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Estado de Minas ESPORTE

Hípicas de BH oferecem aulas de equitação para crianças

A prática funciona como introdução ao hipismo clássico e trabalha aspectos como postura, autoestima e equilíbrio


postado em 25/10/2019 14:18 / atualizado em 30/10/2019 14:24

Aula na Hípica Corumi: além da prática do esporte, contato com a natureza é outra atração (foto: Hípica Corumi/Divulgação)
Aula na Hípica Corumi: além da prática do esporte, contato com a natureza é outra atração (foto: Hípica Corumi/Divulgação)
Bota de montaria, cap de cavaleiro e mãozinhas bem firmes na rédea do seu pônei. Aos 3 anos, Yuri Ramos está pronto para começar mais uma aula de equitação. Desde o início deste ano, ele não perde o compromisso. Na sela, ganhou equilíbrio e confiança. Perdeu o medo. Erick, o irmão mais velho, de 6 anos, começou como ele, mas agora já monta pôneis maiores. De novidade, a equitação lúdica se tornou um programa bem estruturado em hípicas de Belo Horizonte. Voltada para crianças, a prática é uma introdução ao hipismo clássico, que envolve o treinamento com saltos. Escolas novas e tradicionais estão investindo no modelo. O motivo? Não dá para deixar de atender o maior público dos centros de equitação: a meninada.

Postura, autoestima, equilíbrio, disciplina e trabalho em equipe são alguns pontos positivos desse esporte que está conquistando famílias. "A equitação desenvolve na criança uma grande capacidade de concentração e foco, lida muito com as emoções e por isso ajuda também a trabalhar a ansiedade", afirma Guto Figueiredo, responsável, na hípica Cepel (Centro de Preparação Equestre), pelo Clube do Pônei. O projeto foi criado depois que Guto, que é cavaleiro, procurou aulas para sua filha e percebeu que não havia muitas opções para os pequeninos. Assim, depois de vários estudos baseados em práticas europeias, ele desenvolveu o programa que recebe alunos a partir de 1 ano e meio até 8 anos. As aulas, além da montaria, trabalham questões do mundo infantil, como as cores e as letras, sempre no ambiente do cavalo.

Yuri Ramos, de 3 anos, Erick Ramos, de 6, e Augusto Portela, de 3, no Cepel: aula de equitação é um compromisso imperdível para esta turma (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Yuri Ramos, de 3 anos, Erick Ramos, de 6, e Augusto Portela, de 3, no Cepel: aula de equitação é um compromisso imperdível para esta turma (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
A sala de aula vai além da pista. "As crianças participam do banho, da escovação, dão cenoura aos cavalos. Percebo benefícios das aulas no desenvolvimento motor, na disciplina", diz Marcela Pena, mãe de Felipe, que aos 2 anos já conduz o seu pônei. "Percebo benefícios das aulas no desenvolvimento motor e na disciplina", diz. O papel do pônei é essencial. "Crianças pequenas precisam de cavalos pequenos", explica Guto. Para atender os meninos e meninas, os pôneis podem ter até 1,48 metro. Os alunos vão evoluindo para animais maiores de acordo com a idade e o ritmo de cada um. A partir dos 7 anos já estão prontos para experimentar as raças convencionais e os saltos.

Garantir segurança ao maior patrimônio das famílias não é pouca responsabilidade e está no foco das aulas infantis. "Os cavalos que usamos com as crianças são muito dóceis e monitorados de perto. Os equipamentos de segurança também evoluíram muito", diz Renata de Carvalho, assessora de marketing da hípica Chevals, no Vale do Sol. A escola desenvolve amplo programa para crianças e adolescentes. As aulas são feitas com coletes, capacetes e as próprias barras de salto são posicionadas de forma a ajudar a evitar quedas, diferente do passado. Outro ponto importante na segurança da equitação é perceber a evolução individual dos alunos. "Cada um tem o seu tempo e maturidade no esporte, e toda a mudança de nível deve ser feita com essa atenção, com calma", afirma Christiane Zander coordenadora da escola de equitação da hípica. Na Chevals, a pedagoga Ana Elisa Sofiati é uma das responsáveis pelos pequeninos. Depois de 18 anos na sala de aula, ela trocou o lápis e os cadernos pela pista. Trabalha aspectos que desenvolvem foco, concentração e autoestima. "A prática ajuda a melhorar ainda o desempenho escolar, porque estimula aspectos cognitivos e emocionais importantes."

