
No final da década de 1920, as terras de Leonardo Gutierrez, de aproximadamente 200 hectares, passaram a ser loteadas. Assim começava a brotar, logo após a avenida do Contorno, importantes e tradicionais bairros, como Barroca, Grajaú e Jardim América, além do próprio Gutierrez. A exemplo do que aconteceu com demais regiões da capital, o Gutierrez só começou a despertar interesse da população e de empreendedores a partir da canalização de córregos e abertura de vias. No caso, o córrego dos Pintos, que hoje passa sob a avenida Francisco Sá, um dos corredores viários mais importantes da região. As obras de canalização terminaram no fim da década de 1960. É importante lembrar que, se por um lado as intervenções trouxeram moradores e comerciantes para o bairro, por outro provocariam, mais tarde, dor de cabeça para residentes e visitantes. Quando chove forte por ali, é enchente na certa, já que a galeria do córrego acaba por não suportar a grande quantidade de água. O curso d’água deságua no ribeirão Arrudas.

É também na praça que se localiza a paróquia Santíssima Trindade. Apesar de ter sido criada em 1960, a edificação só foi inaugurada em 1979. O terreno foi cedido por Willer de Magalhães Pinto, sua mulher, Olga Gutierrez Pinto, e por Aurora Gutierrez Zander. Olga e Aurora eram filhas de Leonardo Gutierrez. O patriarca da tradicional família teve ainda Plácido, Leonardo Júnior e Miguel como filhos. Flávio Gutierrez, um dos fundadores do Grupo Andrade Gutierrez, era filho de Miguel.

A esteticista Eliana Amarante Peres, de 76 anos, lembra com saudade do tempo em que a rua Cura D’Ars, onde mora, na esquina com Herculano de Freitas, era formada só de casas. "O comércio era fraco nessa época. Tínhamos de ir ao centro da cidade", conta Eliana, que reside na região há 40 anos. Os ares do bairro fizeram bem à senhora que todos os dias, às seis da manhã, pratica natação no vizinho Prado. Ela começou a nadar aos 53 anos e hoje coleciona centenas de medalhas na categoria máster. Prédios, trânsito e comércio diversificado seguem, agora, como traços do Gutierrez. No entanto, as características de outrora podem ainda ser notadas. É o caso da rua Cura D’Ars, pertinho da casa da Eliana, cheio de pés de pitanga.
