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Estado de Minas CAPA | INTERNET

Garotada faz cursos para bombar canais no YouTube

Escolas de BH ensinam sobre produção, edição e como profissionalizar um canal


postado em 02/05/2019 14:23 / atualizado em 06/05/2019 16:23

Marco Túlio, o Authentic (à direita), na sua escola Happy Code: crianças e jovens se espelham no ídolo para aperfeiçoar as habilidades na produção de vídeos(foto: Uarlen Valério/Encontro)
Marco Túlio, o Authentic (à direita), na sua escola Happy Code: crianças e jovens se espelham no ídolo para aperfeiçoar as habilidades na produção de vídeos (foto: Uarlen Valério/Encontro)
"Oi, pessoal, tudo bem com vocês? Hoje, eu vou mostrar o meu ateliê. Mas, antes de entrar, não se esqueça de limpar os pés no tapete. Se não, aqui vai ficar uma bagunça!". De forma espontânea e divertida, a pequena Nara Rodrigues Amorin tenta levar os seguidores para o universo do seu canal no YouTube, o Nara Narinha. O traquejo frente à câmera é tamanho que fica até difícil acreditar que a produção é feita por uma criança de apenas 10 anos, que usa o canal para se divertir e contar um pouquinho do seu mundo. O Nara Narinha foi aberto há dois anos e mostra receitas de cozinha, momentos de cantoria, idas ao salão de beleza, visitas aos sítio dos avós, brincadeiras com os cachorros de estimação e até conflitos com a vizinha. Muitos dos vídeos são gravados no estúdio que ela montou em casa, decorado do seu jeito. Um letreiro chama a atenção na decoração. A palavra escolhida: like. "É isso que vocês não podem esquecer de fazer depois de assistir aos vídeos, ok?",  lembra a pequena, que tenta estimular o número de curtidas em seus vídeos. Para fazer a produção, ela muitas vezes conta com a ajuda da assistente "Super Fofinha", nome carinhoso que deu à irmã Íris Rodrigues Amorin, de 8 anos. A edição fica por conta da mãe, a advogada Agnes Amorin.

Com 176 inscritos no canal e 6 mil visualizações, Nara tem um sonho e quer começar a traçar metas anuais para atingi-lo: chegar a 1 milhão de seguidores e ganhar o botão de ouro do YouTube (placa comemorativa da plataforma para os youtubers que atingem esse patamar). Para isso, quer aprender a editar os vídeos, aumentar a frequência dos posts e buscar conteúdos diferentes. "Eu adoro a edição que minha mãe faz, mas quero aprender a fazer as minhas também", diz. Mas isso é futuro. Por enquanto, a prioridade de Nara frente às câmeras é brincar e divertir os seguidores. Ser youtuber? "Quem sabe um dia... mas, não tenho data, é um sonho", afirma.

Assim como Nara, milhares de crianças e jovens sonham em ter um canal de sucesso no YouTube e frequentam escolas atrás de dicas para bombar os posts, gravar vídeos, editar e ter postura diante da câmera. E não à toa. O Brasil é peça importante no tabuleiro desse maior palco de vídeos do mundo e é o terceiro maior consumidor, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia, segundo dados da Rede Snack, plataforma independente de vídeos publicados em redes sociais.

"No início, tinha como seguidores apenas amigos, família e amigas da minha avó. Eles são muito importantes, mas preciso de mais para atingir meu sonho" (João Maia, 11 anos, fez curso de youtuber em Nova York e quer diversificar o conteúdo para chegar a 10 milhões de inscritos em seu canal) (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Mais de 1,5 bilhão de pessoas passa hoje todos os meses pelo YouTube, segundo a Rede Snack. A princípio voltado para adultos, o site tem um batalhão de canais feitos por - ou para - baixinhos e o público teen. Os números envolvendo a criançada são difíceis de serem apurados, pois muitos menores de 13 anos usam as contas dos pais para acessarem os vídeos. "Mas, pelo tipo de conteúdo publicado e pela importância de muitos youtubers na vida das crianças, fica claro que a presença deles é massiva na plataforma", afirma Vitor Knijnik, sócio fundador da Snack. Das plataformas de rede sociais, Vitor avalia que o YouTube tem a maior chance de permanecer como protagonista no universo da comunicação. "O vídeo é o novo escrever", diz. "Além disso, essa foi uma das primeiras redes a desenvolver mecanismo de proteção da propriedade intelectual e sistema de remuneração para os produtores de conteúdo." A plataforma é, atualmente, a segunda maior ferramenta de busca da internet, atrás apenas do Google, e vem ganhando cada vez mais espaço entre o público infantil, que cresce escolhendo o conteúdo que quer consumir, na hora e como quiser. Fisgou a criançada e os youtubers mirins, kids e teens hipnotizam milhões de seguidores.

