
A profissional de educação física e empresária Camila Dantas Malta decidiu surfar nessa onda. Aproveitando a tendência dos treinamentos on-line, Camilão, como é conhecida, logo percebeu um nicho de mercado a ser explorado. Atenta, observou que em pouco tempo o isolamento social mostrou seus efeitos colaterais. "Passou a fazer tanto mal para o corpo e para a mente que as pessoas começaram a buscar alternativas para recuperar a saúde e o bem-estar", diz ela. Bingo! Surpreendentemente, até quem nunca malhou passou a se exercitar. "Para muitos era isso ou surtar preso dentro de casa", diz.
Ela é apenas uma entre milhares de novos empreendedores. De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os últimos meses têm sido marcados por iniciativas promissoras. Não por acaso, entre 31 de março e 15 de agosto de 2020 foram feitos 784,3 mil registros no Simples Nacional, dos quais 684 mil de Microempreendedores Individuais (MEI) - 43 mil a mais que no mesmo período de 2019. Outros 100 mil novos negócios foram registrados como Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (MPE). Em Minas Gerais, 338.144 pequenos negócios foram abertos ao longo do ano passado. O número representa um crescimento de 1,1% em comparação ao ano de 2019.
Para sobreviver aos novos tempos é preciso mesmo se reinventar. Segundo o Movimento Compre & Confie, o e-commerce brasileiro faturou R$ 9,4 bilhões somente em abril de 2020. Um aumento de 81% em relação ao mesmo período do ano anterior. As categorias que tiveram o maior crescimento em volume de compras foram: Alimentos e Bebidas (aumento de 294,8% em relação a abril de 2019), Instrumentos Musicais (+252,4%), Brinquedos ( 241,6%), Eletrônicos ( 169,5%) e Cama, Mesa e Banho ( 165,9%). Com a necessidade de se ficar em casa, houve uma ressignificação do ambiente familiar. E nunca se observou tanto anseio por mudanças.
O setor pet também não ficou atrás. É comum entre donos de animais de estimação a brincadeira de que, em suas casas, não passam de inquilinos. Os verdadeiros proprietários sãos cães, gatos e cia. E se toda brincadeira tem um fundo de verdade, não é à toa que o mercado de pet shop esteja em ascensão. Inaugurado em 2013, no bairro Funcionários, o Pimp My Pet não economiza nos mimos aos bichos e na criatividade. Para driblar a crise, a empresária Nathália Minzon Fernandes precisou reinventar o seu modelo de negócio. Investiu em táxi dog gratuito para que os clientes pudessem cuidar de seus pets sem sair de casa. Apostou também em marketing, melhorou a comunicação e fez várias campanhas para atrair o público. "A pandemia me fez sair da zona de conforto e me capacitar ainda mais", diz. O esforço tem gerado resultados. A clientela aumentou em 20% e a butique pet mudou para novo endereço, com mais estrutura e novidades que enchem os olhos de bicho e gente.