Estado de Minas NEGÓCIOS

Mater Dei apresenta novo comando, formado pela terceira geração da família

Criada em 1980 pelo médico José Salvador Silva, a rede está sob nova direção


postado em 15/11/2023 01:09 / atualizado em 15/11/2023 01:11

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
No início dos anos 1990, o empresário José Salvador Silva, fundador da rede Mater Dei, estava em uma festa de um outro hospital mineiro quando presenciou uma cena que lhe rendeu uma preocupação e tanto sobre o futuro de seu próprio negócio. Em determinado momento, o proprietário do tal centro de saúde - cujo nome, Doutor Salvador não revela - chamou os parentes mais jovens e perguntou: "Meninada, quem quer trabalhar no hospital?". Salvador lembra que todos levantaram as mãos, e pulavam animados. Imediatamente, virou-se para sua mulher, a também médica ginecologista Norma, e decretou: "Não podemos deixar isso acontecer conosco". Pouco tempo depois, ele ingressou em um programa da Fundação Dom Cabral, o recém-criado Parceiros para Excelência (Paex), e ouviu que "somente 10% das empresas sobrevivem à terceira geração". Mais um alerta. Para garantir que o Mater Dei estaria nessa décima parte, elaborou um documento que estabelecia regras para a sucessão. "De maneira alguma, o que lutamos tanto para construir poderia se transformar em um cabide de emprego", afirma ele. O documento foi assinado por todos os membros da família.

Apesar da determinação inicial, nem em seus sonhos mais perfeitos, Doutor Salvador poderia imaginar um desfecho como o programado para ser anunciado no dia 1º de novembro. O que há mais de 25 anos era apenas um desejo de perenidade se transformou em um processo sucessório reconhecido como um dos mais bem sucedidos do país, não só no setor de saúde. Em 2011, ele passou o bastão para a segunda geração e assumiu a presidência do conselho administrativo. Seu filho Henrique (o primogênito) foi empossado como CEO e duas filhas, Márcia e Maria Norma, como vice-presidentes - Doutor Salvador e Norma têm mais um filho, Renato, que preferiu seguir carreira na engenharia. Agora, quem vai para a presidência do conselho é Henrique, e Márcia e Maria Norma assumem vice-presidências no board. Para seus lugares vão netos de Doutor Salvador. José Henrique Salvador será o novo CEO; Felipe Salvador Ligório e Renata Salvador Grande, respectivamente, vice-presidentes de assistência e comercial e de marketing. Lara Salvador Geo, que também irá assumir um posto de gestão em breve, está terminando seu MBA na Universidade de Nova York. Todos os outros diretores são profissionais de mercado.

O documento elaborado por José Salvador Silva, com o apoio da Fundação Dom Cabral, trazia regras claras para a sucessão. Entre as determinações estava a de que apenas um descendente de cada um de seus quatro filhos poderia ter cargo de direção na rede. Antes, teriam de fazer uma faculdade compatível com a área de negócios em que iriam atuar; trabalhar em algum outro hospital de mesmo porte ou superior ao Mater Dei; e fazer um MBA em alguma das principais escolas de negócios do mundo. "Desde muito cedo o Mater Dei deixou claro que para ser diretor da empresa não bastava ser da família", diz Henrique. "Exigimos um padrão de formação e preparo muito elevado. Não é nada fácil passar por todas essas etapas." O fato de os netos do Doutor Salvador ainda estarem no ensino fundamental quando as regras de sucessão foram definidas é visto como uma mostra de que elas não foram feitas para privilegiar nenhum familiar em especial. "Na época, nenhum de nós tinha capacidade crítica para avaliarmos como isso nos impactaria", afirma Renata. "E nosso avô sempre nos incentivou todos da mesma forma", diz Felipe. Aos 92 anos, Doutor Salvador vai ocupar o cargo de presidente honorário do conselho e Norma, presidente honorária do conselho de família.

A escolha dos quatro netos que comandarão o hospital (dentre os 10 existentes) foi feita sem conflitos. Cada núcleo familiar identificou quem teria interesse - e vocação - em seguir a carreira executiva. Uma condição era clara: a dedicação tinha de ser integral à gestão. "Não é porque assumimos essas posições que teremos vida fácil de agora em diante. Muito pelo contrário", diz Renata. "Se não estivermos performando, tenho certeza que podemos ser demitidos." Além da formação teórica e da experiência em outros hospitais, todos os novos executivos tiveram longa estrada dentro do Mater Dei, sempre acompanhados de perto pelos membros da segunda geração. "Eles nos colocavam à frente de negociações e situações que serviam para moldar nosso futuro", diz José Henrique. "Depois da minha experiência em São Paulo (ele passou pela rede de laboratórios Dasa e pelos hospitais Einstein e Sírio Libanês), na segunda semana aqui, me deram a tarefa de demitir um gestor que estava aqui há 10 anos e havia deixado de performar. Foi duro, mas uma grande oportunidade de, em um ambiente seguro, ser testa - do diante de um desafio." Segundo ele, experiências assim o prepararam para o movimento que está vivendo agora.

José Salvador Silva, fundador da rede Mater Dei, sobre os rumos da sucessão:
José Salvador Silva, fundador da rede Mater Dei, sobre os rumos da sucessão: "De maneira alguma, o que lutamos tanto para construir poderia se transformar em um cabide de emprego"  (foto: Dudua's Profeta/Divulgação)
Doutor Salvador costuma repetir que, na vida, é preciso sonhar. Quando criança, ele sonhava em se formar em medicina - até se aposentar, em 1996, aos 40 anos de profissão, realizou mais de 20 mil partos. Depois, sonhou em construir um hospital. Construiu muito mais, uma rede de saúde admirada Brasil afora. Mas qual a tática de José Salvador para envolver a família em seus sonhos? O neto José Henrique tem uma explicação: "Em suas palestras, nosso avô diz uma frase que simboliza seu método: ‘você só gosta daquilo que conhece’." Por isso, ele sempre procurou incluir filhos e netos nos momentos mais importantes da empresa. Quando comprou o terreno em que construiria a primeira unidade do Mater Dei, no Santo Agostinho, levou seu filho Henrique para participar do leilão. O rapaz acompanhou as obras e, em 1980, na inauguração, estava lá, ao lado do pai. Henrique, aliás, lembra que trabalhou no primeiro plantão do Mater Dei. Era 1º de junho de 1980, data da segunda partida da final do Campeonato Brasileiro entre o Galo (seu clube do coração e também de seu pai) e o Flamengo. "Todos os meus amigos foram para o Rio de Janeiro, acompanhar o jogo no Maracanã, mas eu tinha uma missão por aqui", conta. "Sempre tivemos muito claro que o Mater Dei era prioridade." Como se sabe, o time de Reinaldo, Palhinha, Toninho Cerezo, Eder e João Leite perdeu por 3 a 2 para o escrete rubro-negro e voltou para a capital mineira como vice-campeão.

