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Estado de Minas INTERNET

Criminoso que se torna cristão vira 'santo'?

Tema polêmico é tratado pelo ex-ator Guilherme de Pádua em vídeo


postado em 24/01/2019 08:00 / atualizado em 24/01/2019 08:16

Em vídeo publicado no YouTube e compartilhado no Facebook, o ex-ator Guilherme de Pádua fala sobre os criminosos que se convertem ao cristianismo(foto: Facebook/guidepadua/Reprodução)
Em vídeo publicado no YouTube e compartilhado no Facebook, o ex-ator Guilherme de Pádua fala sobre os criminosos que se convertem ao cristianismo (foto: Facebook/guidepadua/Reprodução)

O ex-ator mineiro Guilherme de Pádua, de 49 anos, conhecido nacionalmente por ter assassinado a atriz Daniella Perez, em 1992, então com 22 anos, publicou no dia 15 de janeiro deste ano um vídeo no YouTube com pouco mais de 15 minutos em que fala, pela primeira vez, sobre criminosos que se converteram a alguma religião. Ele passou a frequentar a Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte (MG), após cumprir parte de sua pena pelo homicídio – o processo foi extinto em 2002, mais de 10 anos antes do previsto.

Nas gravação, que foi compartilhada também no Facebook, o assassino da filha da novelista Glória Perez afirma que existe preconceito, principalmente por parte da imprensa, em relação aos criminosos que se tornam cristãos. "Há muito tempo tenho visto comunicadores, repórteres e comentaristas fazerem ironias pesadas com pessoas que tiveram o passado manchado, sombrio, e depois se tornaram cristãos", reclama Guilherme de Pádua no vídeo, que é intitulado Agora Virou Santo, Né [sic]?.

Segundo ele, a opinião pública tende a criticar o fato de que muitas pessoas fazem "tudo o que não poderiam" e depois tentam se redimir tornando-se religiosas. Na opinião do ex-ator, as criticas são compreensíveis, mas os criminosos têm o direito de se transformarem em "novas pessoas" após se assumirem cristãos, desde que sigam o lema "Não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Agora tenho a mente e o coração de Cristo", conforme Guilherme, que completa, afirmando que o caminho para isso é "árduo".

Ainda no polêmico vídeo, o mineiro afirma que há mais de 19 anos realiza trabalhos sociais em presídios e, segundo ele, os esforços que são feitos no sistema prisional visando a ressocialização dos presos não são suficientes para que eles saiam de lá capazes de viver novamente em sociedade.

Algumas prisões brasileiras oferecem cursos profissionalizantes e aulas de educação básica como forma de ajudar os condenados a se ressocializarem. Mas, de acordo com Guilherme de Pádua, é muito difícil um criminoso mudar de vida sem ajuda da religião. "Eu nunca vi criminosos 'de carreira' deixarem a vida do crime por terem aprendido uma profissão na cadeia. Mas conheço, na igreja que frequento [Batista da Lagoinha], dezenas de pessoas que eram criminosas e mudaram de vida porque se tornaram crentes", afirma o ex-ator.

Repercussão

Após o compartilhamento da gravação no Facebook, muitos internautas deixaram comentários no post, a maioria de apoio ao Guilherme de Pádua.

"Você é um grande homem. Homem de superação", diz o perfil intitulado Telma Miranda. "Guilherme, você é uma benção. Todo mundo tem o direito de recomeçar e dar a volta por cima, como você deu. Sucesso", comenta o usuário Danilo Lima.

Outros criticaram a postura do ex-ator, reclamando de sua exposição na internet. "Eu entendo você, mas como mãe fico triste pela mãe da Daniella, que perdeu a filha. [...] Acho que você não deveria ter Facebook ou estar na internet, em respeito à mãe e aos familiares da Daniella", reclama a usuária identificada como Flávia Silvestre. "[...] Só quem tem o direito de tirar a vida de alguém é Deus. Todo crente quer ser santo, mas um dos mandamentos é bem claro: 'Não matarás'", publica a internauta Mara Silva Carla.

Esse comentário foi respondido por Guilherme de Pádua: "Você tem razão. Cristão de verdade não mata. O pecado para o cristão até acontece 'por acidente', mas não por prática. Eu queria ter encontrado Jesus antes! Mas era um 'pecador de carteirinha'. Se eu pudesse voltar atrás... A vida sem Jesus não vale a pena".

Confira, abaixo, o polêmico vídeo:



O crime

Em 1992, quando tinha 23 anos, Guilherme de Pádua assassinou a tesouradas a atriz Daniella Perez (então casada com o ator Raul Gazolla) na noite do dia 28 de dezembro, numa estrada vicinal localizada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ). À época, os dois protagonizavam o casal Bira e Yasmin, na novela De Corpo e Alma, da Rede Globo, escrita pela mãe de Daniella, Glória Perez.

O crime – que teve a participação de Paula Thomaz, mulher de Guilherme de Pádua na época – repercutiu nacionalmente e deixou chocados os fãs dos dois atores, já que a novela era um grande sucesso de audiência.

Segundo a investigação policial, Guilherme de Pádua assassinou Daniella Perez após um descontrole emocional. Supostamente, ele tinha ciúmes da atriz e acreditava que sua participação na novela estava sendo diminuída, principalmente após descobrir que o romance fictício entre os dois iria terminar. O crime ocorreu poucas horas após terem sido gravadas as cenas do término.

O mineiro foi condenado em 1997 a 19 anos de prisão, mas sua pena foi extinta em 2002, mais de 10 anos antes do previsto, quando ele estava em liberdade condicional. A ação foi resultado de pedidos de liberdade enviados à justiça pelos advogados do ex-ator, e que foram baseados em três decretos de indulto assinados em 1997, 1998 e 1999 pelo então presidente da república Fernando Henrique Cardoso.

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