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Estado de Minas BEM-ESTAR

Terapia com essências pode ajudar na reabilitação olfativa

Perda, parcial ou total, do olfato é uma das sequelas mais comuns da Covid-19


postado em 04/05/2021 00:47 / atualizado em 04/05/2021 00:47

A produtora de conteúdo digital Ana Cecília Rezende, que perdeu o olfato temporariamente depois da Covid-19:
A produtora de conteúdo digital Ana Cecília Rezende, que perdeu o olfato temporariamente depois da Covid-19: "Tinha medo de não voltar a sentir cheiro nenhum mais. Então, fico feliz até quando sinto cheiro ruim" (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
O aroma do café quentinho passando pelo coador era um dos prazeres matinais mais apreciados pela produtora de conteúdo digital Ana Cecília Rezende. Quando foi contaminada pelo novo coronavírus, em novembro do ano passado, ela pensou que aquela sensação ficaria só nas lembranças de um tempo pré-pandemia. Ana Cecília faz parte dos mais de 30% dos infectados que têm as células do olfato afetadas pelo vírus. Inclusive, o sintoma foi o responsável por ela ter descoberto a contaminação. "Achei que era uma crise alérgica, pois estava com um pouco de dor de cabeça. Mas quando bati um spray na minha máscara, não senti o cheiro de álcool", lembra. "Peguei um frasco de perfume para cheirar e nada. Fiz o exame e deu positivo."

Quando a quarentena acabou, Ana buscou ajuda. Não era só o cheiro de café passado na hora que fazia falta. "Eu estava desesperada", diz. "Não cozinhava mais porque estava com medo, não sentia o cheiro de gás. Queimei uma torrada porque não sentia o cheiro de queimado." Ela foi se consultar então com a otorrinolaringologista Cristina Barbosa, que receitou alguns medicamentos e um treinamento do qual Ana nunca tinha ouvido falar. A terapia consiste em colocar substâncias com odores conhecidos - como café, canela, cravo, baunilha e pasta dental - dentro de potinhos e cheirar cada um por 10 segundos, com intervalos de 15 segundos entre eles, duas vezes ao dia. "O processo estimula os receptores do olfato através do treinamento diário e prolongado", explica Cristina, que, atualmente, atende cinco pacientes em reabilitação olfativa. "A resposta é extremamente variável por depender do grau do acometimento, idade e adesão ao tratamento. Quanto mais precoce for o início, de preferência a partir de 15 dias após diagnóstico, melhores serão os resultados."

O médico Juliano Sales, coordenador do serviço de otorrinolaringologia do Mater Dei:
O médico Juliano Sales, coordenador do serviço de otorrinolaringologia do Mater Dei: "O vírus ataca os receptores do nariz, podendo até causar a morte dessas células. Sem uso, o bulbo olfatório pode atrofiar, como qualquer outro músculo" (foto: Divulgação)
O médico Juliano Sales, coordenador do serviço de otorrinolaringologia do Mater Dei, explica que o tratamento age como uma espécie de fisioterapia e já era usado em outras patologias, mas se popularizou com a pandemia da Covid-19. "A reabilitação surgiu na Alemanha, como uma espécie de fisioterapia para reensinar os cheiros ao cérebro e não deixar que o bulbo olfatório se atrofie", afirma. "Antigamente, casos de anosmia (não sentir cheiro), normalmente causados por obstrução do nariz ou patologias como tumores, não eram tão frequentes. Hoje, com o coronavírus, se tornou comum." Ele também recomenda o tratamento para seus pacientes, embora alerte que os estudos voltados especificamente para essa doença são recentes e ainda não é possível garantir os resultados. Ainda assim, ele acredita que a reabilitação olfativa seja o melhor caminho para quem perde esse sentido após a Covid.

"Para sentir cheiro, é preciso que o aroma entre pelo nariz e chegue até as células responsáveis por enviar o sinal ao cérebro. O problema é que o vírus ataca os receptores do nariz, podendo até causar a morte dessas células», diz Juliano. "Sem uso, o bulbo olfatório pode atrofiar, como qualquer outro músculo." O treino diário permite, segundo o médico, ativar essa musculatura. Quando as células afetadas pelo vírus se regenerarem, com a ajuda de medicamentos e com a recuperação do organismo, ela pode voltar a funcionar normalmente.

Após 4 meses de reabilitação olfativa, Ana Cecília comemora a evolução. "Tinha medo de não voltar a sentir cheiro nenhum mais. Então, fico feliz até quando sinto cheiro ruim", diz. Hoje, ela já está cozinhando tranquila. "E sei quando tem alguém passando café."

Como tratar a perda do olfato em casa?

O tratamento pode ser feito em casa, com ingredientes de fácil acesso, antes mesmo do fim do isolamento. Segundo os médicos, não há contraindicação, a não ser em casos de alergia a alguma das substâncias. Também é recomendado não colocar nenhum produto no interior do nariz, para não agredir a mucosa nasal.

Basta cheirar uma pequena porção de cada um dos produtos abaixo por 10 segundos, com intervalos de 15 segundos entre eles, duas vezes ao dia, por pelo menos 3 meses (pode se estender por mais tempo, se necessário):

  • Café

  • Cravo

  • Mel

  • Vinagre de vinho tinto

  • Pasta de dente de menta

  • Essência de baunilha

  • Suco de tangerina concentrado

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