Em 2010, antes do leilão para a compra do terreno da avenida do Contorno em que seria construída a segunda unidade, reuniu os filhos e os quatro netos que já estavam se preparando para assumir a gestão com o objetivo de ouvir a opinião de todos acerca da quantia que deveriam pagar. Na inauguração, todos estavam juntos novamente. Foi assim também na construção e inauguração da terceira unidade, localizada em Betim. Em 2021, mais uma oportunidade para primeira, segunda e terceira gerações passarem juntas por um momento crucial da rede: a abertura de capital na B3, a bolsa de valores brasileira. Só no IPO, a empresa levantou 1,4 bilhão de reais com a venda de 23% da empresa. Hoje, a família Salvador tem cerca de 72% do total de ações. Com a abertura da companhia, foi dado início a um forte movimento de expansão. Até então, a rede era formada por três unidades: Santo Agostinho, Contorno e Betim-Contagem. As divisas de Minas foram rompidas com a inauguração do Mater Dei Salvador, em maio de 2022. De lá para cá foram adquiridas outras seis operações: CDI Imagem, Santa Genoveva e Santa Clara, em Uberlândia; Emec, em Feira de Santana (BA); Premium, em Goiânia; e Porto Dias, em Belém; além de investir em uma empresa especializada em dados e inteligência artificial. Essas aquisições fizeram com que o faturamento da rede desse um salto e passasse de 1 bilhão de reais em 2021, para 1,76 bilhão em 2022. Para o ano que vem, está prevista a inauguração da unidade de Nova Lima, no prédio de 18 mil metros quadrados que abrigava o campus II das Faculdades Milton Campos, na esquina da Alameda Oscar Niemeyer com a Rua da Paisagem. Mas a expansão não deve parar por aí. "Estamos identificando oportunidades para levar os diferenciais da rede Mater Dei para outras praças. Nossa meta não é sermos os maiores, mas, com crescimento sustentável, continuarmos a ser os melhores", afirma José Henrique.

São raras as empresas brasileiras que planejam a sucessão com tamanha antecedência. Essa certamente é um dos motivos pelos quais a trajetória da rede Mater Dei vem sendo trilhada com tamanho sucesso. Afinal, vale para os negócios a mesma máxima bastante usada na medicina: prevenir é sempre melhor que remediar.

Henrique Salvador deixa o cargo de CEO para ocupar a presidência do conselho de administração:
Henrique Salvador deixa o cargo de CEO para ocupar a presidência do conselho de administração: "Desde muito cedo o Mater Dei deixou claro que para ser diretor da empresa não bastava ser da família. Exigimos um padrão de formação e preparo muito elevado" (foto: Pedro Vilela/Divulgação)
A previsão inicial era de que a nova geração assumiria o comando da rede no primeiro semestre de 2024. Mas a transição vinha correndo tão bem que todos os envolvidos optaram por antecipar a mudança. "Vimos que estava na hora de fechar um ciclo e abrir um novo, para benefício do negócio", diz Henrique Salvador. "A primeira regra de uma boa sucessão é, claro, que o sucessor tem de estar preparado. E eles estão. A segunda, é que o sucedido também precisa estar disposto a deixar as funções do dia a dia para oferecer o que tem de melhor, que é uma visão estratégica do negócio. E nós estamos." A limitação de membros da família em posições chaves é vista também como uma forma de mostrar ao mercado que a rede Mater Dei tem boas posições para profissionais que não contam com o sobrenome Salvador.

"A forma como o processo foi estruturado é muito importante na hora de captar diretores no mercado", afirma José Henrique. "Talvez, se não tivéssemos essa limitação, muita gente não viria para cá por achar que só alguém da família iria ascender na casa." Segundo Henrique, a empresa tem tido bastante sucesso em recrutar executivos que entendem o que é o modo Mater Dei de ser. "Nosso segredo de sucesso é termos familiares que trabalham como profissionais de mercado e profissionais que trabalham como se fossem da família", afirma. Uma fórmula capaz de fazer a empresa sobreviver a muitas gerações mais.

José Henrique Dias Salvador - 37 anos, CEO (filho de Henrique Salvador)
Formação: Graduação em administração pelo IBMEC. MBA na Universidade de Columbia, em Nova York. Programa de Gestão Avançada, Fundação Dom Cabral. Owner President Management pela Harvard Business School

