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Estado de Minas MODA

Modelos mineiras se destacam nas passarelas do exterior

Versatilidade e perfis diferenciados levam profissionais do estado a despontarem na moda internacional, inclusive em capas de revistas


postado em 26/12/2019 10:20 / atualizado em 15/01/2020 13:42

Filha de pais de pele negra e branca, com avós indígenas, Amanda Martins é uma mistura perfeita da beleza brasileira:
Filha de pais de pele negra e branca, com avós indígenas, Amanda Martins é uma mistura perfeita da beleza brasileira: "O trabalho no exterior é mais valorizado, o ganho é maior e temos a chance de conhecer vários lugares" (foto: Karel Losenicky/Divulgação)
Seguir carreira de modelo mundo afora não é fácil. O efervescente mercado da moda possui beldades de todos os cantos do planeta e a lista de exigências para colocar a cara - e o corpo - em uma campanha de marca de peso é longa. Mas, várias modelos mineiras têm conseguido lugar ao sol nas disputadas passarelas internacionais. A versatilidade e os perfis diferenciados levam as representantes de Minas a caírem no gosto das marcas no exterior e o estado tem se tornado celeiro de profissionais. "Acredito que a miscigenação no estado ajuda. Temos uma grande diversidade no perfil de modelos", afirma Raphael Alvim, diretor da agência Doze, que administra vários contratos internacionais. "Vieram para cá muitos imigrantes, inclusive escravos para trabalhar com o minério."

Ele afirma que os melhores mercados para as modelos mineiras são Europa e Estados Unidos. No momento, as mulheres morenas e de cabelos cacheados são os perfis mais em alta. "A naturalidade tem sido valorizada", diz Raphael. Ele ressalta, no entanto, que as loiras de olhos claros também têm seu espaço. A idade média das modelos que costumam despontar lá fora vai de 18 a 22 anos. Os padrões deixaram de ser definidos por medidas, como acontecia no passado, quando apenas as longilíneas eram valorizadas. "De qualquer maneira, é importante ter uma boa proporção de corpo", diz Raphael. Os tipos de modelo, hoje, são variados e vão desde esguias a curves (com curvas) e plus sizes.

A modelo Brenda Larigaudie tem 22 anos e acredita que sua caminhada está apenas começando:
A modelo Brenda Larigaudie tem 22 anos e acredita que sua caminhada está apenas começando: "Faço o que amo e sinto que tem muita coisa boa para vir ao meu encontro" (foto: Bob Wolfenson/Divulgação)
Além de reconhecimento mundial e maior valorização no mercado, a carreira internacional costuma trazer também ganhos maiores para as modelos. Em média, um trabalho lá fora paga quatro vezes mais que um similar no Brasil. Para galgar a carreira internacional, é importante que as modelos sigam orientações das agências, como ter cuidado com o perfil nas redes sociais. O Instagram, por exemplo, é hoje grande vitrine de divulgação do trabalho. "Mas, é preciso saber se expor e evitar cenas mais informais", diz Raphael. A sorte também ajuda, claro. "A modelo precisa estar na hora certa, no lugar certo. Ou seja, ter o perfil que o mercado busca naquele momento." As garotas moram por temporadas fora do país, mas continuam sendo representadas pelas agências locais. Raphael aconselha às modelos que buscam carreira internacional que tentem conhecer a cultura - e regras - dos países onde vão morar. "Elas devem entender que estão abrindo mão do convívio com a família e amigos para se dedicar a uma profissão e experiência única de vida", diz.

Filha de pais de pele negra e branca, com avós indígenas, Amanda Martins é uma mistura perfeita da beleza brasileira e caiu nos gostos do mundo fashion internacional. Mineira de Itaobim, no Vale do Jequitinhonha, ela tem 22 anos e foi descoberta em Belo Horizonte pela agência Doze, em 2014. Em maio de 2018, fez sua primeira viagem para Paris. Em setembro do mesmo ano, estreou na semana de moda na capital francesa pela grife francesa Chloé. O trabalho abriu portas e Amanda já trabalhou para diversas marcas de renome, como Alexander McQueen, Hermès, Valentino, Dior, Calvin Klein, Massimo Dutti e Bottega Veneta. "O trabalho no exterior é mais valorizado, o ganho é maior e temos a chance de conhecer vários lugares", diz Amanda.

Eduarda Bretas, de Ouro Preto, foi descoberta aos 8 anos: hoje, com 17 e 1,82 metro de altura atrai olheiros mundo afora(foto: Gilad Sasporta/Divulgação)
Eduarda Bretas, de Ouro Preto, foi descoberta aos 8 anos: hoje, com 17 e 1,82 metro de altura atrai olheiros mundo afora (foto: Gilad Sasporta/Divulgação)
A modelo Brenda Larigaudie, de Unaí (MG), sonha em desfilar e fotografar desde criança. A sua primeira experiência foi no Minas Trend, em BH. Um ano depois, embarcou para Milão, na Itália, a capital da moda europeia. Menos de um mês depois de chegar no país da bota, ela teve oportunidade de trabalhar com famosas grifes italianas, como Giorgio Armani e Carlo Pignatelli. Brenda trabalha com a agência Doze e, aos 22 anos, acredita que sua caminhada está apenas começando. "Faço o que amo e sinto que tem muita coisa boa para vir ao meu encontro", diz.

