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Estado de Minas VEÍCULOS

Conheça os novos conceitos do mercado automotivo

Montadoras apostam em soluções sustentáveis e substituição de potência de motor por potência computacional


postado em 20/08/2020 00:26 / atualizado em 20/08/2020 00:26

Lançamento do projeto Artemis, da Audi: grupo de 200 engenheiros terá a missão de desenvolver um novo sistema de direção veicular computadorizado(foto: Audi/Divulgação)
Lançamento do projeto Artemis, da Audi: grupo de 200 engenheiros terá a missão de desenvolver um novo sistema de direção veicular computadorizado (foto: Audi/Divulgação)
Quando achamos que não há nada mais a inventar no mundo automotivo somos surpreendidos a cada dia por inovações que nos deixam boquiabertos. O automóvel, que há não muito tempo foi considerado "o cigarro do futuro" pelos efeitos danosos ao meio ambiente, mostra agora que superou esse estigma negativo. De um lado as novas tecnologias, altamente focadas na sustentabilidade e na preservação da natureza, mostram que a nocividade dos veículos automotores poderá ser revertida. De outro, a pandemia da Covid-19, que tem tudo para anular o ano de 2020 da história de nossas vidas, acabou resultando no que pode representar a 'ressurreição' do transporte individual como a solução mais segura e saudável para o ser humano.

No aspecto tecnológico, assistimos um cada vez mais rápido crescimento dos carros equipados com motores turbo de baixa cilindrada, capazes de entregar potência, desempenho e consumo de combustível de fazer inveja aos hoje ultrapassados motores de seis, oito e 12 cilindros, altamente poluentes e insaciáveis bebedores. Cresce também de forma exponencial a participação de automóveis movidos por motores elétricos. No Brasil, a infraestrutura para estes é ainda precária, com insuficiência de eletropostos em nossas rodovias. Mas essa adequação é questão de tempo e vontade política. É consenso entre os analistas do setor que dentro de no máximo 10 anos, os carros movidos a eletricidade irão dominar o mercado brasileiro, como já vem acontecendo na Califórnia e outros mercados mais evoluídos e avançados no hemisfério norte.

Volkswagen T-Cross: motor compacto turbo fez modelo chegar ao primeiro lugar de vendas entre SUVs em junho, no Brasil(foto: VW/Divulgação)
Volkswagen T-Cross: motor compacto turbo fez modelo chegar ao primeiro lugar de vendas entre SUVs em junho, no Brasil (foto: VW/Divulgação)
A tendência de crescimento da preferência pelos propulsores de menor tamanho turbinados é nítida quando analisamos as planilhas de vendas de veículos automotores mais recentes. Nos relatórios de emplacamentos divulgados pela Fenabrave (a associação de revendedores de veículos), fica claro a força dos carros equipados com os modernos motores turbo de baixa cilindrada, em especial no segmento dos SUVs. Estes, que hoje tem a preferência do consumidor, já conquistaram a liderança em vendas, passando à frente dos hatches pequenos e dos modelos de entrada (os mais baratos).

Em julho deste ano, por exemplo, os SUVs responderam por 38,27% das vendas/emplacamentos, seguido pelos modelos hatch pequenos, com 26,75%, e os de entrada em terceiro lugar com 11,49%. São resultados que parecem fugir da lógica, mas que mostram a nova realidade. O que também se verifica na análise desses resultados é que os modelos equipados com os motores compactos turbo são os que sobem no ranking de vendas. Entre os SUVs, os resultados de julho mostram essa tendência quando verificamos que o Volkswagen T-Cross (10.211 unidades) e o Chevrolet Tracker (6.070) galgaram o primeiro e segundo lugares no ranking, consequência nítida da utilização de seus motores compactos turbo.

Chevrolet Tracker: força das vendas também explicada pelo motor turbo compacto(foto: GM/Divulgação)
Chevrolet Tracker: força das vendas também explicada pelo motor turbo compacto (foto: GM/Divulgação)
O Jeep Renegade, que há tempos está entre os líderes nesse segmento, ficou com o quarto lugar em julho (4.735 unidades). Isso apesar de ainda não oferecer para o modelo motorização a gasolina/flex com turbo, o que deverá ocorrer em breve. Oferece, no entanto, a opção de motor diesel turbo, que representa 10% no mix de vendas. O mesmo vale para o Jeep Compass, que já liderou o segmento e em julho fechou em terceiro lugar no ranking dos SUVs. No caso do Compass, os modelos com motor diesel representam 35% das vendas, informou a montadora. Essa é a nova realidade para o mercado automobilístico. Os fabricantes, que antes competiam principalmente com foco na potência de seus motores estão agora se rivalizando em cima de uma menos tangível forma de potência ao entrar em uma corrida para desenvolver veículos automatizados, em que a computação tem papel primordial.

Em recente entrevista à agência de notícia Reuters, o novo CEO da Audi, Markus Duesmann informou que está montando, em parceria com a Volkswagen (empresa mãe da Audi), um grupo de 200 engenheiros que terá a missão de desenvolver um novo sistema de direção veicular computadorizado. Apelidado de Projeto Artemis, a deusa grega da caçada, o plano é neutralizar e – ultrapassar – a Tesla, que é hoje líder absoluta em software no campo automotivo. "Estamos atrasados na digitalização, por enquanto," afirmou Duesmann durante coletiva de imprensa na sede da Audi em Ingolstadt, Alemanha. Com o advento dos carros autodirigíeis (autônomos), os veículos passam a necessitar de sistemas operacionais de processadores e softwares para analisarem dados de radares, ondas a laser e câmeras com sensores capazes de calcular reflexos de direção de forma que os carros possam transitar e evitar acidentes.

Jeep Renegade: quarto lugar entre os SUVs mais vendidos em julho deve ganhar novo motor em breve(foto: Jeep/Divulgação)
Jeep Renegade: quarto lugar entre os SUVs mais vendidos em julho deve ganhar novo motor em breve (foto: Jeep/Divulgação)
No passado, carros maiores com motores mais potentes eram sempre os melhores. Agora o poder da computação e inteligência será a métrica chave que definirá o que é premium. Isso exige da Volkswagen e Audi (e todas as demais que quiserem sobreviver nesta nova realidade) a repensar a forma como projetam carros. "O desenvolvimento técnico de veículos não é mais definido a partir do tamanho do veículo, mas a partir de sua arquitetura elétrica e eletrônica", disse Duesmann, explicando que os modelos de alto valor serão agora diferenciados de acordo com suas capacidades computacionais e níveis de sensores.

Para construir o novo sistema, Duesmann está montando um time de engenheiros "orientado para resultados" que irão trabalhar na aceleração do desenvolvimento de uma nova plataforma veicular. "O projeto Artemis será menor que um time de Fórmula 1", disse Duesmann, que também é chefe de pesquisa do grupo VW. "Desenvolver um novo carro com tantas características inovadoras até 2024 é um desafio grande, sem precedentes. Por isso decidimos trabalhar com um unidade específica." A ideia é que um grupo de desenvolvimento ágil ficará menos dependente e travado pela burocracia dentro do grupo Volkswagen, que tem também o controle das marcas Bugatti, Bentley, Porsche, Skoda e Lamborghini, além da Audi e VW.

O Projeto Artemis será liderado por Alexander Hitzinger, que foi o responsável pela direção autônoma na VW e pelo time Porsche Racing que venceu a corrida de endurance de Le Mans em 2015, 2016 e 2017. Hitzinger trabalhou também na Apple, onde ele organizou e coordenou o desenvolvimento de produtos para veículos autônomos.

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