(foto: Paulo Márcio/Encontro)
(foto: Paulo Márcio/Encontro)
Terceiro neto de José Salvador Silva, desde cedo José Henrique (cujo nome é uma junção dos nomes do pai e do avô) sabia que queria seguir no negócio da família. Ao contrário de muitos de seus parentes, a medicina não era algo que o motivava. Seu dom estava voltado para a parte de administração de empresas, com foco no planejamento, organização e gerenciamento das atividades que fazem uma instituição funcionar. No hospital, não é diferente. As operações incluem finanças, contabilidade, marketing, comercial e vários outros departamentos. "Meu propósito era trabalhar para que o ambiente, de modo geral, fosse favorável para que todos os setores funcionassem de forma eficiente", diz. A paixão pelo hospital e o gosto por fazenda herdou do pai e do avô, onde, ainda criança, aprendeu a andar a cavalo e a vivenciar a lida do campo. "É lá que gosto de me reunir com a família e os amigos para relaxar e arejar a cabeça." Apesar de não ser médico, está sempre a postos para as urgências do trabalho. Com a rotina puxada, acorda sempre cedo e às 5h30 da manhã já está de pé para praticar corrida e musculação. Às 7h30 inicia sua rotina no hospital. Casado e pai de três filhos - Lygia, de 4 anos, Sylvia, de 3, e Henrique, 1 ano e meio -, faz questão de estar com a família no café da manhã e no jantar. "Sempre que posso, também dou um pulo em casa para almoçar." A carreira no Mater Dei começou em 2006, quando iniciou como estagiário e, durante um ano e meio, percorreu  as principais áreas ligadas à administração e gestão para entender o funcionamento da empresa. Em 2008, transferiu a faculdade para São Paulo, já pensando em viabilizar outros estágios na área.

Trabalhou na DASA, uma das maiores empresas de diagnóstico da América Latina, na área de planejamento estratégico; no Hospital Sírio-Libanes, onde permaneceu por seis meses na área de qualidade e segurança, voltada para processos assistenciais; e no Hospital Israelita Albert Einstein, onde atuou por cerca de um ano no setor de planejamento estratégico e expansão.

Em 2010, retornou para o Mater Dei para assumir a posição de gerente administrativo. "Tive a experiência riquíssima de trabalhar com o doutor José Helvécio, diretor administrativo desde a fundação do hospital", diz. Em 2014 fez uma pausa no trabalho para ir a Nova York fazer o MBA. Retornou em 2015 e assumiu a direção comercial do Mater Dei. Um ano depois, foi convidado para ser o diretor geral da unidade da Contorno, onde permaneceu até 2020, quando assumiu a diretoria de operação de toda a rede.

Renata Salvador Grande - Vice-presidente comercial e de marketing (filha de Renato Salvador)
Formação: Graduada em direito pela Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. MBA em Administração e Master em Marketing Advanced Certificate for Executives no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)

(foto: Paulo Márcio/Encontro)
(foto: Paulo Márcio/Encontro)
Triatleta (já completou dois Ironman 70.3), ela acorda às 4h30 da madrugada, pratica corrida, natação e ainda pedala. Para ter energia e dar conta das múltiplas tarefas, Renata não economiza esforços. Disciplinada, consegue conciliar o tempo para tomar café da manhã e jantar com o marido, Daniel, e os filhos Maria, de 7 anos, e João Pedro, de 3. A certeza de trabalhar no negócio da família veio só mais tarde, quando já tinha 18 anos. "O meu avô sempre pediu aos netos que lessem um livro e falassem sobre o tema no dia de seu aniversário, diante de toda a família. Em uma dessas ocasiões, eu acabei ficando nervosa e travei, não conseguia falar", lembra ela. Foi quando doutor Salvador a convidou para passar um tempo no hospital e desenvolver suas habilidades. Na época, ela cursava administração de manhã, trabalhava no Tribunal de Justiça à tarde e ainda fazia faculdade de direito à noite. "Fui passar as férias no Mater Dei e acabei descobrindo que era aquilo que eu queria para minha vida". Começou como estagiária no setor de compras, passou para o setor de custos estratégicos, cuidando da parte financeira do hospital, e depois para a auditoria de processos. "Queria entender como tudo aquilo funcionava". Em 2010, casou e foi morar em São Paulo, já com o objetivo de seguir no processo sucessório. Trabalhou por quase quatro anos no HCor. "Comecei na área de analista de custos e depois fui para a área comercial." De volta a BH, assumiu o cargo de gerente administrativa do Mater Dei por três anos, quando o primo José Henrique foi cursar seu MBA em Nova York.