Muitas meninas começam bem cedo. Eduarda Bretas, de Ouro Preto, assessorada pela agência Doze, foi descoberta pelo fotógrafo Fábio Magalhães aos 8 anos. Aos 14, fez sua primeira campanha para marca de sapatos Schutz, em São Paulo. Hoje, aos 17, já ostenta um currículo de sucesso, com trabalhos para grifes como Prada, Dior, Valentino e Versace. Com 1,82 metro de altura, a beleza e o desenvolvimento de Eduarda atraem olheiros mundo afora. A Live Model Management, que foi fundada em 2017, também tem várias modelos com sucesso no exterior, como Maryel Uchida, Thais Borges, Ari Westphal, Ariane Norbel, Lara Lisboa, Alyne Lira e Rafaela Bosi. "Hoje, não basta a menina ser apenas bonita. Tem de saber se vender", diz Janaina da Silveira e Silva, proprietária da agência. Para ter sucesso nesse mercado, as modelos devem cuidar do corpo e mente, além de ter disciplina, foco, pontualidade e personalidade própria. "A menina tem de querer, gostar e correr atrás como qualquer outra profissão. Quando viaja para fora, é preciso ter a cabeça no lugar e saber que vai para trabalhar e  fazer seu pé de meia."

Albina, com olhos escuros, cabelos cacheados e volumosos, Thais da Silva Borges tem um tipo bem específico:
Albina, com olhos escuros, cabelos cacheados e volumosos, Thais da Silva Borges tem um tipo bem específico: "Enquanto eu ainda me interessar pelo meio e o mercado estiver trabalhando com o meu perfil, pretendo continuar" (foto: Tyler Mitchell/Divulgação)
Albina, olhos escuros, cabelos cacheados e volumosos. O perfil da modelo Thais da Silva Borges é bem específico. Ela nasceu em Belo Horizonte e atualmente não tem endereço certo. Mora pelo mundo. A sua primeira experiência internacional foi aos 19 anos, em uma viagem de oito meses pela Ásia, em 2012. Já trabalhou para marcas como Miu Miu, Benetton e Marc Jacobs. "As vantagens da experiência fora são muitas, como conhecer novos lugares, estar com a equipe de grandes marcas e ter nossa imagem veiculada em vários lugares do mundo", diz Thais. A forte concorrência é uma desvantagem. "Quando você viaja, passa a disputar com modelos de todas as partes do mundo." Na sua avaliação, foco e persistência são essenciais na carreira. "É importante saber onde quer chegar e trabalhar para alcançar seus objetivos", diz. Apesar de a concorrência ser forte, ela afirma que a comparação com outras modelos não é saudável. "Cada uma tem um perfil. A história de vida nunca será a mesma que de outra pessoa." Aos 26 anos, Thais não pensa em idade para parar de modelar. "Enquanto eu ainda me interessar pelo meio e o mercado estiver trabalhando com o meu perfil, pretendo continuar", afirma.

Maryel Nascimento Silva Uchida, de 18 anos, fez sua primeira viagem internacional em julho, para Paris:
Maryel Nascimento Silva Uchida, de 18 anos, fez sua primeira viagem internacional em julho, para Paris: "Às vezes brinco que vou trabalhar até começar a aparecer a idade" (foto: Adam Amouri/Divulgação)
Assim também pensa Maryel Nascimento Silva Uchida, de 18 anos, que fez sua primeira viagem internacional em julho, para Paris. "Às vezes brinco que vou trabalhar até começar a aparecer a idade", diz ela, que já atuou para grifes como Yves Saint-Laurent, Balmain e Kenzo. Atitude e personalidade são fundamentais para carreira internacional de sucesso, segundo Vicente Duarte, diretor da Ford Models, agência fundada em 1946, nos Estados Unidos, e com filial em Belo Horizonte há 15 anos. A Ford tem mais de 200 modelos agenciados na capital e vários com atuação em grandes campanhas no exterior, como Evandro Soldati, Lucas Loyola, Isis Bataglia, Luma Grote, Mariana Barcelos, Carol Paes e Bárbara Rancanti. São profissionais que já fizeram trabalhos para Dior, Prada, Givenchy, Miu Miu, Armani e Yves Saint-Laurent. "Belo Horizonte é como uma escola para profissionais ganharem o mundo", diz Vicente. O vaivém das passarelas é cheio de flashes, glamour e charme, mas exige profissionalismo e muita dedicação. Aqui e lá fora.

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