Publicidade

Estado de Minas DÉCOR

Artistas transformam porcelanas em belas peças de decoração

Com estilo e personalidade, louças brancas são transformadas, levando poesia à mesa. Nesses tempos de pandemia, o charme é ainda mais valorizado


postado em 07/10/2020 16:37

Estilo romântico e contemporâneo nas peças de Marina e Sônia Dinelli(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Estilo romântico e contemporâneo nas peças de Marina e Sônia Dinelli (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Desenhos cheios de sensibilidade, design e olhar apurado transformam louças comuns em peças únicas. Belo Horizonte se tornou uma espécie de celeiro de artistas que produzem coleções sob medida. Mas de onde veio essa tendência de levar para casa jogos exclusivos de jantar, chá, jarros, bandejas, peças para o quarto ou para a sala que também se transformam em presentes apaixonantes? Em tempos tão acelerados como os atuais, há quem aposte que o contrário da correria acaba sendo valorizado, como uma necessidade de retorno ao trabalho humano, feito devagar, um a um. Com paciência. E durante a quarentena, os ateliês, que já estavam em alta, viram a demanda crescer. As peças únicas dão mais vida e charme à rotina da casa e agora muitos encontraram tempo e prazer em rituais esquecidos, como sentar à mesa.

As porcelanas desenhadas à mão, com pinceladas de tintas e fios de ouro vão ganhando estilos diferentes e revelando talentos em Belo Horizonte. Peças com traço delicado, florais, pássaros coloridos ou referências à vida ao ar livre, como as bikes, surgem em um trabalho de perfeição e detalhes. A mesa da artista Mônica Maia é feita para ser admirada. Suas peças proporcionam uma viagem por desenhos e cores. Depois de 30 anos completos dedicados à odontologia, ela decidiu trilhar uma nova rota e transformou sua paixão pelos pincéis - que vem desde a adolescência -, em trabalho prazeroso. Em seu ateliê, localizado em meio à natureza, no condomínio Vila Del Rei, às margens da BR 040, ela cria seu estilo a partir dos traços livres. Mônica acredita que para transformar um prato branco em uma peça de arte é preciso ter calma, sensibilidade e a precisão de mãos muito firmes. "Como a minha área na odontologia sempre foi ligada à estética eu estudei muito as proporções e os conceitos que definem a harmonia e a beleza." O resultado é de se admirar. Suas pinceladas dão formas a uma pintura leve, contemporânea e também sofisticada. "As pessoas estão curtindo mais o ambiente doméstico e essa procura refletiu nas encomendas do ateliê", diz Mônica. Durante a pandemia ela também fez uma parceria com o projeto social O Grito da Rede Gerando Falcões, que atende crianças na região de Ribeirão das Neves. A artista dedica 10% do faturamento de suas vendas ao projeto. "Foi um bálsamo no meu coração. Sinto-me impulsionada a trabalhar com ainda mais amor."

Entre a natureza e os pincéis, Mônica Maia desenvolve seu estilo a mão livre(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Entre a natureza e os pincéis, Mônica Maia desenvolve seu estilo a mão livre (foto: Violeta Andrada/Encontro)
O crescimento desse mercado inspira novos talentos. Roberta Carneiro trocou, há dois anos, a arquitetura pela arte. Inspirada pela avó e pela mãe, ela começou a fazer aulas de pintura apenas como um hobby. Mas o resultado foi tão bom que Roberta decidiu se dedicar integralmente à atividade. Suas peças, com florais e pássaros, lembram jardins coloridos. As xícaras transformam o simples cafezinho em momento único. «Para chegar ao resultado final, uso muitas técnicas em uma só peça", explica. O ateliê começou pequenininho, cresceu para atender as encomendas de todo o Brasil e já ocupa um amplo showroom no Sion. A artista atende com hora marcada e cada porcelana é feita minuciosamente, uma a uma, em um trabalho de paciência, detalhes e fios de ouro. Antes de ficar pronta a louça vai algumas vezes ao forno, a 800 graus. Um trabalho cuidadoso para transformar a mesa.