A profissão está consagrada, virou trabalho de muita gente e não para de produzir celebridades. Pesquisa realizada em 2015 pela revista americana Variety, com adolescentes entre 13 e 18 anos, mostrou que das 10 celebridades mais influentes, oito eram youtubers. A atividade, que antes fazia os pais torcerem o nariz, hoje é estimulada e muitos sonham em ter filhos famosos na internet - se bem que os famosos são poucos e a maioria não consegue reverter as aventuras em frente à tela em ganhos financeiros. "Eu costumo comparar com os jogadores de futebol. Muitas crianças frequentam escolas e jogam, mas quantas viram um Neymar?", questiona o mineiro Marco Túlio Matos Vieira, empresário, fundador do canal AuthenticGames e um dos mais rentáveis youtubers do Brasil.

O seu canal, de jogos de Minecraft e vlogs (que funcionam como um diário sobre a sua vida, em vídeos), contabiliza 16,9 milhões de inscritos e 6,7 bilhões de visualizações. O sucesso extrapolou as telas e, hoje, ele faz shows, tem marca licenciada com diversos produtos Authentic e uma unidade da escola HappyCode, com cursos interativos de robótica, desenvolvimento de games e aplicativos, além de produção e edição de vídeos para o YouTube. Authentic, como é conhecido, já foi até tema de decoração de shopping em BH. Mas o primeiro tostão que Marco Túlio ganhou do YouTube só veio um ano depois de abrir o canal, quando tinha 15 anos.

"Por mim, ficava o dia inteiro na internet. Mas meu pai colocou limite e sempre pede para eu reservar um tempo para ler livros também" (Miguel Dantas Rezende, 9 anos, quer se especializar no game Minecraft, com seu canal SuperMIGgames) (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
A HappyCode, com 130 unidades no país, é uma das pioneiras na oferta de curso de youtubers no Brasil. Só a escola do Buritis, de Marco Túlio, já atendeu mais de 1,2 mil crianças e jovens em busca de mais habilidade, técnicas com o vídeo e um objetivo comum: ter sucesso na internet. No curso, eles aprendem a criar o canal, fazer pré e pós-produção, publicação de vídeos e ferramentas especiais do YouTube, além de questões de ética, segurança, limites e consequências da superexposição. "Os limites são importantes; não é saudável ficar muito tempo em frente ao computador. As crianças precisam reservar horário para estudo e socializar com amigos e família", afirma Authentic, ou melhor, Marco Túlio.

Ele explica que os vídeos não devem expor muito o ambiente onde são gravados, principalmente se for a casa da criança. "E os adultos precisam estar atentos aos posts produzidos", diz. Muitos pais chegam às escolas imaginando que serão como um clube ou colônia de férias e se surpreendem quando descobrem que a brincadeira é séria. "Mas é preciso gostar da atividade e criar a própria identidade. A parte financeira é consequência", diz Marco Túlio, que já chegou a trabalhar mais de 12 horas por dia para postar os vídeos e fazer a alegria dos maninhos e maninhas, como chama carinhosamente seus seguidores.

