
Desde então, o crescimento tem sido constante, acompanhando o avanço das tecnologias médicas e a confiança cada vez maior de profissionais e pacientes. A cirurgia robótica permite que o cirurgião conduza o procedimento por meio de um console equipado com joysticks e visão tridimensional, oferecendo uma imagem ampliada e em alta definição do interior do corpo do paciente, o que garante movimentos extremamente precisos. Os braços robóticos reproduzem, com fidelidade e estabilidade, cada gesto do especialista, proporcionando articulações finas, ampla liberdade de movimento e eliminação de tremores. “Entre os principais benefícios estão o menor tempo de internação, a recuperação mais rápida, maior segurança e a redução do risco de infecção”, explica Aline Campos Magalhães, diretora-geral do Instituto Biocor, hospital da Rede D’Or.
Desde maio deste ano, a instituição passou a contar com o auxílio do Robô Da Vinci X e, em apenas cinco meses de uso, mais de 200 procedimentos já foram realizados com o equipamento, número que continua crescendo a cada mês. “Hoje, já estamos fazendo cerca de 50 cirurgias mensais. Apesar do pouco tempo desde a implantação, temos um volume muito bom e resultados muito positivos”, destaca a diretora. Em pouco mais de 15 anos, o uso da cirurgia robótica consolidou-se e o Brasil passou a ser o maior mercado da América Latina nessa área, segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC). Hoje, o país conta com cerca de 200 plataformas instaladas, em uma expansão que ultrapassa o eixo Rio–São Paulo e alcança centros hospitalares de diferentes regiões.

Para os especialistas, os benefícios superam os obstáculos. A cirurgia robótica pode ser aplicada tanto no tratamento de doenças benignas quanto malignas, abrangendo diferentes níveis de complexidade. Embora as áreas de urologia e oncologia ainda liderem o uso da tecnologia, ela já vem sendo incorporada também em procedimentos ginecológicos e até em cirurgias de cabeça e pescoço. “A urologia é a área com mais experiência no uso da robótica, mas outras especialidades estão se beneficiando cada vez mais da precisão que ela oferece”, ressalta o urologista Lucas Nogueira. O especialista relata que quando um paciente recebe um diagnóstico urológico que exige cirurgia, como câncer de próstata, rim ou bexiga, o medo e a incerteza são naturais. “Uma das minhas maiores satisfações como urologista é poder explicar que a cirurgia robótica mudou esse cenário.” Isso porque a robótica, de fato, proporciona mais precisão e menores índices de complicações.
“Testemunhei muitas evoluções na urologia ao longo da minha vida profissional, mas acredito que nenhuma foi tão transformadora quanto a cirurgia robótica. Hoje, não imagino minha prática cirúrgica sem ela”, diz o urologista.
Para operar um robô cirúrgico, é necessário passar por uma formação especializada. “Não é simplesmente o médico querer e começar a operar. É preciso realizar um treinamento completo, aprender a manusear o equipamento, cumprir um número mínimo de cirurgias sob supervisão de um preceptor e, só então, estar apto a atuar de forma independente”, explica a diretora Aline Campos Magalhães. O processo de capacitação leva cerca de seis meses. A Rede D’Or, por exemplo, oferece essa formação por meio do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. O investimento em robótica, segundo a diretora, vai muito além do retorno
financeiro. “Esse é um investimento que se paga de várias formas.

A executiva destaca ainda que, atualmente, dos equipamentos robóticos no Brasil, mais de 30 pertencem à Rede D’Or. “Sem dúvidas, a tecnologia nos permite vislumbrar um futuro da saúde mais humanizado, eficiente e acessível.”