Entenda por que Vila da Serra e Vale do Sereno atraem tantos investimentos

Foi o crescimento do Belvedere - e sua inevitável saturação, em meados dos anos 2000 -, que fez com que os olhos de empreendedores se voltassem com apetite para os bairros Vila da Serra e Vale do Sereno, na vizinha Nova Lima. Não demorou para que a região recebesse inúmeros investimentos. Mas a expansão não foi desordenada. Antes mesmo de os espigões tomarem conta do horizonte, os bairros receberam hospitais e escolas. Depois, vieram as lojas e os restaurantes. Uma infraestrutura muito bem pensada para atender um perfil definido de moradores e visitantes: com alto poder aquisitivo. Chamava atenção o fato de as primeiras construções estarem em terrenos de 4 mil metros quadrados - oito vezes maiores que os lotes do Belvedere, por exemplo. Isso fez com que surgissem por ali prédios espaçosos e com área de lazer privilegiada. O Vila da Serra, colado a BH, foi o primeiro a ser ocupado - o loteamento é dos anos 1980 e o Instituto Biocor, por exemplo, foi inaugurado em 1984. Quando os terrenos começaram a rarear, o Vale do Sereno atraiu as máquinas.

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Um atrativo e tanto da região é a natureza exuberante do Vale do Sereno, que garante uma vista de tirar o fôlego para os edifícios residenciais e comerciais. Esse é, hoje, o bairro que mais recebe lançamentos. Ele começou a ser concebido ainda antes do Vila da Serra. No fim dos anos 1950, o empresário Alberto Freitas Ramos, o Albertinho - morto no ano passado, aos 85 anos - adquiriu os 900 mil metros quadrados que se transformariam no Vale do Sereno. Ele havia acabado de chegar de sua terra natal, Cordisburgo, na região central do estado, e vislumbrava um futuro promissor para a área. "Aqui era um buraco, mas era terra boa e bem localizada", afirmou, em entrevista a Encontro, em 2017. Visionário, ele estava certíssimo. Hoje, quem está à frente dos negócios da família é Alberto Freitas Ramos Júnior. Ele fala com orgulho dos primórdios do bairro, das ruas largas e iluminação subterrânea, e garante que moradores e visitantes vão se surpreender com a revitalização que está em curso. "O bairro já foi muito bem planejado, mas acreditamos que pode ser melhorado", diz. "Estamos investindo em trilhas ecológicas nas áreas verdes, espaços para arte urbana, circuitos fitness, praças e um anfiteatro para que moradores e visitantes desfrutem ainda mais o bairro."

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Alberto é um dos empreendedores também do Himalaya Town Center, um projeto de uso misto que reunirá no mesmo espaço torres residenciais e corporativas de alto padrão, além de hospital, faculdade, shopping center, centro de convenções, teatro de arena, praça com 20 mil metros quadrados de jardins e pista de corrida de 1 quilômetro de extensão. Tudo isso na Alameda Oscar Niemeyer, no Vila da Serra. Estão previstos investimentos da ordem de 1 bilhão de reais, inclusive em melhorias viárias, e o início das obras depende de licenças de órgãos públicos.

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De acordo com o prefeito de Nova Lima, João Marcelo Dieguez, a questão da mobilidade é, atualmente, o grande problema da região. "Esse deixou de ser um desafio de Nova Lima para ser um desafio metropolitano", afirma. "Estamos trabalhando em um plano de mobilidade, juntamente com a prefeitura de Belo Horizonte e com o governo do Estado. Nosso principal objetivo é desafogar a MG-30." Para ele, se uma solução de mobilidade não for encontrada rapidamente corre-se o risco de vermos  pessoas sem conseguir acessar Belo Horizonte ou voltar às suas casas em Nova Lima, Raposos e Rio Acima por causa de problemas de trânsito. "De que adianta termos novas redes de hospitais, por exemplo, se as ambulâncias não chegarem a elas?"

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Com cerca de 100 mil habitantes, Nova Lima pode se orgulhar de ter o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre todos os municípios mineiros. O IDH avalia educação, renda e longevidade dos moradores. Um estudo desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado em 2020, mostrou ainda que a cidade está no topo do ranking daquelas com a maior concentração de endinheirados no Brasil. Segundo a pesquisa, a renda média de quem vive ali é 6.253,03 reais (868 reais a mais que a segunda colocada, Santana do Parnaíba, nos arredores de São Paulo). Um número que certamente os bairros do Vila da Serra e do Vale do Sereno ajudam a manter elevado.