Na sessão de fotos que abre esta reportagem, Marco Túlio causou rebuliço, ganhou muitos abraços e carinho dos fãs. "Você é mesmo real! Posso tirar muitas fotos com você, Authentic?", bradava a garotada. Paolla Luana Barros de Castro, de 12 anos, e Miguel Dantas Rezende, de 9, estavam entre os alunos que conseguiram fotos com o ídolo. Eles fizeram o curso de férias de youtuber. Paolla acaba de lançar o seu canal, o PaollaVlog, onde fala de jogos e atividades do dia a dia. "Aqui, na escola, aprendi a editar os vídeos e produzir conteúdos diferentes, sempre com cuidado, pois pode ter crianças assistindo", diz.

"Vou divulgar jogos menos conhecidos a meus seguidores" (Kaike Emanuel de Sousa Borges, 10 anos, ainda está criando seu canal, mas já tem uma estratégia bem definida para aumentar suas curtidas) (foto: Uarlen Valério/Encontro)
Miguel tem dois desafios pela frente: ser youtuber de sucesso e jogador de futebol. Na escola, é goleiro. Já em frente às telas quer se especializar no game Minecraft, com seu canal SuperMIGgames. E adivinhem quem é sua inspiração? O Authentic, é claro. "Além de editar e gravar vídeos sem ter medo de errar, aprendi sobre direitos autorais na internet", diz. Ele costuma ficar cerca de duas horas por dia no YouTube, mas reclama: "Por mim, ficava o dia inteiro. Meu pai colocou limite e sempre pede para eu reservar um tempo para ler livros também." Apesar de linha dura, o analista de sistemas Bernardo Chaves diz que criar o canal foi importante para que o menino vencesse a timidez. "Eu sempre falo que, hoje, a concorrência é bem mais alta do que quando o Authentic começou", afirma. "Mas, se o Miguel tiver foco e perseverança pode, sim, ficar tão famoso quanto o ídolo. Ninguém pode impedi-lo." Orgulhoso, Bernardo passou o link com a conta de seu filho para todos os amigos e colegas de trabalho. E sempre avisa quando tem vídeo novo no ar.

A variedade de temas tratados pelos youtubers mirins é infinita. "A base da hipnose é a empatia, é você tentar sentir e se colocar no lugar da outra pessoa. Acreditem, já foram empáticos comigo e eu me senti muito melhor. Estava muito triste." O vídeo Como Fazer Hipnose foi o primeiro post de João Pedro Menin Maia, de 11 anos, no seu canal de variedades no YouTube, em que aparece apenas como João Maia. O vídeo fez sucesso. Mas ele fez um acordo com seus seguidores. Só voltaria a tocar no assunto se atingisse um determinado número de likes. Deu certo.

João Pedro sabe que, além ter um conteúdo diferenciado, divertido e com engajamento, seu canal precisa de likes e visualizações para atingir seu sonho: chegar a 10 milhões de inscritos e ganhar o botão de diamante do YouTube, prêmio para quem atinge esse patamar. Apenas sonho? Nada disso! "É bem possível!", responde prontamente. Para chegar lá, tem planos de fazer posts com maior frequência, vídeos mais longos, desafios e sorteios no canal, além de investir em cursos e em tecnologia.

"Na escola, aprendi a editar os vídeos e produzir conteúdos diferentes, sempre com cuidado, pois pode ter crianças assistindo" (Paolla Luana Barros de Castro, 12 anos, divulga jogos e atividades do dia a dia em seu PaollaVlog) (foto: Uarlen Valério/Encontro)
Em datas festivas, como aniversário e Natal, os presentes favoritos de João são quase sempre os mesmos: equipamentos de gravação de vídeos. Ele faz questão de enfatizar que um dos melhores momentos de sua vida foi fazer o curso de youtuber na Universidade de Columbia, em Nova York, durante as férias de 2017. Lá, aprendeu a trabalhar programas profissionais, mas foi só o começo. "Quero fazer mais cursos nessa área, não há dúvida", diz. Articulado, com fala e raciocínio rápidos, João tem várias habilidades e hobbies. Toca guitarra, gosta de viagens, fotografia e joga futebol e xadrez. Mas os olhos brilham mesmo quando o assunto é uma palavrinha de sete letras: YouTube. "No início, tinha como seguidores apenas amigos, família e amigas da minha avó. Eles são muito importantes, mas preciso de mais para atingir meu sonho", diz. Aliás, uma grande fã é sua bisavó Tereza Rosa, de 90 anos.

Com dicas de viagens, brincadeiras, paródias e bate-papo sobre variedades, o canal atual é o segundo de João Pedro. O primeiro, ele mesmo excluiu, por não gostar do conteúdo inicial. "O formato não era o que eu queria e não sentia orgulho." Para os iniciantes, dá uma dica que considera fundamental: "Você tem de gostar muito do vídeo que faz. Se você não gostar, ninguém vai", diz. A sua maior inspiração vem do canal Coisa de Nerd, de Leon Martins e Nilce Moretto. O casal brasileiro, que vive em Vancouver, no Canadá, faz vídeos sobre games, tecnologia e ciência e tem mais de 9 milhões de inscritos no YouTube.

Nas orientações para os vídeos, João Pedro muitas vezes conta com a ajuda dos pais, o dermatologista Rodrigo Maia e a advogada Maria Fernanda Menin Maia. "Desde o primeiro vídeo que fez, deixamos claro a importância de um conteúdo positivo e que estimule bons comportamentos", afirma Maria Fernanda. Por orientação da mãe, João Pedro chegou a excluir postagens, como críticas a outros youtubers. E foi Maria Fernanda quem pesquisou e encontrou o curso em Nova York para o filho. "Eu o incentivo, pois nessa brincadeira ele desenvolve a habilidade de comunicação, interação com as pessoas e adquire conhecimento, pois precisa fazer pesquisas para produzir os vídeos", diz. Mas a ajuda é só no conteúdo, pois toda a produção e edição fica por conta do próprio garoto.

"É isso que vocês não podem esquecer de fazer depois de assistir aos vídeos, ok?" (Nara Rodrigues Amorim, 10 anos, sempre fala essa frase ao final de seus vídeos, fazendo referência à palavra de ouro do YouTube, "like", que montou em um letreiro no estúdio de sua casa. No seu canal, Nara Narinha, mostra receitas de cozinha, momentos de cantoria, idas ao salão de beleza, visitas aos sítio aos avós, brincadeiras com os cachorros de estimação e até conflitos com a vizinha) (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Na rede CodeBuddy, que tem 14 unidades em Minas e 10 em BH, cerca de 5 mil alunos já fizeram o curso de youtuber. A demanda é crescente. "Nosso público é de alunos que assistem mais a conteúdos no YouTube do que na TV", afirma Marlon Wanderllich, fundador da rede. Lá, é oferecido um curso rápido, de seis horas de duração, que costuma ocorrer no período das férias. O aluno aprende sobre  roteirização, gravação e edição. A faixa etária vai de 5 a 17 anos. Vários pais já entendem a relevância e como isso impactará o futuro dos filhos. "Os cursos ajudam a desenvolver a autonomia do aluno, liderança em projetos e a quebrar a timidez", afirma Luana Giovani, diretora da unidade da CodeBuddy na Cidade Nova. Além de todo conteúdo técnico, as aulas fazem aflorar o lado empreendedor dos alunos. "Eles sabem das dificuldades para ter sucesso na web. Mas sonham, o que é importante", diz Luana.

Entre amigas, Raquel Dias, de 12 anos, é conhecida por ser estilosa e desinibida, habilidades que ela decidiu levar para os vídeos, em seu canal no YouTube, que tem 320 inscritos. Ela mostra making-of da carreira de modelo, alguns desafios, dicas de organização de material escolar e maquiagem, feita até de olhos vendados. Os planos de Raquel não são tão ambiciosos como os de Nara Narinha e João Maia: quer fechar o ano com 2 mil inscritos. "O meu foco é me divertir e entreter pessoas que estão tristes. Mas, se virar negócio, será bem-vindo", diz a menina. Raquel chegou a pensar em apagar os primeiros vídeos que fez, há três anos, mas voltou atrás. "Eles fazem parte da minha história", diz, com toda a pinta de quem tem uma trajetória a zelar.

