
Cena 2: Sim, salabim! E as bolhas de sabão que seriam só uma brincadeira na festa de aniversário infantil se transformam, no ar, em bolas de verdade. Elas somem, desaparecem, para instantes depois ressurgirem em um lenço de seda azul.
Cena 3: No teatro, cartas de um baralho somem em um show que leva o espectador para uma viagem pelo mistério da cartomagia.
Encontro conversou com alguns dos ilusionistas mais requisitados de Belo Horizonte e descobriu que a antiga profissão se transformou, mas continua cumprindo seu desafio de se conectar o público com a alegria e o inusitado.

Nos espetáculos para grandes empresas brasileiras e multinacionais, a Ilusion hipnotiza o público com palestras-shows. O palco pode se transformar em um universo de várias dimensões, onde os artistas desaparecem e até surgem dentro de um corpo humano. "A ideia é transmitir uma mensagem séria de forma divertida", explica Henry. Na lista da Ilusion estão clientes como Bayer, Vallourec, MRV e Ambev. "Estudamos muito cada mensagem que a empresa deseja transmitir a seus colaboradores", diz Henry. "Nossa ideia é fazer com que o público seja tocado pelos valores da organização e sinta um grande desejo de se engajar." A dupla se apresenta em temporadas internacionais por vários países da América, da Europa e da Ásia, com shows grandiosos. Mas levam também sua arte a praças e escolas das capitais, e a regiões distantes do Brasil. "A mágica é a arte de fazer acreditar no impossível. Ela desperta nas pessoas os sentimentos mais positivos, de acreditar, de seguir em frente", afirma Henry.

Caio pode ser confundido com um encantador da meninada. Cercado por eles, quando a cortina vermelha de veludo se abre, os olhos ficam bem abertos. O que todos querem é descobrir: como ele consegue? Em seu show, objetos brilhantes desaparecem, voam, ficam invisíveis. Moedas somem em um saco sem fundo, inexplicavelmente aparecem na mão de uma criança. E com ele o dinheiro pode se multiplicar. Como ventríloquo, Caio divide o palco com o pato Kiwi. Quando o personagem entra em cena, o show é também educativo. O pato irreverente e desobediente provoca gargalhadas, mas também ensina sobre o respeito aos animais. "Sou um mágico que trabalha questões ligadas à ecologia e à cultura brasileira", diz. "Mágica é acreditar no seu sonho." Na festa de aniversário de Miguel, de 3 anos, dezenas de olhinhos atentos olhavam fixo para Caio. "Mesmo que a ilusão se perca um pouco com a rapidez dos nossos dias, a mágica representa um mundo lúdico que ainda nos fascina", comenta a médica Gabriela Alves, mãe do pequeno Miguel.

Há quem troque carreiras consolidadas pelo ilusionismo. O bem-humorado Marcelo Labarrere, por exemplo, deixou o cargo de gerente em uma multinacional, em 2014, para se dedicar em tempo integral a seu hobby. "Eu queria criar shows diferentes." Para isso, Marcelo se dedicou ao estudo da mágica e investiu na compra de um Magic Truck, caminhãozinho que ele mesmo idealizou, desenhou e encomendou na fábrica sob medida. O truck vai aonde o público está, transformando-se em um palco completo, com cortinas, iluminação e som. Além de festas e eventos, Marcelo também trabalha com grandes empresas dando palestras de segurança do trabalho, totalmente personalizados e desenvolvidas por ele, de acordo com o programa encomendado pela organização. "Por meio da mágica eu explico e passo mensagens sobre temas muito importantes", diz. Ele ainda se lembra do seu primeiro show corporativo. "O Recursos Humanos esperava a presença de 50 funcionários, mas eu pedi que eles trocassem o comunicado, que dissessem que naquela tarde haveria ali não uma tradicional palestra de segurança do trabalho, mas um show com um mágico. Compareceram mais de 200 funcionários." No mundo contemporâneo, a tecnologia e a inovação transformaram os shows de mágica, mas a essência dessa arte tão antiga não mudou: "A mágica continua sendo um grande desafio intelectual, de levar ao público um universo que é desconhecido e belo", diz o mago Fernando Ás.