
A situação se agrava ainda mais quando, além da aparência, ocorrem sintomas como falta de lubrificação, incontinência urinária e dor durante o ato sexual, entre outros inconvenientes. "É comum mulheres que não se sentem bem com suas partes íntimas negligenciarem sua sexualidade, o que gera vários transtornos emocionais", diz a ginecologista Luciana Regis, da Clínica da Pele. Ela explica que, fora as questões externas, ações de relaxamento e alargamento da vagina decorrentes de partos consecutivos e do envelhecimento natural, na fase da perimenopausa e pós-menopausa, exigem atenção em todo o sistema genital feminino.

O surgimento do chamado rejuvenescimento íntimo fez com que mulheres com problemas semelhantes ao de Elisiane vislumbrassem novos horizontes. Aos poucos, tanto elas quanto os especialistas perceberam que não se tratava de uma futilidade estética, mas, sim, de uma questão de saúde e conquista de qualidade de vida. Passou-se a considerar que, dependendo do incômodo, além da vida sexual, o lado emocional da mulher é seriamente comprometido. Exceto em casos graves, os procedimentos estéticos são indicados na maturidade sexual, logo após os 18 anos, quando a paciente pode optar por tratamentos mais ou menos invasivos. "Nos casos cirúrgicos, o ideal é aguardar o mínimo de dois anos após a primeira menstruação", orienta a cirurgiã plástica Cíntia Mundin.

A decisão sobre qual procedimento deve ser realizado, contudo, requer avaliação de profissionais capacitados. Muitas vezes, a análise deve ser multidisciplinar, realizada por ginecologista, dermatologista, fisioterapeuta, cirurgião plástico e psicólogo. "É inútil buscar um padrão de beleza para a vulva, tendo em vista que cada corpo tem sua especificidade. Mas é possível melhorar a qualidade de vida da mulher e aumentar a sua autoestima", diz a ginecologista Luiza de Miranda Lima, da Quanta Laser. Antes de se submeter a qualquer intervenção, é preciso passar por uma avaliação ginecológica.

Entretanto, apesar das estatísticas, as mineiras ainda não se sentem à vontade para falar abertamente sobre o assunto. Nos consultórios médicos, é comum chegarem sem acompanhante. "Na maioria dos casos, nem mesmo os familiares têm ciência do que está sendo realizado", diz a cirurgiã plástica Raquel Virginia. "Somente 10% das minhas pacientes fazem esse tipo de procedimento." A encarregada administrativa Maria Luíza Gabriela, de 29 anos, é uma delas. Ela começou a se sentir incomodada com a estética de sua vulva por volta dos 25 anos. O que mais a marcou foi a sensação que sentia ao colocar lingerie ou biquíni e notar um certo volume. "Os lábios eram muito grandes e eu tinha vergonha." O constrangimento era tanto que nem conseguia compartilhar sua frustração. Sofreu sozinha, até começar a pesquisar sobre o tema na internet e descobrir que o problema não era só dela. Lendo relatos de outras mulheres, sentiu-se motivada a procurar ajuda profissional. Em julho deste ano, fez a cirurgia que mudaria a sua vida. A família foi informada uma semana antes, mas sem detalhes de qual intervenção seria realizada. "Renasci. Recuperei a minha autoestima".

Para otimizar o pleno funcionamento da genitália feminina, os especialistas indicam terapias complementares, entre elas, a fisioterapia do assoalho pélvico. A análise da função da musculatura local, por meio dos componentes de força, resistência, tônus, controle, coordenação e reflexo, determina quais exercícios devem ser realizados. "O treinamento dos músculos do assoalho pélvico ocorre por meio da contração voluntária repetitiva e do relaxamento, visando melhorar o desempenho e a capacidade de ativação muscular da região", diz a fisioterapeuta Elza Baracho. Segundo ela, a técnica é uma importante ferramenta na prevenção e tratamento das incontinências urinárias e anais, prolapso dos órgãos pélvicos e disfunções sexuais. "Exemplos são os transtornos de dor genitopélvica com ou sem penetração, ou diminuição da libido e do prazer em razão de um músculo mais flácido", diz. Para a ginecologista Iracema Fonseca, do mesmo jeito que se trabalha os demais músculos do corpo, é importante que a mulher se preocupe em fortalecer a musculatura do assoalho pélvico. "Especialmente quando se prepara para uma gestação, seja para auxiliar na hora do parto seja em sua recuperação posterior", diz.
Entenda as cirurgias da intimidade Perineoplastia
Realizada na parte externa do órgão genital feminino, busca reconstituir os músculos do períneo, que sofre com as ações de relaxamento e alargamento decorrentes de partos consecutivos ou do envelhecimento
Vaginoplastia
Corrige a flacidez muscular presente no local, promovendo o estreitamento do canal vaginal, com o objetivo de remodelar os músculos pélvicos e auxiliar na correção de possíveis casos de incontinência urinária decorrentes de queda da bexiga, além de aumentar o prazer do ato sexual à mulher e a seu parceiro
Labioplastia
Redução dos grandes lábios vaginais em mulheres que sofrem com o aumento excessivo de pele e flacidez na região e correção da hipertrofia dos pequenos lábios, pelo aumento de tamanho
Lipoaspiração do Monte de Vênus
Região acima da vulva, o monte de vênus é a parte da genitália feminina coberta por pelos e constituída por tecido gorduroso. Indicada para mulheres com excesso de gordura no púbis
Estreitamento do canal vaginal
Indicada para mulheres que passaram por partos normais ou que, mesmo em decorrência da ação do tempo, possuem a sensação de que a vagina perdeu a elasticidade natural. O procedimento fecha o músculo e devolve o tônus
*Custo médio das cirurgias: R$ 8 mil
Rejuvenescimento íntimo sem cirurgia
Radiofrequência controlada
Atenua o relaxamento do canal vaginal ao produzir o seu estreitamento. Aumenta a lubrificação reduzida com a atrofia vaginal relacionada à menopausa. Melhora a tonicidade da pele dos grandes e dos pequenos lábios. Além de tratar incontinência urinária e fecal em casos leves e moderados.
Manutenção: anual
Custo médio de cada sessão: de R$ 1 mil a R$ 2,5 mil
Rejuvenescimento vaginal a laser
Além de reduzir o alargamento da vagina, o procedimento é indicado para tratamentos de incontinência urinária, atrofia e secura vaginais, recuperando ainda a cor natural da pele genital. Método indolor, não precisa de anestesia.
Manutenção: de seis em seis meses.
Custo médio da sessão: R$ 2 mil
Preenchimentos com ácido hialurônico
Indicado nos casos de flacidez dos pequenos e grandes lábios, para dar volume ao local.
Manutenção: a cada ano e meio
Custo médio da aplicação: R$ 2 mil
Peelings Químicos
Realizados na parte externa da genitália, com produtos específicos para a região, têm a função de clareamento.
Manutenção: 1 a 2 meses.
Custo médio da sessão: R$ 600
Cosméticos
Produtos e cremes diários com a função de rejuvenescimento e de clareamento íntimo
Fontes: especialistas consultados