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Estado de Minas CIDADE

Casal abre livraria Jenipapo em espaço da antiga Ouvidor

Os servidores públicos Tatiane Fontes Ladeira e Frederico Alves Pinho frequentavam o estabelecimento que encerrou as atividades após 48 anos de história em BH


postado em 19/07/2022 13:48 / atualizado em 20/07/2022 15:16

Tatiane Fontes Ladeira e Frederico Pinho, donos da Livraria Jenipapo, aberta em junho na Savassi:
Tatiane Fontes Ladeira e Frederico Pinho, donos da Livraria Jenipapo, aberta em junho na Savassi: "Queremos que aqui seja um lugar de encontros, de formação leitora e promoção de cultura", diz Tatiane (foto: Glaucia Rodrigues/Encontro)
Quem ama literatura, livros físicos, folhear páginas, frequentar boas livrarias, sente uma dor no coração quando uma delas precisa fechar as portas. Uma livraria a menos significa um espaço a menos para conversar sobre as obras, pedir indicação de títulos, acompanhar lançamentos, contação de histórias com as crianças, um espaço de convivência de quem não vive sem as letras. Pois os servidores públicos Tatiane Fontes Ladeira e Frederico Alves Pinho, dois amantes dos livros e leitores vorazes, decidiram fazer algo a respeito, quando ficaram sabendo que a histórica Ouvidor, muito frequentada por ambos, encerraria as atividades.

Frederico conta que conversou com Bernardo Ferreira, proprietário e filho do fundador da Ouvidor, para entender o fechamento e como poderiam ajudar, e o empresário disse: "por que não ficam com a livraria?" O casal, que não tinha experiência prévia com comércio - mas sim com a área de cultura, ele como historiador e pesquisador da área de museus, ela como jornalista com atuação no setor -, resolveu tentar a empreitada. "É importante manter espaços independentes de promoção de cultura, isso faz parte da cidade", diz Tatiane. Na conta da livraria no Instagram, reforçam a importância desses ambientes promotores das letras com a campanha "nenhuma livraria a menos", reforçada e repostada pelos apoiadores da ideia.

O espaço que abrigou a famosa Ouvidor foi totalmente reformado: estabelecimento teve de encerrar atividades em fevereiro deste ano(foto: Glaucia Rodrigues/Encontro)
O espaço que abrigou a famosa Ouvidor foi totalmente reformado: estabelecimento teve de encerrar atividades em fevereiro deste ano (foto: Glaucia Rodrigues/Encontro)
A decisão foi tomada rapidamente: em fevereiro deste ano houve o anúncio do fechamento e, depois de algum (pouco) tempo de deliberação, os dois já estavam lidando com contador, advogado, arquiteta, aprendendo sobre como gerenciar uma livraria e quais livros colocar nas estantes. Cinco meses depois, em 20 de junho, a Jenipapo abriu as portas. A loja continua sendo da família de Bernardo e foi alugada para os novos empreendedores. Eles contam que consideraram manter o nome, por quererem honrar a história da Ouvidor. Contudo, isso era juridicamente complicado, então, resolveram criar uma nova identidade, novo nome e dar uma nova cara ao espaço, mantendo a lembrança do negócio anterior com as belas estantes, que continuam lá, apesar de eles terem feito uma grande reforma no local.

"Queremos que aqui seja um lugar de encontros, de formação leitora, um local de permanência, não só um espaço para se comprar livros", diz Tatiane. Ela afirma que Frederico, que tem um perfil de resenhas de livros criado durante a pandemia (@fredjenipapo), deve ficar mais envolvido com a atividade livreira. Já ela fi cará à frente da promoção dos eventos, que são parte essencial da proposta e uma das apostas para o sucesso do negócio em tempos tão difíceis para lojas de rua. Por enquanto, os empresários conciliam o trabalho com a nova empreitada, com a ajuda de dois livreiros - o experiente Thiago Bergmann, que foi também funcionário da Ouvidor, entre outras lojas tradicionais da cidade, e a jovem Letícia Purri.

A livraria fica na rua Fernandes Tourinho, na região da Savassi, um "corredor literário", junto com outros dois negócios do mesmo setor, a Quixote e a Scriptum. O empreendedor cultural, jornalista e escritor Afonso Borges, criador do projeto Sempre um Papo, foi uma das vozes que lamentaram o fechamento da Ouvidor, na ocasião, e agora comemora a abertura de mais um espaço para os livros. "Eu fiquei muito feliz quando soube que sonhadores se interessaram em comprar a Livraria Ouvidor. E quando soube que seria uma outra ideia, materializada na agradável Livraria Jenipapo, mais feliz ainda", diz. "Belo Horizonte, esta cidade literária, precisa manter livrarias para que os sonhos permaneçam reais."

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