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Estado de Minas PESQUISA

Embrapa cria pimenta-do-reino livre de vírus

Micro-organismos ameaçam a produção do tempero no Brasil


postado em 21/01/2019 14:29 / atualizado em 21/01/2019 14:37

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Sabia que existem dois vírus que estão ameaçando o cultivo de pimenta do reino no Brasil? Eles comprometem a fotossíntese das plantas, inibindo o crescimento e, consequentemente, afetando a produtividade. Agora, pesquisadores da Embrapa conseguiram produzir uma variedade 100% sadia que servirá de base para culturas livres dos micro-organismos.

"Os vírus não matam a planta, até mesmo porque eles se beneficiam dela, mas impedem seu crescimento pleno, fazendo com que seu tamanho e sua produtividade sejam muito aquém da sua capacidade. Uma planta livre de vírus consegue expressar toda sua potencialidade", afirma o pesquisador Oriel Lemos, da Embrapa Amazônia Oriental, no Pará, citado pelo portal de notícias da instituição.

Durante muito tempo, a fusariose ou podridão-das-raízes, causada pelo fungo Fusarium solani f. sp. piperis, foi considerada o maior problema da pimenteira-do-reino no estado do Pará. "Mesmo assim, com boas práticas, manejo adequado e o uso de cultivares recomendadas, é possível produzir mudas sem a doença", conta o pesquisador.

Já a virose é um problema silencioso, já que os sintomas podem aparecer gradativamente ao longo da vida da planta e aos poucos vão deixando sequelas, como a diminuição do tamanho e, consequentemente, a redução na produtividade. O problema é que toda muda produzida a partir de uma matriz infectada carrega a carga viral. Para a virologista Alessandra de Jesus Boari, da Embrapa Amazônia Oriental, essa doença é um problema maior do que se imagina. "Muitos produtores ainda não sabem reconhecer a planta doente no campo", diz a especialista, também citada pelo portal.

O trabalho de pesquisa sobre esses micro-organismos teve início na década de 1990. Após um processo de seleção de plantas no campo, foi identificado um material com características diferenciadas. O passo seguinte foi a germinação in vitro das sementes dessa planta, o que resultou na seleção das 10 variedades mais vigorosas e sadias. Elas foram clonadas, garantindo que as mudas produzidas pelo processo de micropropagação mantivessem fidelidade às matrizes.

"As mudas clonadas foram levadas para a área de um produtor e duas plantas de um mesmo clone se destacaram e foram multiplicadas por cerca de 10 anos. O desenvolvimento dessas plantas no campo vem sendo acompanhado detalhadamente", conta Oriel Lemos.

Elas apresentaram maturação mais homogênea dos frutos e "espigas" sem falhas. O rendimento ficou em 33% na secagem da pimenta, enquanto as plantas tradicionais apresentam produtividade de 28%. Além disso, os novos clones se adaptam melhor ao período de estiagem. Todas essas características foram herdadas da planta original.

Mas o que mais chama a atenção de pesquisadores e produtores é que esse material é livre de vírus, ou seja, 100% sadio. Ele dá origem a uma nova cultivar de pimenteira-do-reino a ser lançada em 2019 pela Embrapa. Atualmente, o material está sendo cultivado em áreas de produtores no município de Baião, no nordeste do Pará.

(com assessoria da Embrapa Amazônia Oriental)

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