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Estado de Minas PET

Quando o latido vira um problema

O que fazer quando o cão não para de latir, o vizinho reclama e ninguém mais aguenta o barulho? Saiba quais são as melhores dicas para solucionar a questão


postado em 20/03/2013 13:46 / atualizado em 20/03/2013 14:01

Eles latem para se comunicar. Latem para indicar que estão com fome, sede ou sentindo algum desconforto. Também latem para demonstrar que estão felizes, pedir atenção ou defender o seu território. Esta é a principal forma que os cães têm para expressar o que se passa em seu pequeno universo, mesmo sendo comum fazerem uso de outros tipos de linguagem, como uivos, rosnados, choro e o hábito de cheirar.  Reações completamente normais em se tratando de seres que mesmo domesticados, não perderam seus instintos naturais.

A constatação do filósofo norte-americano Henry David Thoreau de que muitas vezes o homem é mais próximo do seu bicho de estimação do que de seus próprios parentes pode ser comprovada na vida moderna, em que cães e gatos deixaram de ser abrigados em casinhas para ocupar um espaço cativo nos aposentos de seus donos. Definitivamente, o quintal já não é mais o único ambiente da casa que eles frequentam. Com a crescente humanização dos animais, seu território se expandiu para quartos e salas, especialmente em apartamentos, onde o espaço de circulação é reduzido. E, sem praticar atividades físicas e, não raro, passando horas a fio sozinhos, os pets ficam propensos a desenvolver vários distúrbios de comportamento – especialmente os cães, que são mais carentes de atenção humana.

Com três cachorrinhas e morando em apartamento, Karina e Gustavo suam a camisa:
Com três cachorrinhas e morando em apartamento, Karina e Gustavo suam a camisa: "Faça chuva ou faça sol, não abrimos mão de levá-las para passear. Assim, elas quase não latem", diz Gustavo (foto: Eugênio Gurgel)


Um dos problemas mais recorrentes é o excesso de latido. Os motivos podem ter diversas origens – entre elas, medo, solidão, depressão e ansiedade. Mas, para os donos, o problema é outro: os animais acabam perturbando a vizinhança. Em alguns casos, proprietários de pets são obrigados a pagar multas salgadas para o condomínio onde moram e, em casos extremos, têm de mudar de endereço. O que fazer, portanto, se seu cãozinho amigo anda exagerando no latido?

Com vizinhos indignados e proprietários desesperados, o primeiro passo é descobrir qual é a causa deste comportamento compulsivo. Os especialistas já adiantam que não existe fórmula milagrosa, mas sim algumas técnicas que, quando usadas em conjunto, surtem resultados satisfatórios. “Cada caso é diferente e demanda, portanto, uma técnica diferente, seja ela composta por tarefas, exercícios diários ou com o auxílio de algum equipamento. O importante é promover a reeducação do animal de forma positiva, sem agredi-lo”, explica Jean Cloude, terapeuta canino do programa de TV Reabilitador de Cães.

Em um período em que teve de trabalhar à noite, a empresária Maria Lúcia Cunha foi informada por vizinhos que Igor, poodle de 12 anos, não deixava ninguém dormir. “Como moro em apartamento, fiquei preocupada, porque as reclamações se tornaram constantes. Ele latia sem parar”, relembra. Orientada por um profissional, optou pelo uso de uma coleira antilatido, que emite um sinal sonoro a cada latido dado pelo cão, inibindo a prática. O som, imperceptível aos ouvidos humanos, incomoda bastante a bicharada.  “Eu a utilizava apenas nos momentos em que me ausentava, de forma a não prejudicá-lo. Depois de um tempo, ele parou de latir e a coleira foi dispensada”, conta Maria Lúcia.

Maria Lúcia Cunha foi informada por vizinhos que Igor, seu poodle de 12 anos, não parava de latir:
Maria Lúcia Cunha foi informada por vizinhos que Igor, seu poodle de 12 anos, não parava de latir: "Como moro em apartamento acabei optando pelo uso da coleira antilatido. Deu certo" (foto: Samuel Gê)


Apesar de apresentar vantagens, o uso da coleira antilatido é polêmico e recomendado com restrição pelos especialistas. “Adestrar um animal é como educar um filho. Ele tem de entender que, ao ouvir o sinal sonoro, é hora de parar de latir. Caso contrário, pode se estressar ainda mais e ficar traumatizado”, diz o adestrador Germano Soths. Para Carlos Alberto Dias Alencar, veterinário da Clínica São Francisco de Assis, o uso da coleira é indicado em casos específicos. “Não podemos radicalizar, mas existem várias outras formas de educar o animal e prevenir este comportamento antes de utilizar a coleira. Fatores comportamentais estão muito ligados à forma como o dono educa o seu animal e ao espaço e atenção que ele tem disponíveis”. Além do sinal sonoro, alguns modelos de coleira emitem choques em baixa frequência, spray de água e de citronela. Todos com função punitiva. “A coleira é uma forma de adestramento que pode funcionar especialmente em animal jovem, mas jamais indicamos a função choque, que consideramos agressiva”, diz Benjamim da Silva Maciel Júnior, veterinário da Clínica Veterinária Santo Agostinho.

Com três cachorrinhas em casa e morando em apartamento, o casal Karina e Gustavo Bregunci, ambos veterinários, decidiu suar a camisa para evitar o estresse dos animais. “Faça chuva ou faça sol, seja dia comum ou feriado, não abrimos mão de levá-las para passear no mínimo duas vezes ao dia. Desta forma, elas ficam super tranquilas e quase não latem”, conta Gustavo. Tentar entender o animal e detectar o que o faz latir é mesmo a forma mais eficaz de acabar com o problema. Verificar qual o perfil do cão que se pretende ter também é uma boa medida de prevenção. “Tem raça que não gosta de ficar sozinha, late mais, ou não se adapta ao ambiente que você tem disponível. O ideal é saber qual delas se adequa melhor ao seu estilo de vida, e não adquirir um bicho por impulso”, orienta Junia Menezes, veterinária da Clínica de Pequenos Animais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Um alerta: retirar a corda vocal dos animais é prática proibida pela Lei Federal 9605/98, Artigo 32, que prevê penas contra maus tratos. “Impedir o animal de latir é o mesmo que proibir o ser humano de falar. E a lei é clara quando diz que é proibido mutilar qualquer animal, inclusive cortar o rabinho”, orienta a advogada criminal Rita de Cassia Siman, ativista pelos direitos dos animais. Fórmula milagrosa para acabar com os latidos? A estudante Priscila Abdala garante saber qual é: “Ter paciência e dar muito amor ao seu bichinho de estimação”.

O que fazer para educar seu cão

  • O adestramento positivo identifica a causa do problema e busca a melhor técnica para solucioná-lo
  • As creches para pets podem ser uma boa opção para o animal interagir com outros bichos e diminuir a ansiedade
  • Praticar atividades recreativas como passeios e brincadeiras traz satisfação aos animais e os deixa mais tranquilos
  • Ter paciência e dar muito carinho ao seu pet traz segurança e diminui o estresse
  • O uso de coleiras antilatido é indicado apenas em casos específicos e com orientação profissional
  • A visita ao veterinário é importante para identificar se o animal está com algum problema de saúde


Fonte:
veterinários consultados

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