Quando sua primeira filha, Maria, contava com 1 ano e meio, em 2017, uma mudança radical: foi para os Estados Unidos para fazer MBA em administração. "Fomos só eu, ela e meu marido. Um período bem difícil, longe do suporte familiar que tínhamos aqui." Lá permaneceu por dois anos e aproveitou para fazer também o curso de Master em Marketing Advanced Certificate for Executives no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Em 2019, retornou ao Brasil e assumiu a diretoria comercial do hospital. Um ano depois, nasceu João Pedro, em pleno processo de abertura de capital da empresa. "Meus filhos são tudo para mim. Doutor Salvador diz que eu tenho de ter o terceiro e que, se não tiver, vou me arrepender. Mas eu digo: ‘Já tenho três, a Maria, o João e o Mater Dei. E o terceiro dá muito trabalho."

Felipe Salvador Ligório - 35 anos, vice-presidente asistencial (filho de Maria Norma)
Formação: Graduação em medicina pela UNI-BH, pós graduação em Gestão de Negócios em Saúde pela Unisinos (Porto Alegre), MBA na London Business School, Summer Job na International Consortium for Health Outcomes Measurement, em Boston (EUA)

(foto: Samuel Gê/Divulgação)
(foto: Samuel Gê/Divulgação)
Estudante de medicina, Felipe teve sua experiência profissional no Mater Dei em 2009, como estagiário. Passou pelo centro de terapia intensiva (CTI), pelo centro cirúrgico e pelas unidades de internação, diagnóstico, radiologia e de imagem. No final da graduação, outro estágio, agora na parte de gestão, ampliou ainda mais sua visão de negócio. "Foi nesse período que realmente decidi seguir carreira na área de gestão hospitalar", conta. Para ir adiante dentro do Mater Dei, precisaria primeiro buscar mais conhecimento fora. Em 2012 mudou-se para Porto Alegre (RS) onde teve a oportunidade de trabalhar no Hospital Mãe de Deus. "Lá passei pelos setores de gestão, comercial, faturamento e de suprimentos. Conheci um pouco mais as interfaces de um hospital", diz. No mesmo período, fez pós-graduação em Gestão de Negócios em Saúde, na Unisinos. De volta a Belo Horizonte, em 2015, já se sentia preparado para assumir como gerente médico na diretoria técnica, tornando-se responsável por toda a gestão assistencial e de relacionamento com o corpo clínico. As idas e vindas não pararam por aí. Um ano depois, rumou para Londres, onde permaneceu por dois anos, para fazer MBA na London Business School. Pouco depois, fez um ‘summer job’ na International Consortium for Health Outcomes Measurement (ICHOM). "Lá me aprofundei no conceito do que realmente importa para o paciente, para além da assistência médica. O paciente precisa estar ciente das alternativas, dos possíveis desfechos e participar de todo o processo de um tratamento." Em 2018 retornou mais uma vez à capital mineira, agora como diretor técnico da rede. Casado e sem filhos, em 2020 deu mais um passo, assumindo como diretor-médico. "Faz parte do meu guarda-chuva responder assistencialmente pelo relacionamento médico em todas as unidades da rede."

Lara Salvador Geo - 30 anos, retorna ao Brasil no primeiro semestre de 2024, para assumir a área de inovação do Mater Dei (filha de Márcia Salvador)
Formação: Graduação em medicina na PUC Minas, fez cursos na Harvard Summer School e atualmente cursa  MBA na Universidade de Nova York

