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Estado de Minas SAúDE

Uso de complexos vitamínicos e mineirais realmente funciona?

Cada vez mais somos bombardeados por propagandas desses suplementos, que prometem ajudar na saúde, dar energia e até prevenir doenças. Saiba o que os especialistas acham do consumo desses produtos, vendidos sem prescrição médica


postado em 17/06/2014 10:33 / atualizado em 18/06/2014 16:14

Tomar vitamina C para prevenir gripe ou consumir diariamente polivitamínicos – como o famoso "de A a Z" – para compensar a má alimentação, como desculpa de uma rotina de vida estressante. O bombardeio de propagandas que induzem ao consumo de suplementos nutricionais, sem prescrição médica, promete resolver quase todos os problemas de uma pessoa. Mas será que realmente funcionam?

"Do ponto de vista médico, quem tem a alimentação balanceada não precisa dessa reposição vitamínica, até por que pode acabar consumindo em excesso. Toda medicação possui efeito colateral, algumas mais outras menos", explica Lincoln Cordeiro da Mata, gastroenterologista do Hospital das Clínicas. Ainda segundo o especialista, a ingestão de polivitamínicos, feita por conta própria, serve mais como um "alívio" na consciência de quem acredita não estar se alimentando direito. Essa premissa é muito usada pela indústria farmacêutica. Uma tendência inspirada no bem sucedido mercado norte-americano, que fatura, em média, US$ 34 bilhões por ano com a venda de complexos vitamínicos e minerais. As grandes marcas desses produtos, vendidas no mercado brasileiro, são provenientes dos Estado Unidos.

Para se ter uma ideia da popularidade das vitaminas e de outros produtos que prometem suplementar a alimentação, o professor de pediatria da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, Paul A. Offit, escreveu o livro Do You Believe in Magic?: The Sense and Nonsense of Alternative Medicine (Você acredita em mágica? Noção e falta de noção da medicina alternativa, em tradução livre). Na obra, ele mostra que dos 51 mil suplementos vendidos nos EUA, apenas quatro tiveram benefícios comprovados: omega-3, que reduz o risco de doenças cardiovasculares;  cálcio e vitamina D, que ajudam a prevenir osteoporose, principalmente para mulheres após a menopausa; e  ácido fólico, que, se consumido na gravidez, ajuda a prevenir defeitos no desenvolvimento no feto.

De acordo com a assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF/MG), Danyella Domingues, o brasileiro tem consumido mais vitaminas. "Com o aumento da escolaridade, a população passou a monitorar mais a própria saúde", explica. A especialista acredita que o consumo de vitaminas não faz mal, mas reconhece que o exagero pode causar hipervitaminose, chegando a sobrecarregar os rins ou o fígado. "É importante consultar o farmacêutico, pois ele pode saber se a pessoa está simplesmente querendo complementar a alimentação, ou se realmente está com algum sintoma de doença e, assim, orientá-lo a procurar um médico", diz.

Ainda segundo a farmacêutica, os próprios médicos estão indicando mais o uso desses suplementos: "A vitamina D, por exemplo, é uma das mais indicadas pelos profissionais da Medicina. Eles estão preocupados com a complementação de nutrientes dos pacientes, e, assim, estão receitando os produtos", conta. A prevenção de osteoporose é um dos principais motivos para a recomendação do consumo de nutrientes pelos médicos. Mas o gastroenterologista Lincoln Cordeiro da Mata lembra que a orientação tem que ser feita baseada na alimentação e no estilo de vida do paciente.

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