Thais Moss se dedica a porcelanas e cerâmicas que contam histórias(foto: Na ordem - Isadora Fonseca/Divulgação e Danilo Koshimizu/Divulgação)
Thais Moss se dedica a porcelanas e cerâmicas que contam histórias (foto: Na ordem - Isadora Fonseca/Divulgação e Danilo Koshimizu/Divulgação)
E nessa viagem pelo mundo da porcelana em Belo Horizonte uma parada obrigatória é o ateliê Lunes, lugar onde as peças surpreendem pela delicadeza e ao mesmo tempo inovação no design. "Temos um estilo romântico-contemporâneo", define Marina Dinelli. Junto com sua mãe, Sônia Dinelli, ela está à frente do ateliê que funciona no bairro São Pedro. As peças são uma viagem no tempo, lembrando a casa da avó, ou a mesa da mãe, colocada para dias especiais. Mas apesar da delicadeza, a ideia é que elas não fiquem guardadas apenas para ocasiões especiais, mas tragam bons sentimentos para o dia a dia. A intenção, reforça Marina, é que as peças sejam, além de belas, práticas também. Mãe e filha utilizam técnicas variadas, da pintura com pincéis ao bico de pena. As porcelanas chegaram para Sônia como a segunda profissão após a aposentadoria. Já Marina é arquiteta e encantou-se com a possibilidade de criar artigos tão delicados: "Acho que os mineiros gostam de trabalhos feitos à mão".

As peças de Roberta Carneiro são amor à primeira vista(foto: Violeta Andrada/Encontro)
As peças de Roberta Carneiro são amor à primeira vista (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Se gostam. Mas os consumidores precisam entrar no ritmo mais tranquilo dos artistas ao encomendar seus trabalhos. Para conversar com Thais Moss, por exemplo, é preciso esperar entre a finalização de um trabalho e o início de outro. Em seu ateliê, em uma charmosa casa do bairro Santo Antônio, a produção não para. Na pandemia o ritmo ficou ainda mais corrido, com crescimento das encomendas. Thais trabalha também com cerâmica e atua em todas as fases da cadeia. É artista e ao mesmo tempo empreendedora. Além do ateliê de porcelana e cerâmica, ela mantém uma loja, participa de feiras (quando eram permitidas, claro) e embala cada peça com cuidado. "Percebo que na pandemia mais pessoas passaram a escolher o artesanal, a comprar com consciência e a valorizar o trabalho mais humanizado", observa. Thaís Mor teve sua primeira experiência com as porcelanas aos 11 anos de idade. Mas mesmo antes já havia testado a pintura a óleo. "Sempre soube que seria artista", afirma. Longe das tintas ela trabalhou como designer e depois de estudar dois anos na Espanha redescobriu a arte e levou seu talento com os pincéis para a porcelana. "Faço uma pintura com histórias para contar." Alguns itens fazem tanto sucesso que não saem da estante. Um exemplo são os copos de cerâmica, da coleção Cura, moldados um a um e pintados também com palavras. "Cada peça traz uma intenção", diz a designer. As técnicas usadas nas porcelanas e cerâmicas de Thaís são variadas e autorais, já que em sua trajetória na arte ela experimentou do clássico ao moderno design de produtos. "É muito difícil me colocar em uma caixinha", brinca. A pintura contemporânea e mais solta é um convite para que as peças sejam usadas no dia a dia. "Abri o ateliê em 2015, cresci na crise e continuei crescendo na quarentena", diz. Quem não encontra na loja a peça do seu desejo precisa ter paciência, são em média 15 a 30 dias para a entrega do trabalho artesanal. E para quem se empolgou vendo as fotos desta reportagem e quer aprender a técnica da pintura em porcelana, Thais dá cursos para iniciantes. No momento, as aulas estão suspensas, mas a agenda de workshops práticos deve ser retomada no início do ano que vem. "Não é necessário ser artista ou ter forno profissional para a queima", diz. "São várias as técnicas e cada aluno pode se encontrar em uma delas." Para entrar nas turmas só é necessário duas coisas: calma e paciência.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade