
Marcas como Bárbara Bela, Arte Sacra, Virgílio Couture e Apartamento 03 mostram que a dedicação e o cuidado na execução trazem bons frutos. A Bárbara Bela, por exemplo, foi pioneira em apostar na sofisticação dos bordados presentes nas peças de roupa. A grife foi criada em 1974 por Helen Mascarenhas, participante do Grupo Mineiro de Moda, coletivo que na década de 1980 reuniu parte dos maiores nomes da moda brasileira. "Minha mãe desenvolveu uma técnica que hoje todas as confecções usam", diz Georgiana Mascarenhas, filha de Helen e diretora criativa da marca. "Tentamos guardar esse segredo, mas, como as costureiras rodam, não teve jeito." O acervo de material para bordado também é herança de família. "Como viajávamos muito, trazíamos miçangas, lantejoulas e outros materiais da Índia. Temos caixas com vários tons diferentes, o que torna o nosso bordado muito diferenciando", diz Georgiana.

Peças feitas com o preciosismo de uma obra-prima são tradição da moda mineira. E não poderia ser diferente numa marca que tem a arte no nome. A Arte Sacra, comandada pelas diretoras criativas e irmãs gêmeas Carolina e Marcela Malloy, sempre busca inspiração na cultura para compor as coleções e seus bordados. Segundo as proprietárias, essa característica marcante é influência da mãe da dupla, a artista plástica Maria Rita Malloy, fundadora da marca. "Os bordados nada mais são do que a expressão do nosso lado artístico", diz Marcela. Depois de decidirem o tema da coleção, Carolina e Marcela reúnem imagens ligadas a ele e pensam a paleta de cores. Depois disso, passam aos bordados. "O tipo de bordado determina para que linha a peça vai", afirma Carolina. "Nós temos a linha Glam, de vestidos que são todos bordados; uma linha intermediária, que é levemente bordada; e outra mais minimalista, quase sem bordado." Mesmo essas mais simples, explica Carolina, levam um bordado no cinto ou em um pequeno detalhe. A Arte Sacra conta com 150 pontos de venda no Brasil e no exterior.

E não é só na forma que os bordados podem surpreender. A maneira de aplicá-los nas peças pode trazer frescor a uma roupa mais festiva e refinar modelos mais clássicos. Na Apartamento 03, do estilista Luiz Cláudio Silva, o bordado está tanto nos modelos de festa quanto nas sofisticadas criações prêt-à-porter. O designer deixa que a matéria-prima das peças guie como será feito o bordado, que mistura formas orgânicas e linhas gráficas. "Gosto de pegar o material e ver o movimento dele", diz. "Sempre começo a criação de uma coleção pela escolha e pelo toque dos tecidos. Depois, estudo se a peça precisa de uma superfície mais trabalhada." A marca está sob o guarda-chuva do Grupo Nohda, ao lado da marca homônima e da PatBo, ambas da estilista Patrícia Bonaldi, também mineira. A grife conta com loja própria nos Jardins, em São Paulo, e vários pontos de venda espalhados pelo Brasil, inclusive em Belo Horizonte. Uma prova de que, seja para as festas seja para o dia a dia, os bordados são um traço forte da moda mineira que está sempre sendo renovado.