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Estado de Minas BEM-ESTAR

Perda da audição pode gerar até transtorno mental

Diagnóstico deve ser rápido para evitar danos irreparáveis


postado em 11/10/2018 15:40 / atualizado em 11/10/2018 14:57

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

É normal que após os 40 anos as pessoas sintam algum grau de perda de audição, devido ao envelhecimento natural do corpo. No entanto, nem todas dão à saúde auditiva a mesma atenção que dedicam ao resto do organismo. O problema é ainda mais sério porque a deficiência auditiva não tratada pode acarretar numa série de doenças, inclusive mentais, como a demência, por exemplo. Segundo um estudo recente realizado na Austrália, homens idosos com dificuldade auditiva tiveram 69% mais chance de ter demência do que aqueles que tinham audição normal.

De acordo com a otorrinolaringologista Mara Gândara, do Hospital das Clínicas da USP, quando alguém perde a audição, deixa de receber vários estímulos, como voz, sons do ambiente, barulho do vento e de passos, por exemplo. Com isso, o cérebro passa a funcionar com essa privação, o que pode desenvolver ou agravar algum tipo de demência. "Os estudos comprovam que a perda auditiva acelera esse processo. Portanto, deve ser diagnosticada e tratada o quanto antes para evitar 'adiantar' o surgimento de um transtorno cognitivo", alerta a médica.

Na opinião da otorrinolaringologista, as pessoas, principalmente os jovens, não valorizam a audição e se expõem a todo tipo de risco auditivo, como uso de fone de ouvido e ruídos ambientais. Por outro lado, ela afirma que os idosos têm certo preconceito em assumir a perda auditiva. Para eles, usar um aparelho auditivo os tornará mais velhos do que realmente são. Segundo Mara Gândara, há uma perda de tempo muito grande para diagnosticar e recorrer à ajuda. Isso porque as pessoas vão no médico por um sintoma que incomoda, e a surdez não incomoda o paciente, mas sim quem está ao redor dele. Até aquilo passar a incomodar a pessoa com perda auditiva, o prazo para o devido tratamento já pode ter se encerrado e a recuperação da habilidade auditiva não se dá de forma adequada.

A especialista explica que algumas doenças, como pressão alta, diabete e alterações hormonais, levam à menor oxigenação da orelha, o que afeta e agrava a perda auditiva. "É possível recuperar um pouco da habilidade auditiva se não aconteceu uma perda muito grande, mas o nível de audição, das lesões que aconteceram nas células auditivas, é irreversível. Além disso, o aparelho auditivo não impede a evolução da doença, pois é como um óculos para quem tem alguma deficiência visual. É necessário fazer o acompanhamento com o otorrinolaringologista para ver se a perda aumentou", comenta Mara Gândara.

A médica orienta que as pessoas façam audiometria a partir de 50 anos, principalmente se tiver histórico familiar de perda da audição.

(com Jornal da USP)

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