Estado de Minas ESPECIAL

Mineiros do Ano 2021 | Ana Maria Fulgêncio

Com a impossibilidade das aulas presenciais devido à pandemia, Ana Maria transformou a escola de inglês que fundou há 48 anos em instituição exclusivamente online. Com a mudança, já conta com mais de 5 mil alunos, quase o dobro do que tinham as 11 unidades físicas de sua marca


postado em 24/01/2022 22:44 / atualizado em 24/01/2022 22:57

Com sua escola de inglês online, Ana Maria Fulgêncio sonha alto:
Com sua escola de inglês online, Ana Maria Fulgêncio sonha alto: "As pessoas podem achar megalomania, mas eu chamo de idealismo: pretendo chegar a 300 mil alunos" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Perfil:

  • Ana Maria Fulgêncio
  • Campo Belo (MG)
  • Viúva, dois filhos, quatro netas
  • Graduada em Letras pela PUC-MG. Foi professora de língua inglesa e literatura americana na PUC-MG; é fundadora do Grupo Green, criado em 1973

O sonho de Ana Maria Fulgêncio era dar aulas de inglês. Nascida no interior de Minas, desde que se apaixonou pelo idioma que via nos programas de TV, passou a respirar a língua de Shakespeare. Estudou inglês a partir dos 9 anos, fez um intercâmbio cultural nos Estados Unidos aos 17 e formou-se em Letras (em literatura, claro, americana e britânica). Decidida, abriu uma escola na Savassi em 1973 e foi ensinar para outras pessoas o idioma que mais a encantou. Sempre aberta a novidades e ao que a juventude tem a dizer, foi pioneira em dar aulas para crianças abaixo de 10 anos em BH. Quando os alunos de sua escola lhe perguntaram se ela não podia lhes levar à Disney, porque estavam doidos para conhecer o parque mais famoso do mundo e não se sentiam seguros para fazer a viagem sozinhos, ela topou. Passou a organizar excursões. "Eles voltavam muito mais motivados para aprender a língua, por isso gostei da ideia", conta. Quando perguntaram se ela não podia fazer o mesmo trabalho, mas para viagens de intercâmbio, ela também achou boa ideia. E, assim, o que começou como uma unidade de ensino de inglês virou o grupo Green, escola de idiomas com 11 unidades franqueadas, agência e operadora de viagens, distribuidora de livros, empresa de intercâmbios e instituição que implementa educação bilíngue em escolas. Isso tudo antes da pandemia.

Quando a Covid-19 se espalhou pelo mundo e obrigou ao fechamento das portas de todas as instituições de ensino, o escritório central das franquias da escola inglês também teve de fechar as suas. "Como todos, achávamos que seria por pouco tempo", diz. Mas as semanas foram passando, os meses também, e não havia perspectiva de retorno das aulas presenciais. Até que Ana Maria topou uma nova mudança. Fez parceria com a National Geographic Learning - com quem outra empresa do grupo, a BE Education (única com investimento externo), já trabalhava - para oferecer um curso online de inglês. A plataforma educacional é da National Geographic, assim como material e metodologia. A Green teve de desenvolver a plataforma para oferta do serviço. Foi uma reviravolta no modelo de negócios. Não havia mais escolas físicas ou franquias; apenas a Green Idiomas Online.

Segundo Ana Maria, o pulo do gato é a qualidade do material - com a chancela de uma marca internacionalmente conhecida - aliada ao preço, cerca de 10% do valor de uma mensalidade de aulas de inglês em escola tradicional. À Green, além do processo de venda, cabe o suporte técnico. A empresa oferece ainda a opção de o aluno fazer, como extra, aulas de conversação. Se com as 11 franquias o total de estudantes era de cerca de 3 mil, a escola online já tem mais de 5 mil. "As pessoas podem achar megalomania, mas eu chamo de idealismo: pretendo chegar a 300 mil alunos", diz ela, que tem licença para vender o curso no mundo todo.

Empresária há quase 50 anos, Ana Maria atribui sua capacidade de adaptar-se às constantes mudanças de contexto ao fato de trabalhar junto com os filhos, com quem se dá muito bem. Antes de qualquer decisão, eles discutem muito. Não adianta, porém, ter pessoas mais jovens por perto quando não se está aberta aos desafios. "Eu sou uma pessoa com tendência a aceitar ideias novas, eu gosto", afirma. "Sou idosa, mas não sou velha."

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação