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Estado de Minas ESPECIAL BAIRROS | BELVEDERE

Belvedere é polo de educação bilingue e internacional

Isso faz com que brasileiros e estrangeiros de toda a Belo Horizonte tenham o bairro da região centro-sul como referência neste aspecto


postado em 01/08/2017 14:26

Depois que as filhas, Laura (à esq.), de 16 anos, e Letícia, de 13, tornaram-se alunas da Fundação Torino, os empresários André e Cláudia Carvalho passaram a fazer compras e a frequentar restaurantes e a igreja do bairro:
Depois que as filhas, Laura (à esq.), de 16 anos, e Letícia, de 13, tornaram-se alunas da Fundação Torino, os empresários André e Cláudia Carvalho passaram a fazer compras e a frequentar restaurantes e a igreja do bairro: "Eu costumo dizer que nós não moramos aqui, mas adotamos o Belvedere como nosso", afirma Cláudia (foto: Cláudio Cunha/Encontro)
"De repente, as palavras se desvendaram para mim." O sentimento de descoberta da estudante Laura Carvalho, de 16 anos, aconteceu depois das aulas de latim, um mergulho na alma do português. Aluna da Fundação Torino, ela mora próximo à Pampulha e cruza a cidade todos os dias até a escola internacional, onde, além do português, inglês e do italiano, estuda por opção o latim escrito. Se na década de 1980 quem era criança no Belvedere precisava buscar colégios em outros bairros, agora o caminho se inverteu. A partir dos anos 1990, a região se tornou um polo, da educação infantil ao ensino médio.

A Fundação Torino Escola Internacional transferiu suas atividades do Sion para a rua Jornalista Djalma Andrade em 1999. Criada em Belo Horizonte um ano antes de a fábrica da Fiat chegar a Betim, para atender os funcionários da montadora, a escola agora é aberta a estudantes de toda a cidade, e muito procurada por estrangeiros que moram em BH. Laura Carvalho e sua irmã Letícia, de 13 anos, terão um diploma internacional do ensino médio, com validade no Brasil e na Europa. "Tenho vontade de cursar universidade em um país como a Inglaterra", diz Laura.

Depois que as duas filhas foram matriculadas na Fundação Torino, os empresários do setor farmacêutico André e Cláudia Carvalho contam que passaram a frequentar o bairro.  "Chegamos a pensar em nos mudar para o Belvedere, mas ficaria distante de nosso trabalho e complicado para a logística familiar", diz André. Hoje, o casal faz suas compras no bairro, tem amigos, frequenta restaurantes e a paróquia Nossa Senhora Rainha. "Eu costumo dizer que nós não moramos aqui, mas adotamos o Belvedere como nosso", afirma Cláudia.

Especializado em educação infantil, o Instituto Tarcísio Bisinotto (ITB) foi o primeiro a apostar no potencial do bairro e cresceu com o Belvedere. Ali, a tranquilidade da avenida Professor Cristóvam dos Santos é quebrada pelo barulho das crianças que se divertem debaixo da mangueira, onde Violeta, a pequena tartaruga, é a grande atração. A diretora Renata de Castro Macedo viveu a infância na vizinhança, em uma casa espaçosa, e se lembra de precisar estudar na Savassi, já que até meados da década de 1990 não havia opção no bairro. Com visão empreendedora, Renata enxergou rápido que o Belvedere crescia e precisava de uma escola. Inaugurado em 1997, o Tarcísio Bisinotto começou em um prédio térreo. Agora, são três andares, e os cinco primeiros alunos se transformaram em 150. "Fomos acompanhando a demanda do bairro", diz. "No ano que vem a nossa novidade será a educação bilíngue para toda a escola, e não apenas para os alunos do integral."

Terra fértil para a educação, as escolas que se instalaram no Belvedere se consolidaram. Na década de 1990, tudo o que a geóloga e professora de física, matemática e química Edna Roriz desejava era comprar um terreno em um bairro tranquilo, de frente para a serra do Curral, sua grande paixão. O Belvedere era perfeito. Negócio feito, sete lotes comprados. Em 1998 ela inaugurou o Colégio Edna Roriz, que hoje atende crianças da educação infantil ao ensino médio, em 3,5 mil metros quadrados na avenida Professor Cristóvam dos Santos. Há 19 anos no bairro, o Edna Roriz mantém parceria com universidades americanas. Além de atender crianças de toda a região, dedica 20% de suas vagas a alunos das comunidades do Acaba Mundo e Papagaio.

Depois de 40 anos no bairro de Lourdes, em 2010 o Colégio Colibri se transferiu da rua Fernandes Tourinho para o Belvedere. "Foi um desafio e tanto", lembra a diretora pedagógica e uma das fundadoras da escola, Maria Letícia de Sousa Dornas. A casa escolhida para abrigar a escola foi um achado: uma antiga residência de Darcy Bessone, fundador do bairro. A construção espaçosa, na avenida Celso Porfírio Machado, virou um colégio para alunos da educação infantil ao ensino médio, com quadra de esportes, salas confortáveis e teatro de arena. Desde que chegou ao Belvedere, o Colibri introduziu a vivência bilíngue para crianças de até 6 anos e tem módulos como culinária, jardinagem e horta, fotografia, música e circo. Hoje, conta com 250 alunos. "Oferecemos uma educação com foco nos valores e na formação para a vida. O público que atendemos é muito exigente, mas confia na escola. Muitas famílias são moradoras do bairro, mas atendemos a todo o entorno", diz Letícia Dornas, educadora que está há 47 anos à frente do colégio.