Maria Gutierrez, de 4 anos: confiança e desenvoltura na sela indicam futuro promissor no esporte (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Maria Gutierrez, de 4 anos: confiança e desenvoltura na sela indicam futuro promissor no esporte (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Nas escolas de equitação, quem primeiro conquista os pequenos alunos são os animais. Dóceis, eles são as estrelas e a amizade é fácil. "Não tenho medo e gosto muito deles", diz a pequena Maria, que depois de um ano de aulas decidiu continuar no esporte por vontade própria, convencendo os pais. Aos 4 anos, a menina se diverte nas aulas e demonstra intimidade com o ambiente. Desenvolvimento da saúde, disciplina, postura e respeito aos animais, além da beleza do esporte, são alguns pontos positivos do hipismo apontados pela mãe da pequena amazona, a empresária Ana Gutierrez. "Se, mais tarde, a Maria quiser saltar, terá o meu apoio, já que o ambiente do esporte é seguro", diz.

É geralmente aos 7 anos que a meninada está pronta para evoluir para as aulas clássicas, com introdução ao salto. Foi assim com Ana Clara D’Angieri. Aos 9 anos, ela completa 18 meses de prática na hípica Chevals e já salta 60 centímetros. Sua dupla é, muitas vezes, o estiloso Pintado. O cavalo sem raça definida (SRD) trocou o trabalho de tração pela vida de atleta na hípica, surpreendendo pela capacidade de saltos, interação com as crianças e docilidade.

Na Chevals, Ana Clara D%u2019Angieri, de 9 anos, começou as aulas há 18 meses: equilíbrio e controle das emoções são pontos positivos da equitação(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Na Chevals, Ana Clara D%u2019Angieri, de 9 anos, começou as aulas há 18 meses: equilíbrio e controle das emoções são pontos positivos da equitação (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
O hipismo tem conquistado as famílias também por oferecer momentos de interação com a natureza, uma fuga do burburinho da cidade. Em uma fazenda tombada, ao lado do Minas Tênis Clube Country, funciona a Hípica Corumi, que há três anos teve sua escola de equitação reformulada, passando a ser dirigida pelo mineiro e atleta olímpico Sérgio Marins. A hípica oferece desde a equitação lúdica, para crianças a partir dos 3 anos de idade, até o hipismo clássico, a partir dos 7 anos, além de clínicas especializadas e também treinamento para esportes de enduros. Na fazenda centenária, o contato com o espaço verde é outro fator que atrai os alunos. "O ambiente da hípica é uma oportunidade para crianças e famílias se conectarem com a natureza", diz Sérgio. "O hipismo trabalha muito as emoções, a paciência. O aluno deve fazer-se entender, dar o comando certo para o seu cavalo, o que exige concentração, empenho, autocontrole, confiança", diz o atleta olímpico, que começou no esporte criança e é atual campeão sul-americano de hipismo clássico. "Na Corumi, nosso o público são as crianças e adolescentes, mas o hipismo não tem faixa etária. O atual campeão olímpico de saltos tem 61 anos."

O crescimento do esporte estimula o surgimento de novas escolas. Em maio, a Alphaville Equestrian School, no condomínio Alphaville, em Nova Lima, abriu cursos com treinos individuais e em grupos. O zootecnista Aulus Rendrigo está à frente da hípica e explica que no curso de equitação as crianças também participam de aulas teóricas, onde aprendem a "linguagem" do esporte.  "O cavalo exerce um fascínio. O esporte trabalha corpo e mente." Em BH, aulas de equitação lúdica para crianças variam entre 230 e  300 reais por mês, com encontros uma vez por semana. Para quem treina com o próprio cavalo, as hípicas oferecem estabulagem, que é uma espécie de hotelaria para os animais. Mas isso é só para quem já está mais adiantando no esporte. Bem antes disso, vale experimentar o gostinho de aventurar-se na companhia de um novo amigo. 

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