Algumas crianças optam por se inscrever em cursos mesmo antes de se aventurarem atrás das câmeras. Assim fez Kaike Emanuel de Sousa Borges, de 10 anos, que está criando seu canal. Ele aprende programação e robótica na escola Ctrl+Play. Quer crescer devagar e chegar a 50 inscritos até o fim de 2019. E continuar crescendo. "Quanto maior o número de seguidores, mais chances de ganhar dinheiro no YouTube", calcula. A sua estratégia para ganhar inscritos: "Vou divulgar jogos menos conhecidos a meus seguidores". A escola de programação e robótica Ctrl Play tem três unidades em BH e vai inaugurar no segundo semestre o curso de videomaker para a faixa etária de 7 a 18 anos. O objetivo do curso será "formar cidadãos críticos com relação a conteúdos produzidos em vídeo" e transformá-los em criadores, não importando a plataforma de mídia. "A nossa preocupação é preparar o jovem para qualquer segmento da mídia digital", afirma Antônio Carlos Amazonas Salles, diretor da unidade do Ctrl Play no Santo Agostinho.

"O meu foco é me divertir e entreter pessoas que estão tristes. Mas, se virar negócio, será bem-vindo" (Raquel Dias, 12 anos, posta making-of da carreira de modelo, alguns desafios, dicas de organização de material escolar e maquiagem, feita até de olhos vendados, no canal que leva seu nome) (foto: Uarlen Valério/Encontro)
Antônio Carlos recomenda aos pais que nunca deixem de acompanhar as atividades e posts dos filhos no YouTube. Também é importante incentivar a garotada, já que para atingir um nível alto de acesso é preciso criatividade e persistência. "As informações do curso podem ser aplicadas em vários segmentos da vida, não só na carreira de youtuber", afirma. Ele ressalta que a alfabetização digital é imprescindível na chamada revolução 4.0, que fará desaparecer profissões e surgir outras. "Não haverá nenhuma profissão que não envolva a tecnologia", diz. "O jovem precisa estar preparado para essa nova realidade."

O grupo de entretenimento Zion escolheu BH para inaugurar, em fevereiro, a sua sexta unidade, a primeira fora do Rio de Janeiro. "Escolhemos vir para Minas porque o estado é o segundo maior polo tecnológico do país", afirma Raphael Azeredo, diretor da unidade na capital. Na Zion, há um curso de design master, dedicado à gravação, captura e edição de imagens de vídeo, assim como criação de roteiro, para alunos a partir de 11 anos. O curso representa mais de 90% da demanda na escola. Alunos da Zion ou de outras escolas com cursos de youtuber e videomaker têm em comum uma característica: já deixam a TV de lado. "O YouTube é a nova televisão, onde se divulgam promoções, propagandas e o canal pelo qual a criança e os adolescentes assistem a seus programas ou temas de interesse", diz Guilherme Maynard, diretor da Prepara Cursos, do grupo MoveEdu. A rede de ensino profissionalizante tem 34 unidades em Minas Gerais, sendo oito em BH, com alunos um pouco maiores, na faixa de 16 a 26 anos. "Mas não há objeção a estudantes mais novos ou mais velhos", diz Guilherme. O importante é que o estudante tenha alguma formação anterior em informática. Mais de 13 mil alunos já fizeram o curso de youtuber na rede.

Lançado em 2018, o curso da Prepara teve como garoto-propaganda Whindersson Nunes, youtuber brasileiro que está entre os mais influentes do mundo, com 35 milhões de inscritos no canal. Guilherme afirma, no entanto, que não é preciso ter milhões de seguidores para alcançar sucesso na rede. "O importante é conquistar os seguidores e fãs de forma natural, genuína", diz. Youtubers de plantão devem pensar no conteúdo dos vídeos e estudar as técnicas, mas, mais importante, ser autênticos e não criar personagens só para atrair curtidas. A audiência de hoje mudou muito, mas ainda segue a fórmula daquela velha propaganda de chinelo: recusa imitações.

Dicas para o canal bombar

  • Escolha um nome que fará as pessoas o associarem a você e à imagem que quer criar imediatamente. Pode ser  seu próprio nome ou um apelido

  • Tenha confiança no que você está transmitindo: isso passará uma imagem de maior credibilidade

  • Seja criativo ao produzir o seu conteúdo. O Youtube é uma plataforma dinâmica e quem tem sucesso está sempre buscando levar assuntos novos e com recursos diferentes para o telespectador. Crie seus vídeos falando sobre coisas de que você gosta. E não precisa criar tudo sozinho, abuse da ajuda de seus pais, amigos e avós. A experiência deles  te dar muitas ideias geniais

  • Fique de olho na concorrência. Uma ideia boa e que leva um bom fluxo ao canal de outro youtuber pode adaptar-se perfeitamente ao seu modelo de canal

  • Crie um planejamento do que pretende falar. Faça vídeos - ou mesmo em aparições ao vivo - com começo, meio e fim e que tenham contexto

  • Seja comprometido, a atualização do canal será seu compromisso diário

  • Aprenda a escutar as críticas. Isso é fundamental para melhorar seu conteúdo

  • Invista em um cenário atraente em seu local de gravação. Alguns youtubers gravam em shoppings, ruas, restaurantes e afins; mas, caso você grave da sua casa - ou todo dia de um mesmo local - é importante adequá-lo e deixá-lo interessante aos olhos do público

  • Crie thumbnails (imagem em miniatura) de destaque e que chamem a atenção do público para os seus vídeos

  • Uma câmera com boa resolução é essencial. Além disso, a edição final é a alma de todo o trabalho

Fonte: MoveEdu e Authentic Games

O que pega mal, segundo os youtubers mirins

  • "Qualquer forma de ostentação" (João Maia)

  • "Usar materiais que não estejam dentro da legislação de direitos autorais do YouTube" (Miguel Rezende)

  • "Mostrar dados e informações pessoais e de familiares" (Paolla Barros)

  • "Racismo e promoção de crime ou terrorismo" (João Maia)

  • "Zombar de outros youtubers e fazer discriminação" (Raquel Dias)

  • "Usar palavrões e desrespeitar os pais. Já parei de seguir youtubers por isso" (Kaike Borges)

  • "Expor ambientes privados e de familiares" (Nara Amorim)

Canais infantis brasileiros com maior número de inscritos no youtube

- Felipe Neto | 31,94 milhões
- Luccas Neto | 23,96 milhões
- Rezende Evil | 23,20 milhões
- Authentic Games | 16,9 milhões
- Galinha Pintadinha | 16,50 milhões
- Totoy Kids | 13,81 milhões 
- Erlania e Valentina | 13,20 milhões
- TazerCraft | 11,10 milhões
- Turma da Mônica | 10,70 milhões
10º - Enaldinho | 10,73 milhões

Como ganhar dinheiro no YouTube

  • Depois da criação do canal, deve-se configurar o perfil para monetização. O pagamento é feito em dólares pelo YouTube. É o chamado Custo por Mil (CPM), cujo valor varia entre 0,60 e 5 dólares a cada 1 mil visualizações

  • Mas o YouTube não repassa integralmente o valor do CPM ao dono do canal. Ele retira uma cota antes (o "revenue share"), que é parte de suas fontes de receita. A empresa não divulga o valor oficial de sua cota, mas é estimado que essa taxa seja de 45%

  • Há ainda os ganhos com parcerias, que podem vir via anúncios (veiculados antes ou no meio de vídeos), clubes dos canais (em que membros fazem pagamentos mensais em troca de benefícios especiais), oferta de produtos e o chamado Super Chat (os fãs pagam para que as mensagens deles apareçam em destaque no feed de bate-papo). É possível receber também receitas do YouTube Premium, caso algum assinante desse serviço assista ao conteúdo do canal. 

Obs.: O dono do canal deve ter pelo menos 18 anos de idade ou relacionar um responsável legal acima dessa faixa etária que possa gerenciar seus pagamentos.

Fonte: Happy Code e YouTube

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