
Há desenhos que aparecem sem pedir licença, outros são injetados nos muros com a permissão do morador ou comerciante. Como é o caso de O Palhaço, na parede de um estacionamento localizado na esquina das ruas Espírito Santo com Guajajaras, no centro. De acordo com a Secretaria Municipal de Regulação Urbana, não há problema em conviver com os grafites na cidade, desde que eles sejam autorizados pelos proprietários dos imóveis. Independentemente da polêmica, a arte tem ganhado fãs. Há quem até contrate o serviço para deixar o visual do estabelecimento mais atraente, como é o caso da proprietária de uma empresa especializada em coaching, no Funcionários. “Fica bonito e dá um destaque interessante para o negócio”, diz Irene Rangel. “Pedi ao grafiteiro que elaborasse algo que remetesse ao universo, mas aí ele deu uma incrementada. Não há limites.”

Maria Luiza Viana Dias, professora do curso de design da Escola de Arquitetura da UFMG, uma das principais pesquisadoras do assunto no estado, acredita que a arte está sendo mais aceita por sua persistência no cenário urbano. “No Brasil, podemos notar o crescimento da manifestação desde a década de 1970, motivado pelo cenário político”, diz. Ao mesmo tempo, lembra que as pinturas rupestres podem ser destacadas como os parentes mais distantes do grafite, como escreveu o artista plástico Celso Gitahy em seu livro O que É Graffiti. “Hoje, usamos tintas em spray e não pintamos cervos e bisões, mas, sim, ideia, signos, que passam a compor o visual urbano”, diz Maria Luiza.

Há muitos exemplos pela cidade. Maria Raquel Bolinho, de 29 anos, há seis projeta nos muros da capital seus cupcakes personificados. “Quando comecei, algumas pessoas reclamavam e falavam mal, mas hoje elas já reconhecem o bolinho, fazem fotos e colocam no Instagram”, diz a jovem, que contabiliza mais de 500 trabalhos em BH. O grafiteiro Marcelo Gomes de Assis, de 34 anos, conhecido como Gud e envolvido com o grafite há 18 anos, também percebe maior aceitação. “Hoje, todo mundo elogia”, diz. “Gosto de mesclar desenhos reais com surrealistas, aí vou viajando.” Ainda não se convenceu? Então confira uma pequena amostra.



