Publicidade

Estado de Minas CURIOSIDADE

Sabia que o restaurante a quilo foi 'inventado' em Belo Horizonte?

O self-service 'com balança' surgiu na década de 1980


postado em 20/02/2019 08:00 / atualizado em 20/02/2019 08:18

Com a abertura do restaurante Isto e aQuilo nos anos 1980, surgia em Belo Horizonte, e no Brasil, o serviço de comida a quilo(foto: Google Street View/Reprodução)
Com a abertura do restaurante Isto e aQuilo nos anos 1980, surgia em Belo Horizonte, e no Brasil, o serviço de comida a quilo (foto: Google Street View/Reprodução)

Uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2017, revelou que 70% dos restaurantes do Brasil são do tipo self-service. Existem dois tipos de estabelecimentos nessa modalidade: os que cobram um valor fixo pela refeição, independente da quantidade servida; e aqueles nos quais o cliente é cobrado de acordo com o peso da comida que foi colocada no prato. Mas, poucas pessoas sabem que o estabelecimento do tipo "comida a quilo" é uma invenção brasileira, mais precisamente, mineira.

A ideia surgiu na cabeça do belo-horizontino Fred Mata Machado, no ano de 1984. "Naquela época, o hábito de almoçar em casa já não era possível para uma grande parcela da população, que trabalhava fora. Havia, ainda, um déficit de empregadas domésticas, principalmente as que sabiam cozinhar", recorda o empresário.

À época, então com 37 anos, era proprietário de um restaurante chamado Bartolomeu, inaugurado em 1980, tendo como sócio o irmão Paulo. Segundo Fred Mata Machado, a maioria dos estabelecimentos existentes, inclusive o seu, eram "à la carte" ou self-service com preço fixo.

O empresário, hoje com 71 anos, conta ainda que para atender à demanda crescente do almoço fora de casa, pensou em criar um "sistema mais prático e mais acessível, que atendesse também às famílias". Com isso, introduziu o serviço de comida a quilo em Belo Horizonte – e no país.

(foto: Nova Safra/Divulgação)
(foto: Nova Safra/Divulgação)

Ele inaugurou no tradicional bairro de Lourdes, na região centro-sul da capital mineira, um restaurante chamado Isto e aQuilo, que brinca com uma expressão comum da língua portuguesa e, ao mesmo tempo, com o tipo de estabelecimento. "Inicialmente, as pessoas compravam as refeições e precisavam levar para casa porque não havia espaço para consumir no restaurante. Posteriormente, alugamos o espaço anexo e instalamos mesas e cadeiras para que os clientes pudessem fazer a refeição", lembra Fred Mata Machado.

O empresário revela também uma curiosidade: como o Isto e aQuilo estava localizado numa região rica da cidade, as "madames" tinham vergonha de comprar comida caseira e ter que transportar as refeições em marmitas. Segundo ele, elas entravam no restaurante, avaliavam, anotavam e, posteriormente, "enviavam os motoristas para que pesassem e adquirissem o alimento".

Claro que o sucesso da nova modalidade de self-service foi instantâneo, conforme Fred Mata Machado, o que o motivou a abrir mais oito unidades do Isto e aQuilo na capital mineira.

Atualmente, apenas uma unidade do estabelecimento permanece funcionando. Ela está localizada na avenida Prudente de Morais, no bairro Cidade Jardim, também região centro-sul de BH.

Revolução

De acordo com o crítico gastronômico mineiro Rusty Marcellini, que também é apresentador do canal GNT, da TV paga, a criação do self-service a quilo em Belo Horizonte provocou uma verdadeira revolução no comportamento dos mineiros e mesmo dos brasileiros. "Antes disso, as pessoas que trabalhavam fora iam almoçar em casa, era um costume. A invenção da comida a quilo foi o primeiro passo para popularizar o hábito que temos hoje de comer fora de casa", comenta o especialista.

Rusty destaca ainda que não foi só o almoço e o jantar que passaram a ser cobrados por peso, mas também os lanches e, até mesmo, o café da manhã. "Basta observar a quantidade de padarias e lanchonetes que oferecem o serviço nessa modalidade. Foi realmente uma revolução", comenta o crítico de gastronomia.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade