
A frutinha de cor avermelhada é nativa da África e foi descrita pela primeira vez em 1725, quando o explorador francês Chevalier des Marchais observou que os moradores das aldeias do oeste africano consumiam o fruto antes da refeição de vinho de palma azedo. No final da década de 1960, cientistas isolaram a proteína responsável por "adoçar" o sabor dos alimentos. Por conta dessa fórmula milagrosa, a proteína foi batizada de miraculina.
Segundo a nutricionista Milene Cristina Henriques, professora da PUC Minas, o efeito que a miracle berry é capaz de provocar se deve à composição de proteínas, ligninas e celulose, componentes que formam uma camada não solúvel, capaz de alterar o sabor percebido pelas papilas gustativas. "O efeito pode durar por até duas horas, dependendo da potência do 'grão' utilizado", acrescenta a especialista.
Milene alerta, no entanto, para alguns cuidados com essa "fórmula mágica". Segundo ela, mesmo que o paladar não perceba o gosto azedo do limão, a acidez da fruta continua presente e pode ser prejudicial para que tem, por exemplo, irritação da mucosa gástrica.
Outra ressalva da nutricionista é de que o gosto amargo de algumas plantas pode servir de alerta para que a mesma não seja consumida. Portanto, se esse sabor deixa de ser percebido, existe o risco de substâncias impróprias serem ingeridas. "A miracle berry deve ser utilizada para mascarar o sabor somente daquilo que é comestível e conhecido pela pessoa", destaca a professora.
A fruta não é facilmente encontrada no Brasil. Especialistas americanos dizem que o sabor dela não é tão agradável – parecido com uma amora menos saborosa. Além disso, o efeito "milagroso" não funciona se o alimento for cozido.