(foto: Pedro Vilela/Divulgação)
(foto: Pedro Vilela/Divulgação)
Desde pequena, quando visitava a mãe, a ginecologista Márcia Salvador Geo, no hospital, Lara já mostrava interesse pelo negócio da família. Queria seguir os passos da mãe. "Era algo que me fazia brilhar os olhos", diz ela. O tempo foi passando e uma pequena mudança de percurso fez com que seus planos fossem alterados. "No oitavo período de medicina, eu tive uma aula sobre gestão em saúde e achei aquilo fascinante." Desde então, a família perdeu uma obstetra, mas ganhou reforço na parte de inovação. Interessada pela logística do hospital, Lara, que se formou em medicina em 2009, resolveu estudar mais o negócio de saúde. Trabalhou por quase dois anos como assessora técnica da diretoria e gerente médica do Mater Dei. Conforme dita a cartilha da família e seguindo os passos dos primos mais velhos, em 2020 foi buscar conhecimento fora e atuou por dois anos na área de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Em 2022, iniciou o MBA na Universidade de Nova York, com subespecialização em assistência médica, estratégia e liderança. A previsão de término é em maio de 2024. Em junho deste ano, trabalhou na Mayo Clinic, referência em inovação na área de saúde nos Estados Unidos.

Para Lara, o hospital é como se fosse uma cidade, composto por vários departamentos e processos. "Eu sabia que seguir no negócio da família exigiria mais comprometimento e que não seria fácil, mas é o que me motiva. Hoje não consigo me imaginar na ginecologia", diz ela. Ao final do MBA, ela retorna ao Mater Dei, para assumir a área de inovação. "Nosso objetivo é melhorar a jornada e experiência do paciente dentro do hospital." Recém-casada, tenta conciliar os estudos com a vida pessoal, sem nunca se esquecer da importância do lazer e do esporte. No Brasil, era praticante assídua de tênis. Já nos Estados Unidos, pratica pilates quatro vezes por semana e boxe, três. Como hobby, adora viajar e frequentar bons restaurantes. Disposição que herdou do pai, dono de uma empresa de turismo. "Já estive em mais de 30 países e adoro conhecer culturas e gastronomias diferentes". Quando perguntada qual seria sua máxima, lança mão de uma das frases do avô, para quem para se ter sucesso é preciso de três coisas: trabalho, trabalho e trabalho.

Alguns dos prédios da rede Mater Dei (da esq. para a dir. ,de cima para baixo): a unidade Santo Agostinho, pioneira, inaugurada em 1980; o edifício da Avenida do Contorno, que marcou a primeira expansão da rede, em 2014; o Mater Dei Betim-Contagem, aberto em 2019; e o Mater Dei Salvador, primeiro fora das divisas de Minas, de 2022(foto: Divulgação)
Alguns dos prédios da rede Mater Dei (da esq. para a dir. ,de cima para baixo): a unidade Santo Agostinho, pioneira, inaugurada em 1980; o edifício da Avenida do Contorno, que marcou a primeira expansão da rede, em 2014; o Mater Dei Betim-Contagem, aberto em 2019; e o Mater Dei Salvador, primeiro fora das divisas de Minas, de 2022 (foto: Divulgação)
Alguns números da Rede Mater Dei

  • Centros de saúde: 10 (o 11º, em Nova Lima, será inaugurado em 2024)

  • Colaboradores: 10 mil

  • Médicos cadastrados: 10 mil

  • Leitos: 2,5 mil

  • Faturamento em 2022: 1,76 bilhão de reais (aumento de 76% em relação a 2021)

As mudanças na gestão da rede

  • 1980: Fundada a unidade Santo Agostinho, por José Salvador Silva

  • 2011: Doutor Salvador deixa a presidência executiva do Mater Dei e vai para a presidência do recém-criado conselho de administração. Henrique assume como CEO e suas irmãs Maria Norma e Márcia, como vice-presidentes.

  • 2023: Henrique vai para a presidência do conselho de administração. Maria Norma e Márcia, para a vice-presidência. No comando da rede assume a terceira geração da família Salvador: José Henrique (CEO), Renata (vice-presidente comercial e de marketing) e Felipe (vice-presidente assistencial). Lara, que está terminando seu MBA na Universidade de Nova York, chega no primeiro semestre de 2024 e irá cuidar da área de inovação

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