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Estado de Minas ESPORTE

Entrevistamos Castellar Guimarães Filho, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético

Eleito há pouco mais de um mês, sua principal meta é construir um caminho de paz para o futuro do clube mineiro


postado em 22/11/2019 15:29 / atualizado em 26/11/2019 16:35

"Devemos aprovar o orçamento para o próximo ano e, como prevê o estatuto, vamos atuar para que a diretoria trabalhe dentro do orçamento", diz Castellar Filho (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
De fala serena e pausada, o advogado Castellar Guimarães Filho assume a cadeira de presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, para estreitar os laços com a torcida. Para ele, eleito em outubro, quando os resultados não vão bem dentro de campo, os torcedores carecem de informações e de uma palavra de otimismo. "Temos de ser essa voz pacífica e tranquila para dar segurança às arquibancadas", diz o também procurador geral do município. Castellar acredita que, com as contas saneadas, o clube pode voltar a comemorar títulos e fincar bandeira de vez  entre os principais do país. Pai de Castellar Neto, vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o advogado, que não se considera "boleiro", prefere atuar nos bastidores, mesmo com a aproximação das eleições no clube, que serão realizadas em 2020. À Encontro, Castellar falou sobre a situação financeira do Atlético, a construção do estádio e a gestão do atual presidente, Sérgio Sette Câmara.

ENCONTRO - Com qual espírito você assume a presidência do Conselho Deliberativo do Atlético?

CASTELLAR GUIMARÃES FILHO - Quero trabalhar em prol do Galo. Estou com 69 anos. Minha família está bem constituída. Tenho três filhos e três netos. Portanto, posso dedicar um período ao clube de forma mais efetiva. Sabemos que o futebol brasileiro passa por um momento de grande transformação. Assim, os clubes devem melhorar a sua estrutura administrativa e financeira, o que atrai investidores e patrocinadores do futebol. Quero contribuir para isso. Flamengo e Palmeiras passaram por períodos de austeridade e, hoje, estão colhendo bons frutos. O Atlético, portanto, pela sua tradição e história de vida tem de rapidamente buscar aprimorar a sua estrutura financeira e administrativa. É isso que vai garantir o Galo entre os cinco ou seis clubes de ponta do futebol brasileiro.

Por isso, uma de suas bandeiras é a do ajuste das finanças do clube? 

Sim. Vamos criar uma comissão de 12 conselheiros para criar essa interlocução com a diretoria do clube. Essa ideia partiu do próprio presidente Sérgio Sette Câmara. Ele quer dar transparência ao momento financeiro. Não adianta querer contratar uma estrela se não há recursos no cofre. Uma auditoria já está sendo feita por uma empresa. Depois de concluído, esse trabalho será apresentado ao Conselho e vamos poder dar sugestões. Portanto, são decisões importantes que não podem e não devem ser tomadas de maneira isolada pela presidência ou pela diretoria executiva do clube.

(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
O sr. já teve alguma informação sobre a auditoria? Como andam as contas do clube?

Prefiro aguardar o resultado do trabalho. Já dirigi instituições públicas, já participei do secretariado do estado e até do antigo Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais), mas prefiro ficar alheio à área financeira. Não é a minha praia. O que vou fazer é avaliar junto com os conselheiros a situação e buscar o melhor caminho para resolver a questão. Sou movido por um otimismo que é até difícil de controlar. Acredito que vamos mostrar bons resultados em todas as áreas e o futebol também vai acompanhar.

O sr. foi eleito em um pleito de chapa única. Isso sinaliza que as coisas andam tranquilas nos bastidores do Galo?

Acredito que, politicamente, as coisas estão bem. Convivo bem com todas as lideranças do Atlético. Isso facilitou muito para o meu nome ter sido bem acolhido. Isso nos tranquiliza e incentiva. Ao mesmo tempo, gera uma responsabilidade muito grande também. Por isso, quero ter um resultado rápido e já palpável.

O início da construção da Arena do Galo seria um desses resultados?

A expectativa, agora, é para colocar os tapumes e iniciar as obras de fundação. A Arena do Galo vem em um momento muito importante para o futebol brasileiro e mineiro. Isso pode, inclusive, acalmar os ânimos da torcida que está ansiosa por bons resultados entre as quatro linhas. Podemos ter razões de sobra para virar o ano com muita alegria.

Como avalia a gestão do Sérgio Sette Câmara?

É uma gestão muito séria. O time está passando por uma fase complicada e não temos tido disponibilidade financeira para trazer grandes nomes. E, com o Estatuto do Torcedor, os clubes estão sendo cobrados para ter responsabilidade na prestação de contas. Devemos aprovar o orçamento para o próximo ano e daí para a frente, como prevê o estatuto, vamos atuar para que a diretoria executiva trabalhe dentro do orçamento. Se for preciso extrapolar o orçamento, essa situação tem de ser justificada para o Conselho. Isso é bom, pois em um passado recente todos os clubes deixavam débitos vencidos ou a vencer para o mandato da diretoria seguinte.

(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
O ano de 2020 é de eleição no Atlético. Qual o perfil de candidato ideal para o Galo?

Mesmo que seja um presidente com ótima interlocução com o conselho, ele não se sustenta se os resultados não forem bons. Ele tem de ter sorte também. É um misto de gestor e milagreiro, com sorte.

Tradicionalmente, o presidente do Conselho tem sido alçado à função de presidente. O sr. está se preparando para ser uma das alternativas para dirigir o clube?

Afirmo que não. Estou alcançando 70 anos de idade. Já tenho 23 de aposentadoria do Ministério Público. Temos uma propriedade em Macacos [São Sebastião de Águas Claras, Nova Lima] que é o meu refúgio. É o melhor lugar para passar o fim de semana, com uma bermuda velha, chinelo e camisa do Galo, é claro. Acho que vamos ter outros nomes para assumir a cadeira de presidente. A minha praia mesmo é no Conselho. Sou distante do boleiro. Tenho boa vontade, sou curioso, mas não tenho o conhecimento necessário para alcançar a presidência de um clube do tamanho do Atlético.

Como é ser pai de um dirigente da CBF?

Achava difícil ser pai de um presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF). Ele é um reconhecido atleticano e, por isso, a FMF era tachada de ser atleticana. Ele era ameaçado. Tinha de ter segurança na porta de casa. Mas sabemos que a administração dele sempre foi imparcial. Na CBF, ele está fazendo um trabalho diferente e acaba ficando distante da paixão do futebol. Ele também foi indicado para atuar na Fifa, onde é juiz júnior, que decide questões que envolvem as negociações de jogadores estrangeiros. Portanto, com o tempo, fico menos preocupado. Ele tem 37 anos, mas não deixa de ser um menino para mim.

Como o sr. se define como dirigente?

Tenho perfil técnico, mas apaixonado. Daqui para a frente, vou seguir à risca o estatuto do clube, que é a nossa Constituição. O Galo tem uma torcida também apaixonada e quer ver bons resultados. Portanto, nós, conselheiros, temos de ter uma voz pacífica e tranquila para dar segurança à torcida.



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