realizaram um pré-registro da pesquisa, ou seja, publicaram na internet, para que todos pudessem acessar, as hipóteses, os métodos e as técnicas de análise que seriam utilizadas no estudo.

Embora nenhuma correlação tenha sido encontrada entre jogar videogame e o comportamento agressivo de determinados adolescentes, os pesquisadores britânicos enfatizam que isso não significa que algumas mecânicas e situações nos jogos não provoquem sentimentos de raiva ou reações nos jogadores. "Você vê coisas como palavrões, excesso de competitividade e trolagem [enganação] em comunidades de jogos que poderiam ser qualificadas como comportamento antissocial", diz Andrew Przybylski. "Este seria um caminho interessante para futuras pesquisas", completa.

No estudo, foram analisados dados retirados de uma amostra nacionalmente representativa de jovens britânicos de 14 e 15 anos, e seus tutores, totalizando 2.008 indivíduos. Os adolescentes responderam perguntas sobre personalidade e comportamento nos jogos relacionados ao mês anterior, enquanto os responsáveis responderam perguntas sobre os comportamentos agressivos recentes de seus filhos.

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