Publicidade

Estado de Minas ENOLOGIA

Empresário Rubens Menin traz seus vinhos para o Brasil

Proprietário de duas vinícolas na região do Douro, em Portugal, ele quer agora que nós conheçamos seus rótulos premiados


postado em 20/07/2022 22:32

O empresário Rubens Menin, que produz na região do Douro desde 2018:
O empresário Rubens Menin, que produz na região do Douro desde 2018: "Sou descendente de portugueses e o investimento é uma forma de valorizar minhas raízes." (foto: Divulgação)
Ele ergue casas e prédios com a sua MRV, maior construtora da América Latina. É dono de uma série de negócios que incluem galpões logísticos; um banco, o Inter; uma rede de TV, a CNN; e uma rádio, a Itatiaia. Mas o que poucos sabem é que o empresário mineiro Rubens Menin também tem um vinho, ou melhor, uma vinícola para chamar de sua. Sim, desde 2018, ele produz tintos, brancos e rosés na região do Douro, em Portugal. "Sempre estudo possibilidades, mas, como bom mineiro, trabalho em silêncio e só divulgo meus investimentos depois de concretizados", diz Rubens.

O vinho de estreia da vinícola, o Douro's New Legacy Reserva 2018: edição limitada de 3.625 garrafas levou a medalha de ouro na Beliner Wine Trophy, 2021 - Winter Edition(foto: Divulgação)
O vinho de estreia da vinícola, o Douro's New Legacy Reserva 2018: edição limitada de 3.625 garrafas levou a medalha de ouro na Beliner Wine Trophy, 2021 - Winter Edition (foto: Divulgação)
A Menin Wine Company (MWC) nasceu de um sonho antigo. Rubens sempre foi um admirador de bons vinhos, mas foi o também mineiro Cristiano Gomes que fez com que o dono da MRV entrasse de vez para o universo da viticultura. Cristiano trabalhou durante cinco anos como CFO (chief financial officcer) no Inter, onde permanece como membro do Conselho de Administração. Foi lá que, entre uma conversa e outra sobre investimentos e ações, ele começou a dividir com Rubens a ideia de produzir vinho. Essa vontade existia desde os anos 1980, quando Cristiano viveu três anos no Rio Grande do Sul, próximo a região de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, que concentra cerca de 85% da produção nacional da bebida. "Já em 2016, vivi alguns meses em Bordeaux, na França, onde fui conhecer o trabalho na região e fazer alguns cursos", lembra Cristiano.

Quando Cristiano resolveu se mudar para Portugal, o negócio deslanchou. À medida que as pesquisas avançavam, foi-se formando a tese de investimento. Escolheram o Douro, a mais antiga denominação de origem do mundo. Para se ter uma ideia, das 264 castas nativas portuguesas, 120 estão nessa região montanhosa. "O Douro produz vinhos de qualidade compatíveis com as melhores regiões do mundo, mas sua história, exceto pelo vinho do Porto, não lhe permitiu ainda o reconhecimento internacional de sua excelência", defende Rubens, para completar em seguida: "Por isso, há um enorme espaço de crescimento e valorização". Ainda há um outro motivo que fez com que ele fincasse sua bandeira em terras lusas. "Sou descendente de portugueses e o investimento no Douro é uma forma de valorizar minhas raízes."

O sócio Cristiano Gomes conta que uma das ideias é abrir as vinícolas para visitação e montar uma estrutura hoteleira:
O sócio Cristiano Gomes conta que uma das ideias é abrir as vinícolas para visitação e montar uma estrutura hoteleira: "Provavelmente, serão 30 quartos de alto padrão, focados em experiências vínicas ímpares" (foto: Divulgação)
Decidido o local, encontram a terra que abrigaria a Menin Douro Estates. Escolheram duas de cinco quintas de outro grupo produtor. Por ali, além das vinhas antigas, que não produziam desde 1999, uma casa do século XVII e uma capela do século XV compunham a paisagem. Foi um longo processo para recuperar as vinhas centenárias que estavam abandonadas e com muitas falhas. "Seria muito mais fácil arrancar tudo, mas não é isso que pretendemos. Queremos investir todos os esforços na preservação das vinhas velhas da região", explica Cristiano.

