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Estado de Minas CIÊNCIA

Cientistas acham urnas funerárias de 500 anos na Amazônia

É inédita a descoberta desse tipo de material intacto


postado em 03/09/2018 07:59 / atualizado em 03/09/2018 08:22

Um grupo de cientistas descobriu, pela primeira vez na história, urnas funerárias intactas datadas de 500 anos e que estavam na região da Amazônia brasileira(foto: Instituto Mamirauá/Divulgação)
Um grupo de cientistas descobriu, pela primeira vez na história, urnas funerárias intactas datadas de 500 anos e que estavam na região da Amazônia brasileira (foto: Instituto Mamirauá/Divulgação)
Um trabalho realizado por mais de 20 pesquisadores, entre antropólogos, biólogos, educadores e arqueólogos, pertencentes ao Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), à Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), à Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e à Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona, descobriram um conjunto de urnas funerárias de antigas tribos indígenas que viveram na Amazônia.

A descoberta do material intacto, enterrado há cerca de 500 anos, é inédita na região. Arqueólogos e pesquisadores encontraram os nove grandes vasos na comunidade Tauary, que fica na cidade de Tefé (AM). Agora, o achado, que foi feito em julho e divulgado no final de agosto, contribuirá com as pesquisas sobre a história da sociedade que ocupou essa parte da floresta.

O costume de decorar cerâmicas com pinturas coloridas faz parte da Tradição Polícroma da Amazônia, que se estende por um eixo horizontal desde a Cordilheira dos Andes até o rio Amazonas, no Brasil. Estima-se que os povos que utilizavam a técnica viveram na região entre 600 a.C. até o início de 1.500 d.C., quando os europeus começaram a explorar a floresta.
(foto: Instituto Mamirauá/Divulgação)
(foto: Instituto Mamirauá/Divulgação)

De acordo com cientistas do Instituto Mamirauá, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que organizou a expedição, outras seis urnas funerárias haviam sido encontradas no local em 2013, de modo separado. Elas são comuns na parte brasileira da floresta. "Mas os pesquisadores costumam recebê-las da mão de moradores do local, que de fato encontram os artefatos e os retiram da terra. Agora, escavar e encontrar uma cova com as urnas dessa cultura, do jeito que estavam, e realizar todo o registro científico, é algo inédito", explica o arqueólogo Eduardo Kazuo.

Os objetos encontrados mantêm um padrão da sociedade que vivia ali. Nas tampas das urnas foram desenhadas cabeças humanas, e nos vasos é feita a representação dos corpos. Com o diagnóstico e as anotações, será possível entender melhor como vivia a sociedade.

"O interessante é que nenhum desses rostos estava 'olhando' para outro. Se uma urna foi enterrada com o rosto para cima, a urna ao lado dela estava 'olhando' para baixo, e a seguinte estava enterrada de lado. É como se elas não quisessem olhar uma para a outra. As urnas seguiam uma ordem, claramente elas foram enterradas daquele jeito e foi intencional", conta Kazuo.

(com Agência Brasil e Instituto Mamirauá)

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