O que são e para que servem os óleos essenciais?

Eles podem ser inalados ou simplesmente aplicados na pele. Exalam aromas que, segundo especialistas, acordam os sentidos e têm a capacidade de se conectar com as emoções, trazendo disposição ou a sensação de descanso para o dia. São os óleos essenciais, espécie de elixir que promete promover o bem-estar e ativar memórias perdidas, além de atuar como aliado para a longevidade da pele e ainda, de forma aromática, levar mais sabor para a gastronomia. Essas essências fazem parte de um mundo que reúne em pequenos vidrinhos a "força" das plantas. Cheiros intensos, cítricos, suaves e sofisticados em algumas gotas. No ocidente, os óleos essenciais já são usados há várias décadas, mas a cultura é milenar. A terapeuta Marguerite Maury, pioneira da aromaterapia ocidental na Inglaterra, manipulava os óleos essenciais desde os anos 1930, com particular interesse na prática medicinal do rejuvenescimento. De forma pedagógica, ela costumava explicar que a essência das plantas seria a "mais pura forma de energia viva que podemos usar em nós mesmos".

Aos poucos, o uso dos óleos essenciais vem crescendo em Minas, mas os próprios especialistas da área reforçam que o tratamento de forma alguma substitui o acompanhamento medico. É complementar na busca pelo bem-estar. A psicanalista e aromaterapeuta Isabela Savassi Palmer explica que os óleos podem agir como estimulantes, para  promover a recuperação do vigor vital e o equilíbrio das emoções. Ajudam ainda no alívio de dores e do estresse diário, sendo benéficos também como cosméticos, podendo ser adicionados a óleos vegetais ou a cremes de base neutra. "O sistema olfativo aciona uma central de memórias e emoções, além de potencializar o sistema imunológico", diz Isabela. "O tratamento com a aromaterapia vai trabalhando os sentimentos a partir dos sintomas." Imagine falar em uma anamnese terapêutica sobre os cheiros que mais gosta, o que trazem de lembranças e como afetam o ânimo e a energia. Pensar sobre aqueles que são intoleráveis ou alérgicos também faz parte da consulta. Isabela trabalha com formulações individuais e diz que elas devem ser usadas na medida certa para ter sua função terapêutica. "Se usados de forma incorreta, alguns podem queimar a pele ou não serem bem tolerados", alerta. "Os óleos essenciais são compreendidos como a expressão ou a alma da planta." Isabela Palmer desenvolveu o Loop, um portal de notícias sobre a aromaterapia em que internautas podem acessar informações sobre os óleos essenciais. O site tem até com uma calculadora para orientar sobre dosagens dos óleos, em cosméticos, por exemplo.

O mineiro Fabian Laszlo está há mais de 20 anos à frente de um grupo que reúne empresas de aromaterapia e bem-estar, incluindo também editora e instituição para cursos livres. Em parceria com a UFMG ele desenvolveu um processo de cromatografia capaz de identificar a composição e a pureza dos óleos essenciais. "Os usos da aromaterapia são cada vez maiores, chegando a ser opção na agricultura orgânica, para controle de pragas e doenças, e até mesmo na gastronomia", diz. Ele lembra que os óleos essenciais já são usados como coadjuvantes na área de obstetrícia em Belo Horizonte e também com aplicações na cirurgia cardíaca. Segundo Fabian, na Europa, testes mostraram que um medicamento feito à base do óleo essencial de lavanda seria eficaz como calmante, com efeito similar ao do fármaco lorazepam, usado para controle da ansiedade. Óleos de eucalipto, lavanda, hortelã, limão, canela e até plantas desconhecidas são uma pequena parte de um mundo. Para quem tem curiosidade de começar a mergulhar nesse universo pode começar a ler sobre o assunto. "Um bom começo é o livro Aromaterapia: a cura pelos óleos essenciais, de Marcel Lavabre", indica Fabian.

Aromaterapeuta e consultora, Pollyanne Lessa Boczar trouxe para o Brasil a "doTERRA", empresa americana líder no mercado mundial de óleos essenciais. Presente em mais de 50 países, a marca só utiliza, para fabricação de seus óleos, matéria prima dos locais de onde ela é originária. Assim, a lavanda, por exemplo, vem da França, e a copaiba, do Brasil. "Os óleos essenciais nos ajudam a lidar com as questões do dia a dia, a equilibrar as emoções", diz Pollyanne. Como são substâncias naturais extremamente concentradas é necessário ter o auxílio de profissionais para o correto uso do produto, seja para quem procura dormir melhor, ter mais disposição para começar o dia ou mesmo está em busca de mais saúde para cabelos e pele. "Introduzir óleos essenciais na rotina pode ajudar as pessoas a ter um maior bem-estar e qualidade de vida de forma natural", afirma.

Depois de estudar o uso de óleos essenciais na gastronomia, o mixologista Filipe Brasil passou a criar drinques exclusivos com essas gotinhas aromáticas. "Essências sintéticas não correspondem ao aroma dos óleos naturais, que mostram toda a força da planta", diz. Um dos coquetéis criados por Filipe leva o óleo essencial de laranja e recebeu o nome de old fatshioned, uma brincadeira com fat (gordura) e old fashioned (antiquado), uma referência aos ingredientes, uísque e azeite trufado. "Tenho coquetéis com óleo de abacate e com óleo de camomila. O óleo de limão também vai bem em sopas e na finalização de saladas", afirma. Filipe, no entanto, alerta que é preciso saber dosar o uso do produto, que por ser extremamente concentrado pode causar danos à saúde. "Pequeninas quantidades, às vezes menos que uma gota, já são suficientes para um aroma fantástico, que aumenta a percepção do sabor."