Com a consultoria de dois dos mais importantes enólogos portugueses, João Rosa Alves e Tiago Alves de Sousa, a Menin apostou suas fichas em produzir vinhos que representem o melhor do terroir do Douro. Deu certo. O vinho de estreia da vinícola, o Douro's New Legacy Reserva 2018 recebeu a medalha de ouro na Beliner Wine Trophy, 2021 - Winter Edition, maior competição de vinhos do mundo da International Organization of Vine and Wine (OIV). O evento aconteceu na Alemanha e reuniu cerca de 14 mil produtores e distribuidores de todo o mundo. Já o Menin Grande Reserva Tinto 2019 recebeu a medalha de Grande Ouro no 9º Concurso de Vinhos de Portugal. "Ter uma adega dentro da propriedade é fundamental. Eu consigo ter controle de tudo que se passa na vinha e na própria adega. Isso garante a possibilidade de colher e idealizar a bebida exatamente como desejamos", explica João.

Os enólogos portugueses João Rosa Alves e Tiago Alves de Sousa: missão de produzir vinhos que representem o melhor do terroir do Douro(foto: Divulgação)
Os enólogos portugueses João Rosa Alves e Tiago Alves de Sousa: missão de produzir vinhos que representem o melhor do terroir do Douro (foto: Divulgação)
Em 2021, ou seja, três anos após a compra dos 90 hectares de propriedade da Menin Douro Estate, Cristiano e Rubens Menin resolveram estender os braços e adquiriram os ativos da Horta Osório Wines. Para manter o legado e a tradição desenhado ao longo dos anos pela família Horta Osório, eles criaram a HO Wines. A segunda vinícola do grupo fica localizada na parte sul da região e conta com 55 hectares. "Aqui, conseguimos vinhos com traços marcantes do Douro: são intensos e encorpados. Já os da Menin Douro são mais finos e elegantes", explica João. Tiago lembra que, apesar de fazerem parte da mesma companhia, são duas marcas independentes. "São em microrregiões distintas, com trabalhos separados, o que gera bebidas únicas e originais", explica o enólogo.

Atualmente, a MWC tem 145 hectares de vinhas e produz 240 toneladas de uvas, o que garante cerca de 240 mil garrafas por ano. O investimento até o momento gira em torno de 30 milhões de euros. "Nosso objetivo até 2025 é chegar em 400 mil garrafas", diz João. Mas os planos dos donos vão além. Rubens pretende produzir, em uma década, 1,2 milhão de garrafas por ano. "Para direcionarmos os negócios para a excelência, com um centro de distribuição moderno, adega, fábrica tecnológica e espaço revitalizado, devemos investir mais 30 milhões de euros nos próximos anos", diz o empresário. Uma das ideias, inclusive, é abrir as vinícolas para visitação e montar uma estrutura hoteleira. "Estamos em fase de estudos de viabilidade econômica. Provavelmente, serão 30 quartos de alto padrão, focados em experiências vínicas ímpares", diz Cristiano.

Uma das vinícolas da Menin Wine Company: 145 hectares queproduzem 240 toneladas de uvas por ano(foto: Divulgação)
Uma das vinícolas da Menin Wine Company: 145 hectares queproduzem 240 toneladas de uvas por ano (foto: Divulgação)
Enquanto não dá para ir visitar a nova paixão – e negócio – de Rubens Menin in loco, o brasileiro já pode experimentar os vinhos produzidos por ele. A MWC vem participando de feiras e eventos para divulgar seus produtos por aqui. A intenção é de que 25% da produção seja destinada ao mercado nacional. O preço das garrafas para os revendedores varia de 170 a 1.599 reais. "Ver o que estamos construindo, com vinícolas com produção inovadora, sem deixar de lado a tradição, conseguindo fabricar vinhos premiados em tão pouco tempo é motivo de muito orgulho", diz Rubens que prefere não escolher entre branco, rosé ou tinto. "Depende da ocasião. Amo bons e grandes vinhos."

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade