Publicidade

Estado de Minas GASTRONOMIA

Conheça o bao, pãozinho chinês que pode ser apreciado em Belo Horizonte

Leve e doce, ele pode ser apresentado em diferentes formatos e com os mais variados recheios


postado em 25/10/2019 14:54 / atualizado em 30/10/2019 14:22

O padeiro Ronaldo Souza, da Du Pain, teve de adaptar seu forno para produzir em grande escala a massa chinesa cozida no vapor:
O padeiro Ronaldo Souza, da Du Pain, teve de adaptar seu forno para produzir em grande escala a massa chinesa cozida no vapor: "O grande lance são a leveza e o sabor docinho" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Talvez você já o tenha visto nas telonas. Em Kung Fu Panda, os pãezinhos redondos e com um biquinho no topo são o lanche preferido do herói Po. No ano passado, o prato também foi retratado como personagem principal no curta da Pixar que ganhou o Oscar em sua categoria. Em Bao, uma cuidadosa mãe vê um dos bolinhos que preparou para o almoço ganhar vida. Ela acompanha seu crescimento e amadurecimento até o desfecho surpreendente do curta.

Mas, é claro, o bao não sai correndo por aí nem é o prato favorito de pandas. Ele é um pãozinho chinês cozido no vapor, bem branquinho e fofinho. Sua massa leve e doce possibilitou que os cozinheiros criassem formatos diferentes e recheios possíveis ao longo dos milênios de existência da receita. Os mais famosos são: o recheado, com um formato arredondado que lembra uma cabeça, ou o aberto, que se parece bastante com um taco mexicano. Agora, na terra do pão de queijo, o bao começa a se espalhar entre os menus de entradas dos restaurantes, misturando a tradição milenar chinesa com os temperos da cozinha mineira.

O bao do Panda Wok é aberto em formato de taco mexicano: seis recheios diferentes(foto: Violeta Andrada/Encontro)
O bao do Panda Wok é aberto em formato de taco mexicano: seis recheios diferentes (foto: Violeta Andrada/Encontro)
A história do bao é cheia de mistérios e misticismo. Diz a lenda que, no século III, o lendário comandante Zhuge Liang estava levando o seu exército de volta para casa, após uma difícil batalha. Mas, no meio do caminho, ele encontrou um rio violento, que pedia um sacrifício de 50 homens para deixar os outros passarem. O general, então, preocupado com a vida dos seus soldados exaustos, pediu que os cozinheiros fizessem 50 bolinhos recheados de carne, moldados para parecer uma cabeça humana. Nascia assim o bao, que foi do sacrifício para os deuses do rio às entradas dos banquetes chineses.

Apesar da origem chinesa, foi um descendente de coreanos que popularizou o ingrediente no mundo ocidental. O chef David Chang, que estrela o seriado Ugly Delicious, da Netflix, usou a massa fofa e levemente adocicada para criar um dos pratos que ajudou o seu restaurante Momofuku a se tornar uma sensação. O Momofuku Pork Bun é composto por um bao aberto, recheado com barriga de porco, pepino, cebolinha e uma fina camada de molho agridoce.

No San Ro, os baos são recheados com soja moída, acelga, shiitake e shian tzhuan, um tempero de Taiwan que substitui o alho e a cebola: dobrinhas feitas a mão(foto: Violeta Andrada/Encontro)
No San Ro, os baos são recheados com soja moída, acelga, shiitake e shian tzhuan, um tempero de Taiwan que substitui o alho e a cebola: dobrinhas feitas a mão (foto: Violeta Andrada/Encontro)
A mais de 15 mil quilômetros de distância da China, uma padaria de Belo Horizonte decidiu reproduzir a massa chinesa. "É uma receita muito simples: farinha, água, açúcar e fermento químico e biológico", diz Ronaldo Souza, da Du Pain. Mas, a simplicidade para aí. O padeiro teve de quebrar a cabeça para adaptar o seu forno, acostumado aos croissants e baguetes francesas, ao cozimento a vapor da receita chinesa. O bao da Du Pain foi da padaria para as mesas de restaurantes como Caê e Cozinha Tupis. "O grande lance dele são a sua leveza e o sabor docinho. Mas eu nem divulgo muito, porque a produção não é fácil. Faço apenas sob encomenda", afirma o padeiro.

No Yun Ton, a tradição da receita é levada bem a sério. A massa é toda feita na cozinha do restaurante, que funciona há mais de 50 anos na região do Lourdes. O bao é recheado e dobrado para ter o clássico formato de cabeça. O chef abre a massa, põe os ingredientes e vai "beliscando" com a mão, fazendo o biquinho característico. A casa tem duas opções de recheio: tradicional (lombo de porco com acelga, vagem e tempero especial) e vegetariana (shiitake, acelga, óleo de gergelim, verduras variadas e tempero especial). A unidade do pãozinho recheado custa 8 reais.

No chinês Yun Ton, o bolinho conta com duas opções de recheio: com lombo de porco ou vegetariano (shiitake, acelga, óleo de gergelim, verduras variadas e tempero especial) (foto: Violeta Andrada/Encontro)
No chinês Yun Ton, o bolinho conta com duas opções de recheio: com lombo de porco ou vegetariano (shiitake, acelga, óleo de gergelim, verduras variadas e tempero especial) (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Já no bufê a quilo do San Ro, o cliente pode pegar quantos pãezinhos chineses quiser. Dentro da cozinha do restaurante vegetariano, comandado pelo chef taiwanês Lai Chuan Li, fé e culinária se misturam. Integrando elementos do taoísmo e budismo, a religião dos donos da casa não permite o uso de alho ou cebola nas comidas, por considerar que eles atrapalham a meditação. O bao é recheado com soja moída, acelga, shiitake e shian tzhuan, um tempero de Taiwan que substitui os ingredientes proibidos. "As dobrinhas são feitas a mão e com muito cuidado. O mais importante nessa hora é fazer com carinho e amor", diz André Li, filho do chef Lai. "Prezamos muito pela conexão com o alimento, pois a energia da pessoa influencia o resultado final." O quilo no bufê do San Ro custa 59,90 reais, de segunda a sexta, e 69,90 reais, nos fins de semana.

"Aqui, servimos tudo em pratinhos orientais, sem muito mimimi". É assim que Mateus Gontijo, sócio do Panda Wok, define o estilo do seu restaurante especializado na culinária de rua dos países asiáticos. O bao da casa vem em duplas que custam 19,90 reais, aberto naquele formato de taco, em um pratinho simples com um molho para acompanhar. E, na hora de rechear o pão, o que não falta é opção. O Panda Wok tem seis receitas diferentes, com direito a carne de porco, boi, frango ou vegano. "É como se fosse um pão de hambúrguer", diz Mateus. "A massa é deliciosa, mas o mais legal é criar o recheio. Quanto mais receitas, melhor." 

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade