Em relatório publicado pela Academia Americana de Pediatria (AAP) na revista científica Pediatrics, em agosto de 2018, os médicos pedem reformas urgentes no sistema que regulamenta o uso de aditivos químicos nos alimentos nos Estados Unidos. Segundo os pediatras, alguns produtos atualmente permitidos devem ser evitados, especialmente por crianças.
A AAP cita vários estudos que sugerem que alguns aditivos alimentares podem interferir na produção de hormônios, atrapalhando o crescimento e o desenvolvimento da criança. Outros também podem aumentar o risco de obesidade infantil, que vem se tonando uma "epidemia" em todo o mundo.
Vale dizer que os EUA permitem o uso de mais de 10 mil aditivos para preservar, embalar ou modificar o sabor, a aparência, a textura ou os nutrientes dos alimentos. Muitos foram aprovados na década de 1950, e cerca de mil deles recebem a designação "geralmente reconhecido como seguro", o que não demanda aprovação da Food and Drug Administration (FDA), a Vigilância Sanitária americana.
Abaixo, confira os riscos de alguns aditivos considerados mais preocupantes pelo relatório da Academia Americana de Pediatria:
Bisfenóis
Como o BPA, usados para endurecer recipientes de plástico e latas de metal, podem agir como estrogênio no corpo e alterar o tempo da puberdade, diminuir a fertilidade, aumentar a gordura corporal e afetar os sistemas nervoso e imunológico. O BPA já é proibido em mamadeiras e copos com canudinho.
Ftalatos
Um grupo de compostos químicos usados para deixar o plástico mais maleável, é tido como cancerígeno, podendo causar danos ao fígado, rins e pulmão, além de anormalidade no sistema reprodutivo.
Químicos perfluoroalquílicos (PFCs)
Usados em embalagens de alimentos à base de papel e papelão, podem reduzir a imunidade, o peso ao nascer e a fertilidade. A pesquisa também mostra que os PFCs podem afetar o sistema da tireoide, fundamentais para o metabolismo, a digestão, o controle muscular, o desenvolvimento do cérebro e a resistência óssea.
Perclorato
Adicionado a algumas embalagens de alimentos secos para controlar a eletricidade estática, é conhecido por interromper a função da tireoide, o desenvolvimento e o crescimento do cérebro no início da vida.
Corantes artificiais
Comuns em produtos alimentícios infantis, podem estar associados a sintomas de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Estudos citados no relatório constataram que um número significativo de crianças que cortaram os corantes alimentares sintéticos da dieta apresentou diminuição dos sintomas de TDAH.
Nitratos/nitritos
São usados para preservar alimentos e melhorar a cor, especialmente em carnes curadas e processadas. Esses produtos químicos podem interferir na produção de hormônios tireoidianos e na capacidade do sangue de fornecer oxigênio ao corpo. Nitratos e nitritos também têm sido associados a cânceres gastrointestinais e do sistema nervoso.