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Estado de Minas ESPECIAL

Mineiros do Ano 2019 | Agostinho Patrus

Atual comandante da Assembleia de Minas tem na conversa a principal estratégia para dirigir a Casa. No cargo pela primeira vez, conseguiu economizar quase 50 milhões de reais e unir colegas de posições antagônicas


postado em 15/01/2020 16:10 / atualizado em 17/01/2020 15:40

Agostinho Patrus Filho, na galeria de ex-presidentes da Assembleia Legislativa de Minas, embaixo da foto do pai, de quem ouviu a frase que ficaria marcada em sua lembrança:
Agostinho Patrus Filho, na galeria de ex-presidentes da Assembleia Legislativa de Minas, embaixo da foto do pai, de quem ouviu a frase que ficaria marcada em sua lembrança: "Já imaginou se um filho de ex-presidente chegasse a esse cargo?" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Recém-eleito deputado estadual, em 2007, Agostinho Patrus Filho ouviu do pai, diante da galeria de ex-presidentes da Assembleia de Minas, a seguinte frase: "Já imaginou se um filho de ex-presidente chegasse a esse cargo?" O pai, Agostinho Patrus, comandou a casa entre 1995 e 1997. "Isso não é nenhuma obrigação para você, é claro. Mas que seria bacana, seria", profetizou Agostinho, que veio a falecer um ano depois. A imagem não saiu da cabeça do político neófito, mas ele deixou para o destino decidir. Hoje, aos 48 anos, em seu quarto mandato, Agostinho, como almejava o pai, ocupa a cadeira mais importante da Assembleia. É um dos mais jovens a assumir o posto, perde apenas para o deputado Dinis Pinheiro, que em 2011 foi eleito aos 44 anos.

> Leia mais: Saiba quem foram os mineiros que se destacaram em 2019, eleitos pela revista Encontro

Perfil:

  • Agostinho Patrus, 48 anos
     
  • Nasceu em Belo Horizonte

  • Casado, 2 filhos

  • Formado em administração e pós-graduado em gestão empresarial e em logística pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)

  • Eleito pelo Partido Verde (PV), é presidente da Assembleia Legislativa de Minas. Está no quarto mandato como deputado estadual. Entre 2011 e 2013, foi secretário de Estado de Turismo. Em 2008, foi secretário de Estado de Desenvolvimento Social. 

É evidente que os traços do pai, de conhecida cordialidade e aberto ao diálogo, se materializaram na postura do filho. Em um ano em que berros, ofensas e até troca de socos foram registrados em casas legislativas pelo país, em Minas, a toada foi diferente. Ele batalhou para que a famigerada polarização política não desse as cartas por aqui. "O que torna nossa Assembleia forte é a pluralidade de ideias, e, sobretudo, os nossos deputados, que conseguem discutir e abrir mão em prol do melhor para o estado", diz Agostinho. Um exemplo foi a aprovação de forma unânime do projeto de lei que autoriza a venda de créditos do nióbio para pagar do 13º salário dos servidores. Pelo menos 6 bilhões de reais podem ser viabilizados com a negociação.

Para tanto, no início do ano, ele teve de batalhar para retomar a ideia de que a política é, sim, necessária. "Criou-se um estigma de que, se eu nego a política, então não posso conversar com ninguém", diz. Para ele, o governador Romeu Zema foi humilde, soube ouvir e entendeu que a negociação é imprescindível. "Estamos vindo de uma polarização, entre PT e PSDB, que não ajudou em nada o nosso estado. O que estamos presenciando agora é a possibilidade única de convergência."

A gestão de Agostinho foi marcada também pela redução de gastos. Quase 50 milhões de reais foram devolvidos, no fim de 2019, ao estado e serão usados na saúde. Em grande parte, a economia se deve ao uso da tecnologia, já que a Assembleia, seguindo tônica da administração passada, de Adalclever Lopes (MDB), optou por fazer videoconferências em vez de enviar deputados ou equipes a outras regiões. Aliás, pode-se dizer que Agostinho é um heavy user (usuário muito ativo, em tradução livre) de tecnologia. Ele chegou para esta entrevista maravilhado com um par de óculos escuros que é também um tocador música. "Isso é fantástico", diz ele, que se informa por meio de aplicativos de notícias, mesmo nas madrugadas.

A rotina frenética imposta pelo cargo faz com que deseje, após o término do mandato, recusar outras investidas na política. Ele quer dedicar mais tempo para a mulher, Bianka, e os filhos gêmeos, Antônio e Agostinho, de 6 anos, além da empresa de transporte da família. Aos que perguntam se ele se imagina em algum cargo no executivo, ele resiste a uma resposta mais enfática. Ou seja, quer deixar para o destino resolver. Já vimos essa história.

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