Studia che ti fa bene

A diretora geral da Fundação Torino Escola Internacional, Márcia Naves:
A diretora geral da Fundação Torino Escola Internacional, Márcia Naves: "O espaço da antiga Casa Fiat foi alugado pela escola. Agora, o centro cultural, o bistrô e a biblioteca estão abertos a toda a comunidade" (foto: Cláudio Cunha/Encontro)
Com alfabetização em português e italiano, a Fundação Torino Escola Internacional também tem formação em inglês, espanhol, além do latim, de acordo com a opção dos estudantes. Mas não é muita coisa? "Existe uma comprovação de que a partir do segundo idioma os outros são aprendidos com muito mais facilidade. Os alunos da Fundação Torino são estudantes que acreditam que o mundo não tem fronteiras", explica Márcia Naves, diretora geral da escola.

Economista com formação em educação corporativa e também informática aplicada à educação, Márcia Naves dirige a escola há dois anos e está à frente também da Isor, universidade corporativa da Fiat Chrysler Automobile (FCA) na América Latina. Ela explica que os novos projetos estão sempre acontecendo, em todas as áreas, como o recente Divinas Conversas, de literatura, que envolve bate-papo dos estudantes com escritores. Em uma iniciativa pioneira no Brasil, também inovou no ensino da informática. A disciplina é abordada como uma linguagem. "A partir de 5 anos, as crianças começam a aprender a programar e o resultado tem sido maravilhoso", diz Márcia Naves. A Fundação Torino também está ainda mais próxima da comunidade do Belvedere. "Alugamos o espaço da antiga Casa Fiat, onde temos um centro cultural, um bistrô e a biblioteca, com todo o seu acervo, abertos à comunidade do bairro."

Educação e solidariedade

A diretora Edna Roriz (de vermelho) com estudantes que fazem tricô, usando tear criado na escola, e doam as peças para projetos assistenciais do Belvedere: trabalho voluntário(foto: Cláudio Cunha/Encontro)
A diretora Edna Roriz (de vermelho) com estudantes que fazem tricô, usando tear criado na escola, e doam as peças para projetos assistenciais do Belvedere: trabalho voluntário (foto: Cláudio Cunha/Encontro)
Depois de uma semana com horário integral de estudos e provas apertadas, os alunos do Edna Roriz aproveitam uma folguinha, na sexta à tarde, para uma outra aula. Na classe, lápis, livros e cadernos são trocados por um tear manual feito de material reciclado, inventado pela própria diretora pedagógica. Da mochila, saem lãs de cores variadas, conseguidas a partir de doações. Aos poucos, eles se acomodam na sala de aula e, com o tear em mãos, começam a transformar os retalhos em gorros, que depois serão doados a projetos sociais da paróquia Nossa Senhora Rainha. "Costumo dizer aos meninos que aqui a única coisa que se pode doar é o trabalho", diz a diretora Edna Roriz, explicando que assim o envolvimento dos adolescentes se torna maior. Mesmo alunos que buscam vagas em cursos universitários concorridos, como medicina ou fisioterapia, não abrem mão da dedicação ao voluntariado. É o caso de André Campos, de 18 anos, Davi Fernandes, de 17, e Isabela Freire, também de 17. "Mais do que o tricô, gostamos do trabalho com a turma de alunos especiais. Lá fazemos brincadeiras para ajudar a desenvolver o pensamento deles", explica o futuro médico André.

Ajudando a aprender


A diretora Maria Letícia, entre as alunas Fernanda de Moraes e Raquel Guimarães: aulas de alfabetização para adultos do bairro(foto: Ronaldo Dolabella/Encontro)
A diretora Maria Letícia, entre as alunas Fernanda de Moraes e Raquel Guimarães: aulas de alfabetização para adultos do bairro (foto: Ronaldo Dolabella/Encontro)
O voluntariado também está na sala de aula do Colégio Colibri. Lá, os alunos ensinam quem ainda não sabe ler. A alfabetização para adultos atende moradores do bairro Belvedere e região. "São pessoas que moram aqui próximo e muitas vezes dormem no próprio trabalho e aproveitam a noite para aprender a ler. Os professores são os nossos estudantes do ensino médio", explica a diretora Maria Letícia de Sousa Dornas. Fernanda de Moraes e Raquel Guimarães, ambas com 10 anos, cursam o 5° ano. Raquel mora no Sion e Fernanda, no Vila da Serra. O Colibri não é a primeira escola que frequentam, mas elas aprovaram a mudança e dizem gostar do bairro onde estudam. "Aqui é muito bom, os professores são legais, as brincadeiras no pátio são ótimas e não tem bullying", observa Raquel. "No carnaval, gostamos de sair pelas ruas do bairro", diz Fernanda. Outra novidade no colégio é o chamado inglês estendido para a educação infantil, que permite uma imersão na língua durante algumas manhãs da semana.

O primeiro do bairro

A diretora Renata de Castro Macedo:
A diretora Renata de Castro Macedo: "Educação bilíngue será estendida para toda a escola a partir do ano que vem" (foto: Ronaldo Dolabella/Encontro)
Desde que abriu suas portas na avenida Professor Cristóvam dos Santos, inaugurando a primeira escola do Belvedere, o Colégio Tarcísio Bisinotto atrai famílias de toda a região e os pais que trabalham por ali ou em bairros próximos. A escola se especializou na educação infantil. O Tarcísio Bisinotto tem espaço dedicado aos bebês, que desde muito pequenos ficam aos cuidados de equipe especializada. A diretora Renata de Castro Macedo lembra que a escola realiza o processo de retirada da fralda dos pequenos, oferece alimentação balanceada e os horários estendidos podem ser definidos pelas famílias. Para os pequenos do integral, a educação já é bilíngue e a partir do ano que vem será estendida para toda a escola. A agenda eletrônica foi uma inovação. A escola trocou o papel e agora a rotina dos filhotes pode ser acompanhada pelos pais por um aplicativo.

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