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Estado de Minas GESTAÇÃO

Estudo associa dengue à malformação do bebê

Grávidas com a doença têm 50% mais chance de gerar filho com anomalia


postado em 25/10/2018 08:14 / atualizado em 25/10/2018 16:00

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

A infecção causada pelo vírus da dengue durante a gravidez aumenta em cerca de 50% o risco de anomalias neurológicas nos recém-nascidos, bem como de outras malformações congênitas no cérebro. Isso foi comprovado por um estudo publicado na edição de setembro da revista científica Emerging Infectious Diseases, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention), do governo dos Estados Unidos.

Na pesquisa, cientistas brasileiros encontraram uma associação entre grávidas com a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e anomalias congênitas no cérebro de bebês, sugerindo que os flavivírus, o mesmo gênero do causador da zika e da febre amarela, está associado a essas malformações.

Segundo a epidemiologista Enny Paixão, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), principal autora do estudo, até então não havia evidência de malformações congênitas em humanos associada ao flavivírus, embora complicações pós-natais já tenham sido descritas.

O estudo utilizou dados de nascidos vivos e de suas mães, de 2006 a 2012, no Brasil, ou seja, antes da epidemia do zika vírus, que teve seu auge entre 2015 e 2016. Estes dados foram relacionados aos casos de mães de nascidos vivos com registros de notificação de dengue durante a gravidez.

Dos 16.103.312 nascidos vivos, as anomalias congênitas neurológicas foram raras, presentes em 13.634 deles (0,08%). No entanto, entre as mulheres que tiveram a confirmação da dengue durante a gravidez, os casos de anomalia neurológica congênita foram 50% maiores. Em cerca de metade destes casos, os sintomas da dengue ocorreram no primeiro trimestre da gravidez.

Os defeitos congênitos neurológicos foram divididos em categorias, incluindo microcefalia, mas dois outros tipos de anomalias congênitas neurológicas foram quatro vezes mais frequentes: malformações congênitas da medula espinhal e do cérebro.

O padrão de anomalias descritas tem semelhanças com o da Síndrome Congênita do Zika, afirmam os pesquisadores, que fizeram esta verificação por meio da comparação com imagens cerebrais e autópsias de bebês com zika e outras doenças infecciosas.

Ainda assim, a pesquisa recente possui limitações, segundo os cientistas, como, por exemplo, o fato de nem todos os casos serem testados depois que a causa é estabelecida. Vale lembrar que a dengue, no Brasil, é notificada quanto à presença de critérios clínicos, confirmação laboratorial ou ambos. No entanto, somente 30% das infecções notificadas são confirmadas laboratorialmente.

Na conclusão, embora a associação de dengue sintomática durante a gravidez e anomalias congênitas do cérebro no bebê não sejam tão altas quanto à ligação com a zika, os achados abrem a possibilidade deste e de outros flavivírus causarem malformações congênitas.

A recomendação dos pesquisadores é que, a partir de agora, haja uma observação cuidadosa e o registro da infecção por dengue ao longo do pré-natal, bem como investigação completa de nascidos vivos com malformações neurológicas.

(com Agência Fiocruz)

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