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Estado de Minas ESPECIAL BAIRROS | SAVASSI E FUNCIONÁRIOS

Região da Savassi se destaca pelo comércio variado e livrarias charmosas

Lojas cheias de personalidade e com mix de produtos fazem a fama do local, que também se tornou um ponto de resistência de livrarias de rua


postado em 23/08/2017 12:48

Silvia Yamagushi e Marcela Vilela eram recém-formadas quando abriram a Mercado, na rua Paraíba: a loja já passou por uma expansão e tem duas filiais(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Silvia Yamagushi e Marcela Vilela eram recém-formadas quando abriram a Mercado, na rua Paraíba: a loja já passou por uma expansão e tem duas filiais (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Um espaço onde se pode andar a pé, com quase tudo a poucos passos, como livrarias, lojas de moda e o ponto de encontro com os amigos. Na Savassi, o comércio se destaca pelo tom eclético, com personalidade e público fiel. Muitas casas se tornaram referência de estilo e outras, apesar do pouco tempo, fazem sua história na região, que continua abrindo espaço para novidades.

Alguns endereços da Savassi nasceram de forma inesperada e acabaram se consolidando no bairro. É o caso da Mercado, que surgiu bem pequena na rua Paraíba. Há 15 anos, as jovens empreendedoras Silvia Yamagushi e Marcela Vilela receberam um aviso para deixar  o ponto comercial onde mantinham um box de roupas e acessórios descolados na feira shop, na avenida Cristovão Colombo. Na dúvida sobre o que fazer, as duas, então recém-formadas, decidiram tomar um chope na rua Antônio de Albuquerque enquanto pensavam no futuro. A resposta que buscavam não era simples. Elas deixariam a Savassi e voltariam para suas áreas de formação, no escritório de direito e no mercado financeiro, ou continuariam empreendendo no mundo da moda? Da mesa do bar, elas enxergaram a resposta que buscavam, escrita em letras grandes, do outro lado da rua: "Aluga-se". Da oportunidade nasceu a loja de roupas, acessórios e artigos para casa, que passou por uma expansão e já ganhou duas filiais, uma na rua Pernambuco e outra no bairro Vila da Serra.

Raquel Vieira está há 14 anos à frente do Brechó Brilhantina:
Raquel Vieira está há 14 anos à frente do Brechó Brilhantina: "Com a crise, muitas consumidores decidiram se desfazer de peças lindas. O desapego aumentou e com isso o brechó ficou cheio de boas pedidas" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
"Adoramos a Savassi, nosso negócio é de rua, gostamos  do ponto, nunca pensamos em sair daqui", diz Silvia. "Durante esse tempo, vimos a Savassi melhorar. A região passou por obras, tempos difíceis de barulho e poeira, mas valeu a pena, foi construída toda uma rede de saneamento básico", diz Marcela. Outra que observou o desenvolvimento da região é Izabela Andrade de Silva, dona da Izabela Baby há 35 anos, na rua Tomé de Souza, esquina com Pernambuco. "Nos últimos anos, a Savassi foi se tornando mais organizada."

A Izabela Baby veste gerações de bebês com suas roupinhas exclusivas e enxovais diferenciados. Com bom humor, a proprietária confessa que nunca pensou em mudar de ponto. Ela lembra que já experimentou lojas em shoppings, mas o negócio na Savassi é tradicional. A loja comercializa de roupas de cama a bolsas para sair. "Todo o nosso enxoval é feito no Brasil. Bordados aplicados, bonitos e fáceis de cuidar, opções que as grávidas não encontram no exterior", observa.

Há clientes que vêm de longe para garimpar peças com ar alternativo nos quarteirões da Savassi, como a promotora de Justiça Natália Anderaos. Há 10 anos ela se mudou de Belo Horizonte para Brasília, mas não esqueceu suas lojas preferidas. "Quando venho a Belo Horizonte, procuro a Savassi para comprar roupas mais alternativas e menos tradicionais", diz ela, que vai levar na bagagem novidades garimpadas durante as férias.

A empresária Maria Lina Borges gosta de ler na companhia de Heitor, seu neto:
A empresária Maria Lina Borges gosta de ler na companhia de Heitor, seu neto: "Sinto falta de mais livrarias, com espaço também para bate-papo" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Apesar do nome, novidade é o que não falta no Brilhantina Brechó. Tradicional na rua Tomé de Souza, há 14 anos a loja é uma referência no segmento vintage. Raquel Vieira, a proprietária, cresceu acompanhando os modelos diferenciados feitos sob medida pela mãe, costureira. Antes de montar o Brilhantina, a lojista já era consumidora ávida de brechós e trabalhava com moda, o que a ajudou a desenvolver o olhar clínico para selecionar peças que lembram outros tempos e outros lugares.

Se a crise tem um lado bom, o acervo do Brilhantina conheceu de perto: "Muitas consumidoras decidiram se desfazer de peças lindas. O desapego aumentou muito e com isso o brechó ficou cheio de boas pedidas." Raquel gostaria de ver a Savassi mais bem cuidada, mas nunca pensou em deixar o seu ponto. O conhecido brechó, uma referência no segmento, pode crescer. "No futuro penso em abrir mais uma loja, quem sabe um Brilhantina festa? Tenho a certeza de que será aqui mesmo, na Savassi."

O livreiro Alencar Perdigão, dono da Quixote, há 14 anos na Rua Fernandes Tourinho:
O livreiro Alencar Perdigão, dono da Quixote, há 14 anos na Rua Fernandes Tourinho: "É quase uma resistência. Esse quarteirão é um charme" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Quem também escolheu a região como ponto de partida para uma nova ideia foi a Mooca, primeira loja colaborativa do Brasil. Idealizada por Fabiana Soares e Marina Montenegro, a loja está instalada na rua Tomé de Souza e completa dois anos em setembro. A Mooca reúne produtores locais e criativos para trabalhar em rede. O objetivo é que os empreendedores recebam mentoria para desenvolver seus produtos, consigam trabalhar com outros produtores e tenham ainda a loja como seu ponto de venda. "Mais de 15 marcas já nasceram na Mooca e outras 20 estão sendo aceleradas", conta Fabiana Soares.

Nos últimos tempos, algumas livrarias fecharam na região, mas a rua Fernandes Tourinho continua como um refúgio de leitores, adultos e crianças. "É quase uma resistência", diz Alencar Perdigão, livreiro dono da Quixote, um espaço de conhecimento, convivência, encontros acadêmicos e de conversa entre amigos que está há 14 anos na Fernandes Tourinho. Alencar lembra que na mesma rua são três livrarias, além de uma loja de DVDs e CDs, sem citar papelarias, com materiais diferenciados para quem gosta de escrever. "Esse quarteirão é um charme", diz o livreiro, que gostaria de ver mais apoio para movimentos culturais com o objetivo de movimentar o quarteirão. Mas ele conta com a presença de leitores fiéis. "Sinto falta de mais livrarias na Savassi, mais espaços onde seja possível tomar uma bebida e conversar sobre livros, sobre literatura", diz a empresária Maria Lina Borges, que costuma ter a companhia de seu neto Heitor, de 6 anos, um fã de histórias em quadrinhos.

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